25_Deus me defenderá!

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Se a um mês atrás uma pessoa me dissesse que alguém ia me mandar bilhetes anônimos e românticos, eu soltaria uma gargalhada e sairia correndo.

A situação já havia mudado. Agora existia uma pessoa que me mandava bilhetes e eu não sabia quem era.

Dois bilhetes. Todos dois foram românticos e eu não sabia se achava aquela situação fofa ou estranha.

Guardei o papel lá, tentando não pensar em mil estratégias para que aquele mistério acabasse e fosse revelado.

Alguém bateu na porta. Calcei as minhas havaianas e caminhei até a porta, com a esperança de que fosse Michelly, querendo o meu perdão.

Quando abri, quem eu vi foi Ana. A mesma trazia na mão um copo de suco.

- Ana? - Perguntei, olhando para ela com a sobrancelha arquiada.

- Toma este suco. A dona Rebeca que mandou! - peguei o copo da mão dela, não querendo tomar aquilo.- Calma, é só para a senhorita não ficar com tanta fome. - ela disse e suspirou.

- E por que? - Perguntei, dando de ombros.

- Vai vim duas pessoas pra almoçar aqui com a gente hoje. Por isso, o almoço está um pouco atrasado. Sei que a senhorita está com fome!

- Tô sim.- sorri olhando pra ela. Ana me conhecia muito bem mesmo.- Eu não ia tomar esse suco. Vai que tinha veneno ou então um sonífero! - gargalhei.

Ana olhou pra mim com a sobrancelha arquiada. Acho que ela pensou se eu era mesmo uma pessoa normal.

- Continue com essas palhaçadas e você vai ficar com fome.- ela disse, se segurando pra não rir.

Eu achava tão lindo quando ela ria. Parecia que um peso que estava em minhas costas, sumia.

Ana é a minha segunda mãe. Eu me preocupo com ela, ainda mais quando ela está mais idosa, mais preocupada.

- Como está sua família?? - Perguntei sem pensar muito.

- Ta bem.- ela respondeu.- E você? Faz alguns dias que não vejo a Michelly aqui! O que aconteceu?

Assim como eu conhecia Ana muito bem, Ana também me conhecia.

Eu poderia estar muito triste e mesmo assim, ela saberia que eu não tava feliz apenas com um olhar.

- A gente não tá se falando.- coçei a nuca.- Discussão boba.

- Sabe que eu não gosto de ver vocês brigando. Vocês cresceram juntas. Além disso, a mãe de vocês são amigas de infância. - ela aconselhou, sorrindo abertamente para mim.

Eu não sabia se ainda estava preparada para falar algumas coisa com Michelly.

Além disso, ela tava mais do que antes, amiga de Brenda. Talvez ela nem ligava mais para mim. Talvez nem sentisse minha falta, como eu sinto da dela.

[...]

Abri a porta do quarto, com um pouco de curiosidade.

Ana havia dito que vinha duas pessoas para o almoço, mas não falou quem eram.

Minha mãe praticamente me obrigou a vestir uma roupa adequada e ainda usar maquiagem.

Eu não gostava tanto daquilo. Por que eu queria ser diferente. Queria poder sair por aí sem usar nada no rosto e ainda sim, me sentir linda.

Desci as escadas devagar, tentando não pisar no vestido e descer as escadas rolando.

Do jeito que eu sou, era bem provável que meu vestido ia enganchar no degrau da escada, ou então eu ia pisar na saia do vestido e ia descer com tudo escadas e abaixo.

Escutei uns vozes lá na sala.

Com um sorriso tímido nos lábios, aproximei das pessoas.

Quem estava lá era Lucas e o pai dele. Estavam conversando alegremente com a minha mãe.

- Bom dia.- anunciei, sentando ao lado da minha mãe no sofá.

- Bem, esta é a minha filha, Lanny! - minha mãe disse, colocando as mãos nas minhas costas. - É a minha filhinha. A única.- ela sorriu forçado para o pai de Lucas.

- Ela é muito bonita. Muito parecida com você.- O homem sorriu. Dei um sorrisinho gentil.

Dei atenção a Lucas.

- Este é Lucas. Meu único filho também.- Lucas sorriu.- Cumprimente a bela jovem, filho.

Ao contrário da minha mãe, o homem pelo menos demonstrava ser feliz por ter o Lucas como filho dele.

- A gente já se conhece.- Falei. Lucas aproximou de mim, beijando a minha mão.

- De onde?? - minha mãe curiosa perguntou.

- Somos colegas de turma. A Lanny é a garota mais inteligente da escola.- sorri gentil para ele.

Não era necessário ele estar falando sobre mim.

- Ela se esforça muito pra realizar os sonhos dela.- Rebeca disse, olhando pra Lucas com um pouquinho de interesse em saber sobre a vida dele.

- Não há nada demais.- sorri de novo.

Aquele era o método para o almoço. Sorri até não dar conta mais. Ser gentil, como minha mãe ensinou e demonstrar comportamento.

- Err...preciso ir ao banheiro! - Lucas disse, coçando a cabeça.

- Pode ir, querido.- Minha mãe disse, antes de dar um gole no champanhe dela.

- Eu não sei onde é.- sorriu sem graça pra nós três.

- Seja uma pessoa gentil e acompanhe Lucas até o banheiro, Lanny.- revirei os olhos.

Eu ali, tentando ser gentil e minha mãe me mandando ser gentil. Como se eu não me esforçasse pra ser uma réplica dela.

- Ok.- levantei do sofá.- Por aqui, Lucas.

- Não faça nada de errado, Lanny.- Escutei a voz da minha mãe.

- Deus me defenderá.- Falei baixinho.

•••

Continua...

The Boy From Tickets| O GAROTO DOS BILHETES|✔Onde histórias criam vida. Descubra agora