03 - Era um... bilhete?

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                             Lanny



Voltei a olhar para a professora que ainda olhava a minha pequena redação.
Tive medo que ela achasse ruim ou de que eu não era boa o suficiente para aquilo; mas eu queria deixar bem claro que eu tinha nascido para ser escritora.
Amava o jeito que os livros eram bem explicativos e aquelas palavras que me faziam flutuar de tão belas.

- Lanny, você irá estudar o quê quando terminar o ensino médio? - A professora tirou os olhos do papel para me olhar.

- Bom, desde pequena, eu tenho o sonho de me tornar uma grande escritora, suponho que eu vou para a faculdade de letras assim que eu terminar o ensino médio. - Fiz gestos com as mãos para que ela entendesse como era explicar o amor por aquilo.

- Que bom, porque você é o máximo! Suas palavras aqui são lindas. A forma como você descreveu seus sentimentos neste pequeno texto, como você tem sonhos e quer realizar todos eles. Garanto que você irá ser a melhor escritora que já conheci. - Ela sorriu carinhosa para mim.

Adriana é uma mulher sábia, de pele morena e lindos cabelos pretos. A mesma fazia academia, o que fazia ela ficar ainda mais linda.

- Estou esforçando muito para isso. - Comentei, observando-a colocando a minha nota no canto da folha.

- Que tipo livros você pretende escrever futuramente? - Dei de ombros e sorri.

- Romances. Romances são minhas paixões. Acho linda a forma como eles passam por maus bocados e acabam ficando juntos, não é? - Peguei a folha e esperei por sua resposta.

- Claro. Prometo que assim que você se formar e escrever seu primeiro livro, eu irei ser a primeira a comprar. -  Olhou para o relógio em seu pulso.

- Com muito prazer. - Ia me saindo para voltar ao meu lugar, quando lembrei de uma coisa. - Professora?

- Sim? - Levantou a cabeça para me olhar.

- Por que a senhora escolheu logo literatura para dá aula? - Percebi um grande sorriso em seu rosto.

- Eu sabia que era apaixonada por isso desde criança. Lia livros literários, livros didáticos e vários outros. A literatura me escolheu para apresentá-la. - Respondeu  e desviou o olhar para a garota que havia chegado na sala.

- Que lindo. - Murmurei para mim mesma.

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Enquanto caminhava pelos corredores, observava cada pintura que aquela escola tinha. Como era bonito expressar os sentimentos de diferentes formas: pinturas, livros, poesia, poemas, frases e até em fotos. Tudo era tão diferente agora.
Observei muitos alunos andando distraidamente pelos corredores. Estávamos no intervalo, então pelos menos tínhamos uns minutinhos para andarmos por aí.

Pessoas passavam com seus amigos, amigas sorrindo para as outras. Por um momento, tive inveja: eu estava andando ali sozinha, sem nenhuma amiga. Quanta falta Michelly fazia!
Andava tão distraída que esbarrei em uma pessoa. Só que o mesmo me puxou e acabei caindo por cima.
Meu cabelo estava todo em minha cara, o que dificultava a visão para ver quem estava em baixo de mim. Assim que tirei o cabelo, arregalei os olhos quando vi Lucas.
Nossos rostos estavam pertos demais. Me levantei e limpei a roupa.
Não sabia o que falar para ele. Afinal, eu nunca levei minha palavra para ele em nenhum momento.

- Desculpe, Lanny. - Escutei ele dizendo. Sua voz era rouca e meu corpo se arrepiou.

- Eu é que devo pedir desculpas. Eu é que estava andando distraída. - Olhei bem para ele.
Lucas é o garoto mais bonito que já vi na vida. Ele tema aparência de inocência e perversidade ao mesmo tempo.

Seus cabelos são claros, os mesmos caiam para o lado, seus lábios são rosados e seu rosto é muito lindo.
Balancei a cabeça de um lado para outro, tentando me livrar daqueles pensamentos malucos.

- É... eu tenho que ir. - Me apressei em dizer. - Tchau! - Acenei e sair em disparada.

Voltei para a sala de aula ainda em choque. Mas lembrei a mim mesma que era só coisa da minha cabeça. Ele não era um garoto muito confiável.
Ora, de certo que as pessoas pudessem mudar, mas Lucas é bem difícil essa mudança acontecer.

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Finalmente eu já tinha posto os pés dentro de casa. Não imaginava que meu primeiro dia na escola fosse tão agitado.
Observei Ana na cozinha, mas como eu estava morrendo de calor, preferi subi para o quarto e tomar um belo banho.
Subi as escadas que davam para o meu quarto. Tirei o tênis e vi o estrago: meu cabelo estava todo suado, o mesmo grudava em minha testa. Neguei com a cabeça e fui para o banheiro.
Tirei a roupa que usara e coloquei no cesto de roupas sujas. Lavei os cabelos de novo, por causa do odor do suor e demorei mais alguns minutos debaixo d'água.

Tentei esfriar a cabeça.
Quando eu fosse almoçar, ia ver algumas vídeos aulas de italiano. Desde pequena, eu tenho a meta de ser triglota. Três idiomas eu quero aprender. Por enquanto eu já sei : português, inglês e estou estudando italiano.

Sai do banho, penteei os cabelos e vesti um vestidinho preto florido e sai do quarto. Estava morrendo de fome.
Dona Ana murmurava uma canção alegremente. Me sentei a mesa e esperei o almoço ser servido.
Desviei o olhar para as escadas e vi minha mãe.
Minha mãe não era velha. Seus cabelos pretos agora já tinha alguns brancos, mas nada que acabasse com a beleza dela. A mesma me viu em veio em minha direção.

- Como foi seu dia de aula? - Perguntou e se sentou.

Contei a ela tudo o que havia acontecido na escola, deixando de lado o esbarrão com Lucas. Preferi não contar.
Contudo, quando falei que a professora Adriana queria ler o meu livro primeiro, ela não aceitou muito bem.

- Não senhora. Quem vai ler primeiro serei eu. - Apontou o dedo para mim.

- Tá bom. A senhora que manda.

Os almoços na minha casa eram sempre os mais agradáveis possível. Ana se juntou a nós e conversávamos.
Depois que terminamos, eu me retirei da sala o mais rápido possível. Estava com sono e queria terminar de assistir as minhas vídeos-aulas de italiano.

Na tentativa de tirar todos os materiais da mochila, percebi um pequeno pedaço de papel que havia caído no chão. Peguei o mesmo e vi uma letra infantiloide.
Era um... bilhete?

***

Seguinte...

The Boy From Tickets| O GAROTO DOS BILHETES|✔Onde histórias criam vida. Descubra agora