24_Bilhetes anônimos.

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Olhei bem para a pessoa que estava de trás de mim. Eu conhecia aquela voz; aquele cheiro.

Virei o pescoço devagar, com medo de não ser ele.

- Lucas? - sussurrei baixinho.

Ele estava bem ali na minha frente. Vestia um moletom vermelho que continha um capuz que tapava o cabelo dele.

- Oi.- ele disse, passando as mãos pelos cabelos.- Você dança demais, Lanny! Caraca! Foi você que fez esses passos?
- Os olhos dias brilharam e eu, fiquei um pouco boba.

- Foi sim.- respondi sentindo- me envergonhada.- Nem são tanta coisa assim! - sorri mostrando todos os dentes.

- Claro que foi. Você tava aqui, arrasando.- ele insistiu.

De repente, ouve um silêncio. Eu queira tanto poder estar do lado dele, queria poder abraçar ele. Mas a gente estava brigados.

Eu queira poder dizer que eu estava errada em falar todas essas coisas, mas eu não podia deixar que outra discussão ocorresse na minha frente, por que eu sou doente.

- Lucas! - chamei sua atenção.- Eu preciso conversar com você, mas não agora. Tenho que falar de uma coisas, e quem eu sou realmente.- eu disse, torcendo para que ele não me perguntasse agora o que era.

- Eu também preciso conversar com você, Lanny!

Assim, combinamos de nos ver amanhã lá na minha casa.

Eu ia contar todo o meu passado para ele. Só tinha medo de que ele não me ajudasse e sumisse, tentando fugir de uma maluca que nem eu.

[...]

- Bom dia, Zezinho.- cumprimentei o porteiro, entrando na escola.

Algumas pessoas me olharam, assim que pisei o pé dentro da escola. Mas eu nem liguei mesmo. Já estava acostumada com o olhar de todos eles.

Primeiro caminhei até a minha sala, sorrindo timida para algumas pessoas que já falaram comigo.

- Essa menina gosta de rir! - escutei um garoto falar atrás de mim.

Virei o rosto para observar se ele estava falando comigo.

- Você está falando comigo? - Perguntei, não ligando para os outros amigos dele que estavam do lado dele.

- Não. Brenda! - ele apontou o queixo para Michelly e Brenda.

As duas estavam sentadas no chão de cerâmica, perto de uma plataforma que havia lá.

Elas riam tão alto, que algumas pessoas paravam de andar para olhar pra elas, mas elas ignoravam.

Eu não gostei do que eu via. Eu sempre fui amiga de Michelly e prometimos que nada ia acabar com a nossa amizade.

Engoli o choro e coloquei as mãos dentro dos bolsos frontais da minha calça.

Entrei na minha sala, sentando na minha cadeira. Não liguei para os alunos que cochichavam perto de mim, eu só queria poder conversar com uma pessoa que poderia me escutar e me entender, sem me julgar.

Abri o meu caderno, sem nada mais para fazer. Comecei a estudar qualquer coisa que eu encontrei.

Parei de ler com a voz do professor. Fechei o caderno, querendo compreender o que ele falava.

- A atividade de hoje vai ser em dupla. Eu mesmo irei falar as duplas, de acordo com a lista alfabética.- ouvi alguns resmungos.

Eu já sabia que eu ia ficar com Lucas. Eu e ele tínhamos a primeira letra que era o " L". Aquilo nem me assustou.

O professor começou a ditar alguns nomes. Notei que Benjamim não gostou que Michelly havia ficado com Marcelo.

- Lanny? - virei o rosto para olhá-lo.- Você está bem? - pelo menos alguém se preocupava comigo.

- Sim. Não precisava se preocupar.- sorri sem mostrar os dentes.- Por que está me perguntando isso?

- Por que notei que Michelly está triste e calada demais. Vocês brigaram?
- Eu não queria falar sobre aquilo, mas não tinha escapatória.

- Sim. Umas coisa aí.- estalei a língua.- Mas acho que ela não está triste. Ela tá de boa com Brenda.- sorri, como de aquilo não me magoasse.

- Vou fingir que você tá bem! - ele brincou.

A nossa conversa acabou, por que Lucas já estava na minha frente. Mas eu ainda não havia percebido sua presente.

Ele fez um gesto bem educadinho. Coçou a garganta, como se estivesse irritado.

- Pensei que você não ia parar de ficar puxando assunto com a minha garota!
- ele disse e se sentou ao meu lado.

Revirei os olhos.

[...]

Ao meio- dia eu cheguei em casa, quase infartando de tanto calor.

A primeira coisa que fiz foi correr para o quarto e passar direto para o banheiro, para tomar um banho demorado.

Depois que tomei o banho, vesti uma regata amarela, uma bermuda preta. Amarrei um lacinho no meu cabelo pra não ficar solto completamente.

Tirei todos os materiais de dentro da bolsa, querendo que a bichinha descansasse.

Abri o estojo para colocar as canetas, marca-textos, lápis, grafites... dentro do potinho que eu tinha.

Achei algo diferente. Era um papel dobrado bem... mal.

Abri o mesmo, com medo de que rasgasse, já que a formação estava péssima.

" Se o amor é uma tragédia, por que você é o meu remédio?
Se o amor é insano, por que você é MINHA clareza? "

Sorrindo, eu percebi que era outro daqueles bilhetes.

Eu já havia recebido dois, então guardei aquele dentro do mesmo potinho em que estava o outro.

Eu ainda ia desvendar esse mistério. Sentia- me como uma espiã, tentando desvendar um mistério que envolvia uma pessoa que me mandava bilhetes anônimos.

•••

Continua...

The Boy From Tickets| O GAROTO DOS BILHETES|✔Onde histórias criam vida. Descubra agora