07_ Buuú.

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Minha mãe me deixou na escola rapidamente e seguiu seu caminho para a imprensa. Assim que pisei o pé dentro da escola, dei um sorriso animado para o porteiro/ vigia e entrei. Percebi aquela massa de gente me encarando e revirei os olhos. Muitos alunos circulavam com os outros. Mas a maioria dos garotas estavam OLHANDO para mim. Pedi a Deus que não fosse para a minha calça que marcava tudo.

Apertei a alça da mochila e continuei a andar pelo corredor que dava para a minha sala. Porém, bem lá no fim do corredor - com o qual eu estava andando e precisava passar para chegar até a sala -, avistei um grupo de garotos sorridentes. Minhas mãos soaram de nervosismo.

Não tinha ninguém naquele corredor, a não ser o grupo animado de garotos. Entre eles estavam Lucas, Benjamim, Vitor, Carlos, Colin e outros. Todos sorridentes. Planejei minha passada até lá. Era só passar de fininho, dava as costas e ia embora.

Contudo, assim que passei pelo grupo, os mesmos começaram a me assoviar; jogar cantadas e piadinhas para cima de mim, menos o Lucas. Revirei os olhos novamente e andei. Mas aquilo não parava.

Senti uma mão no meu ombro e olhei para trás. Lucas estava com as mãos nos meus ombros, tapando a visão dos garotos. Tinha um casaco amarrado na minha cintura.

- Esses garotos não sabem o que estão fazendo.- deu uma pausa para me olhar.- Desculpe, mas essa sua calça tá linda e ao mesmo tempo, tá marcando de mais.- sorriu de lado e saiu.

Fiquei confusa. Que diabos tinha acontecido naquele instante?

- O.k o.k. O que aconteceu? - Perguntei para mim mesma. Mas só que saiu um pouco alto.

- O que aconteceu o quê? - Michelly brotou do nada.

Parecia que o dom dela era brotar do chão igual a uma planta.

- Depois te conto. Vamos pra sala, ou vamos ficar sem assisti aula.- avisei- a.

Entramos na sala de aula quase toda lotada. Assim que viram que EU estava com o casaco do LUCAS, arregalaram os olhos. Nem era pra tanto assim. Me sentei na minha cadeira e esperei pela professora pacientemente.

Senti que várias garotas estavam me olhando, PRINCIPALMENTE Karol e a sua amiga Clara. As duas nem piscavam olhando para mim. Aquela atenção súbita, me deixava nervosa. Eu Gosto de está fora do radar.

- Bom dia alunos. Sou Vanderson, professor de Matemática. Para começar a nossa aula, quero que vocês comecem a escrever as atividades da páginas 31 e 32. - O professor disse e se sentou na mesa.

- Ah não! Tô com preguiça de copiar.- Michelly disse e esticou as pernas, colocando as mãos na cabeça. Ri dela e peguei o caderno.

- Faz atividade não, para ver se você não vai estudar direitos...- nem terminei de falar, quando ela arregala os olhos e pega o caderno da mochila.

Copiei tanto que meus dedos começaram a doer. Mas até que havia terminado. O bonde maravilhoso dos garotos lá atrás, sequer copiaram. Karol e as suas amigas olhavam para as unhas e de vez em quando cochichavam entre si.

- Ele está olhando para você! - sussurrou minha amiga de olhos arregalados.

Olhei para toda a sala à procura de quem ela estava falando. Percebi que os olhos que me observavam, era os de Lucas. Que merda! Por que eu ficava tão intimidada com o olhar dele? Por que eu não conseguia o encarar e não corar? E céus, por que ele estava me encarando e eu fazia o mesmo. Lutei contra todas as forças e desviei o olhar para o meu caderno.

- Que troca de olhares foi essa? - Michelly perguntou, fazendo o número sete e fazendo uma bola em seu redor.

- O que?? Você tá ficando louca? - Perguntei.

- Lanny? LANNY?? - Michelly gritou tão alto que a sala toda nos olhou.

Os olhos azuis de Lucas me encararam de novo. Suas sobrancelhas pretas definidas se espalharam. Seus cílios enormes e grossos. Acho que ele é reencarnação do pecado.

Um.
Dois.
Três.
Quatro.
Cinco.

Seus olhos fixaram nos por uns longos cinco minutos e ele desviou. Parecia que seu olhar me intimidava.  Parecia que seu olhar me entregava de corpo, alma e mente para ele.

Um turbilhão de emoções surgiu dentro de mim. Aí como eu odiava Lucas. Como odiava fazer papel de boba. Como odiava ver que ele estava me olhando pelo canto do olho.

[...]

- Seis passos de distância, sempre.- reli a frase pela quinta vez.

Aí como eu amava aquele livro. Aí como eu estava apaixonada pelo Will. Aí como eu estava apaixonada no jeito que era ele. Tudo naquele livro me chamava atenção. Esperava que um Thomas, um Luke, um Will, um Maxon, um Feliphe, um Hugo, um Benjamim e todos os outros meus crushes literários.

Como era triste saber que você não pode tocar na pessoa amada. Que por causa de ambos terem a mesma doença, eles acabam se apaixonando e não terem a menor chance de se tocarem, de se beijarem. Que triste! Ainda bem que eu não sou doente.

Suspirei o coloquei o livro delicadamente em cima da cama. Passei a mão no rosto. Ainda estava atônita com as olhadas que o Lucas me dava.

Abri a janela e puxei a persiana. Sai para a sacada, afim de senti o aroma das flores do jardim e a brisa suave. Olhei para fora e observei a casa do Lucas. Era uma mansão enorme. Eu nunca pisei em nenhum degrau daquela casa. Não sabia como era, nem nada; mas também não tinha a menor vontade de conhecer.

Peguei um cadeira dentro do quarto e me sentei, olhando para a rua movimentada e as luzes que iluminavam a cidade. Fixei o olhar nas estrelas. Elas eram tão lindas e brilhantes. Pensei em como seria bom viver igual a uma delas; de como seria legal está lá e ver todas as coisas que aconteciam no mundo.

Pensei no meu amor pela minha mãe; na minha amizade com Michelly e com o carinho enorme que eu sentia por dona Ana. Nada podia atrapalhar a minha sensação de paz e amor por elas.

Enquanto pensava, senti algo se mexendo atrás de mim. Levei um susto quando a pessoa exclamou:

- Buuú!!

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Contagem regressiva de 0 minutos para começarem a ler o capítulo kkk.

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