Eu não tava acreditando. Cara, eu vou fazer uma coreografia pra municipal? Em São Paulo? Meu Deus! Eu tava morrendo.
Eu?? Lanny? A garota mais estabanada e nerd de todas? Caraca, meu sonho ali todinho.
Eu cheguei a gritar tão alto, que a minha mãe apareceu na porta do meu quarto, me olhando como se eu fosse uma maluca desorientada.
- O que tá acontecendo aqui? - Perguntou, com a mão sob o peito.
- Mãe, a senhora não acredita! Eu vou dançar na municipal de São Paulo! - Eu disse tudo rápido, querendo ver a reação da minha mãe.
A minha mãe me olhou por completa, como se queria algum fato em meu corpo ou rosto que dizia que eu era uma garota maluca ou se poderia me levar ao hospício.
- Municipal? Como? - Perguntou, andando pra minha frente.
- Eu fui um dia desses lá no estúdio onde a Lisa também dança. Eu até inventei uma coreografia e alguém do estúdio, colocou um vídeo de mim dançando nos stories. Um tal de Trompson entrou em contato comigo ainda pouco. Parece que eu fui selecionada pra dançar na Municipal em São Paulo e CRIAR a coreografia.- Eu disse rapidamente, ainda querendo acreditar naquilo.
Minha mãe me abraçou, dizendo como estava orgulhosa de mim.
- Eu sabia que você ia conseguir...- Ela beijou a minha testa e pegou nas minhas mãos.- Quando escutei você gritando, pensei que você tava era dando.
- O quê? Sangue do Cordeiro! - Corei com as palavras da minha mãe.- Como sempre, dona Rebeca tão direta!
- Ué, qualquer um pensaria. Você tava pulando ppela casa igual uma maluca e ainda gritando...- Não aguentei e acabei afastando da minha mãe, querendo distância dela.
- Ai, a senhora é maliciosa. - Minha mãe pegou o chinelo dela e tacou em mim.
Cara, doeu. Bateu bem na minha cara. Eu ainda ia descobri o poder das mães em tacar o chinelo de um quilômetro de distancia, e ainda acertar na gente.
- Essa doeu, mãe.- Falei, passando a mão no braço.
- Mereceu! - Ela disse e saiu, fechando a porta.
Ri da minha mãe e sentei na minha cama de novo, vendo que o filme já tava quase no final.
[...]
Acordei as 9hrs da manhã. Eu nunca havia dormido tanto na vida. Gostava de acordar cedo, mas naquele dia, eu acordei tarde.
O pior é que eu ainda tava com sono. Acho que foi por que eu maratoneu várias séries depois do filme. Rendeu nisso!
Acabei levantando da cama e fui para o banheiro. Eu tomei banho? Não. Tava fazendo muito frio. Só escovei os dentes e quando terminei, fui até a janela, vendo que o dia tava nublado.
Ótimo dia pra correr em volta das pracinhas que tinha aqui perto de casa. Eu ia correr?? Ia. Eu gostava de correr.
Vesti uma calça legging preta, um regata cinza e um tênis preto próprio pra correr. Peguei meu celular e meus fones de ouvido.
Correr sem música não presta. Fica tão sem graça!
Encontrei só Ana na cozinha. Ela tava preparando o almoço.
Correr as nove da manhã é certo? Não, mas eu nem ligo. Prefiro ir correr do que ficar ligando pra opinião dos outros.
- Bom dia. Onde vai? - Ana virou para mim e perguntou, observando os meus movimentos lentos pela cozinha.
- Correr. - Respondi, indo até a geladeira e tirando de lá uma garrafinha de água.
- Correr? Hora dessas??
- Sim. - Dei de ombros, já caminhando até a porta.
- Não tá com fome?? - Ela perguntou curiosa.
- Não. Vou comer quando chegar.- Abri a porta.
É como se tivesse feito Pan! Ana ficou espantada, como de tivesse olhando pra uma pessoa que não fosse eu.
- Isso não é normal.- Ana negou com a cabeça, voltando aos seus afazeres.
Ri do comentário dela e sai pela porta. PELA PORTA!
Coloquei o outro lado do fone e abri o meu resso. A maioria das minhas músicas eram em inglês. Mesmo que eu sou brasileira, eu não gostava muito das músicas brasileiras.
Gostava mais de ouvi Billie Eilish, Ariana Grande, Rihanna, James Arthuer, Alan Wolker e vários outros que nem me dou ao trabalho.
Acabei colocando uma do K-391_Play.
Eu amava essa música. Ela me dava uma nostalgia boa. Então, eu comecei a correr rápido, tentando gastar energias.
Corri no ritmo da música. Era como se eu estivesse em uma plataforma dançando ouvindo essa música.
Algumas pessoas passavam por mim e ficavam olhando, e eu acho por que eu tava correndo rápido demais.
Quando fiquei cansada, parei um pouco pra sentar em um banquinho da praça, ainda ouvindo aquela música.
Não havia muita gente ali, só algumas criancinhas que estavam brincando na grama com seus pais e uns adultos conversando.
Observei melhor, vendo que aquele ambiente era calmo e transmitia uma boa paz. Senti-me leve e com o coração aberto.
Um vento veio e soprou meu cabelo pra frente. Acabei rindo daquilo e a música mudou.
A música era boa? Era. Eu dancei na praça? Dancei. O povo ficou olhando pra mim? Ficaram. Me aplaudiram? Sim!
E eu achando que ia me transformar em uma Lara da vida. Em que a vergonha é a melhor amiga dela.
Estava tão distraída, olhando pra criancinhas que tinha ali, que não percebi quando a música daquela coreografia veio.
Eu senti vontade de dançar ela. Senti vontade de criar os passos. Então, fui até o meio da praça, em um espaço isolado e me posicionei.
- 1, 2, 3, 4...- Falei pra mim mesma, quando comecei.
Cada passo vinha na minha cabeça facilmente e eu só conseguia reproduzí-los.
- Pé pra frente, braço esticado e desliza o direito em cima do esquerdo e abaixa a palma da mão. - Gritei de novo.- Gira, abaixa, joga o cabelo e levanta.
Quando terminei, fui recebida com aplausos e conversas de alegria. Estava tão envolta que nem percebi que tinha pessoas a minha volta.
- Você é coreógrafa? - Um homem de cabelo cacheado me perguntou.
- Uma pequena coreógrafa. - Respondi, sorrindo gentil pra o homem, que segurava a mão de uma garota da mesma idade que ele.
- Queria muito que você desse aulas pra ela. Você quer? - Eu só pensei: DAR aulas de dança? Eu queria? Queria!
Mas eu não sabia como fazer ainda. Não tinha uma área boa pra dar aula. Não tinha um lugar certo. Nao tinha muita técnica. Eu era do uma aprendiz.
•••
Continua...
Música do cap:
Alan Wolker _Alone
♡♡
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The Boy From Tickets| O GAROTO DOS BILHETES|✔
Ficção AdolescenteLanny estuda em uma das escolas mais populares do Rio de Janeiro e por sempre estudar nessa escola desde muito nova, ela sabe exatamente quem é cada pessoa. Vítima de um bullyng constante, ela só queria um lugar onde ela pudesse ser ela mesma, sem s...