Capítulo 6

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Dulce María

Respirei fundo e procurei o número do estagiário no meu celular. Apertei para discar e chamou, chamou, chamou até cair e ele não me atendeu.

— Christopher. Alexander. Luís. Casillas. von. Uckermann. — disse pausadamente. — Acho bom você atender essa merda de celular. Caso contrário, amanhã eu vou decapitar você! — eu estava parecendo uma louca gritando pelo meu apartamento sozinha.

Tentei mais uma vez e nada! Dormir depois disso foi quase impossível. A bronca que eu ia tomar do Dr. Gutiérrez pela manhã seria, basicamente, três vezes pior que a do telefone.

No dia seguinte, levantei meia hora antes do despertador, tomei banho, passei maquiagem e arrumei meu cabelo. Eu precisava tentar disfarçar o máximo possível a tragédia noturna que ficou marcada na minha cara.

Chegando no escritório, encontrei um bilhete do Dr. Gutiérrez em minha mesa e duas pilhas de processos ainda maiores que a de ontem. Eu tremi.

"Entregue ao estagiário. 

Preciso que arquive tudo e que revise novamente. 

Espero que você seja firme e de preferência supervisione o trabalho dele desta vez. 

Caso contrário, os dois estarão na reta."

— Ok! Agora é oficial. Virei babá de verdade. — sussurrei.

Tentei seguir com as minhas atividades tranquilamente, mas não consegui deixar de pensar completamente no que Christopher havia feito comigo. Quando ele chegou no horário do almoço, passou pela minha mesa sem nem olhar para mim e foi para o seu canto. Esperei ele sentar e me aproximei.

— Precisamos conversar. — falei rispidamente e ele me encarou.

— Olá, senhorita! Boa tarde para você também. — ele retrucou.

— Que merda é essa que você está fazendo? Saindo a porra da noite toda e vindo trabalhar podre? Tá achando que pode encher a cara, se divertir e fazer o seu trabalho pela metade? — eu desembestei a falar mantendo o volume da minha voz relativamente baixo para não chamar atenção dos outros funcionários e ele me encarou confuso. — Ontem a noite o Dr. Gutiérrez me ligou surtando porque você! — apontei para ele. — Isso mesmo, você! Não fez o seu trabalho! Era só revisar os processos, Christopher! Que merda! — ele riu pelo nariz.

— Você brava fica lindíssima, ruiva! — eu cruzei meus braços na altura do peito e o encarei. — Acho que vou te provocar mais vezes, quem sabe você não sai uma noite dessas para se divertir comigo, não é mesmo? Seria um tanto... interessante. — Christopher mediu meu corpo e sorriu maldoso.

— Um, não sou qualquer uma que você encontra por aí. Dois, eu tenho um namorado que me diverte muito. — sua cara mudou para decepção — Três, eu estou aqui para fazer o meu trabalho e não para ficar de papinho com o estagiário. — ele se ajeitou na cadeira e cruzou os braços. — Espero você em minha mesa para o trabalho de hoje, que não é pouco. — dei as costas e voltei para o meu lugar, enquanto Christopher murmurou algo inaudível. — Moleque! — me joguei em minha cadeira.

Extraño-TeOnde histórias criam vida. Descubra agora