Capítulo 26

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Dulce María

Christopher parou em frente ao seu prédio e por alguns segundos eu evitei soltá-lo, mas o fiz antes que pudesse ficar estranho demais.

Ele me ajudou a descer da moto e nós entramos, mas ele recuou antes de abrir a porta de seu apartamento.

— Martín é um amor! Ele é tímido de início, mas é só o jeitinho dele por quase não sair de casa. — ele suspirou triste. — Não o questione sobre nossos pais, por favor. Para ele as coisas ainda são um pouquinho confusas, mas de resto, se prepare para o questionário que ele vai mandar. — Christopher sorriu sincero e eu retribui.

— Sim senhor. — bati continência brincando. — Crianças são meu forte. — ele assentiu sorrindo enquanto abria a porta.

Assim que entramos em seu apartamento, os brinquedos espalhados pela sala tinham duplicado, uma cabeça loirinha levantou o olhar e encarou Christopher sorrindo, mas seu olhar encontrou o meu e a confusão dominou a feição do pequeno. Ao seu lado havia uma moça loira também, muito bonita, e ali minha cabeça deu um nó.

Christopher havia me trazido para falar que tinha uma namorada e apresentar seu irmão por quê? E mesmo se não fosse uma namorada, poderia ser uma amiga com benefícios e isso não faria sentido, mas Christopher interrompeu minhas paranóias.

— Martín. — Christopher abaixou e abriu o braço.

O menino levantou rápido e correu em direção ao irmão para um abraço. Meu coração aqueceu com essa cena.

— Você não vai estudar? — ele perguntou sendo esmagado no abraço.

— Hoje não, temos uma visita. — Christopher falou soltando Martin.

— Oi, Martin! Eu sou a Dulce. — disse divertida esticando minha mão para cumprimentá-lo formalmente.

— Oi. — ele disse meio tímido pegando minha mão. — Você é a namorada do meu irmão? Porque eu nunca  vi ele com uma namorada. — Martín disparou como se estivesse me estudando, olhando para cada detalhe em mim.

Se Martín nunca viu Christopher com uma namorada, quem era aquela loira?

— Martín, por favor! — a loira disse. — Olá, sou Allie! A babá, vizinha e amiga do Christopher. — disse esticando a mão para mim.

— Olá, sou Dulce! Amiga do Christopher. — a cumprimentei e pisquei para Martín que fez beicinho.

— Você é bonita demais para namorar meu irmão mesmo. — ele cruzou os braços e deu de ombros.

— Muito obrigado, baixinho! — Christopher falou e bagunçou os cachos loiros do irmão. — Allie, obrigado por mais essa! Hoje eu assumo cedo com ele.

— Estou no apartamento do lado, Christopher. — ela sorriu receptiva. — E você, Martín, não assuste Dulce. — Allie falou abaixando para se despedir do menino e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. — Foi um prazer, Dulce. — Acenei com a cabeça.

Depois que a Allie saiu, Christopher me encarou.

— Bom, Dulce, vou te dar uma missão muito importante. — arqueei a sobrancelha aguardando ele continuar. — Enquanto eu cozinho, você dá conta de cuidar dessa fera? — Christopher disse divertido.

— Acho que nós conseguimos, não é? — Olhei para Martín que concordou com a cabeça.

— Ótimo! Já volto.

Assim que Christopher saiu, tentei imaginar Martín sendo tímido, mas tudo fez um pouco mais de sentido quando ele se sentou para brincar. Ele pegou seus carrinhos de forma silenciosa e começou a movimentá-los de um lado para o outro. Eu observei Martín por alguns minutos e em nenhum momento ele tentou interagir comigo ou me chamou para brincar e aquilo me incomodou um pouco.

— Ei, Martín. — ele não se moveu apenas levantou o olhar. — Posso brincar com você? — ele concordou com a cabeça. — Do que vamos brincar? — ele deu de ombros. — Poxa, Martín! Acho que é melhor você comandar, faz um tempão que eu não brinco. — ele suspirou.

— Não sei brincar com meninas. — ele disse torcendo o nariz e eu ri.
— Entendo. Você não brinca com a Allie? — ele meneou a cabeça.

— Sim, mas ela não é qualquer menina. — senti meu coração sair pela boca. — Ela é minha irmã mais velha, então brinca de qualquer coisa. — o alívio naquela frase me dominou.

— Justo. E do que você brinca com Christopher?

— De carrinho. Às vezes, de luta... — a carinha de pensativo dele era a coisa mais linda desse mundo. — Às vezes, ele  me coloca pra correr.

— Ok! Vamos brincar de carrinho então, tudo bem? — ele concordou.

Martin me entregou um carrinho em absoluto silêncio e não me explicou como faríamos. A reação não era de uma criança tímida, e sim, só não era tagarela como todas as outras.

Extraño-TeOnde histórias criam vida. Descubra agora