CAPÍTULO 21

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O tempo em que estou aqui o ambiente tem melhorado, não troco muitas palavras com Miguel mas o clima já não é tão pesado.
Depois daquele dia que minha cara queimou de vergonha eu o encontrei raras vezes, ele sempre com semblante fechado parecia que algo o preocupava. Naquele mesmo dia à tarde eu ganhei alguns vestidos coloridos, que pode se dizer ser caro mas não foi descontado do meu salário, eu parecia uma criança feliz por ter ganhado um doce, às vezes eu me lembrava de Gleice, como será que ela está? Será que ela conseguiu chegar no seu destino? a saudade sempre me lembrava que eu estava sozinha.
Eu não pensei nessa possibilidade, não planejei se algo desse tipo acontecesse. O pior é que eu nem sei onde estou, como Gleice saberia.

Passaram-se algumas semanas e eu me senti fazendo parte da família com seu José e dona Graça é claro.
Dona Graça preparou um jantar maravilhoso, não era data comemorativa nem nada, apenas celebrar a vida que apesar de todas as rasteiras estamos de pé, eu já quase não me lembro da fome e pavor que uma vez passei, olhar para Miguel ja não me assusta mais. A vida, o destino, ou Deus, seja o que for tem me dado uma nova chance, uma nova família, a lembrança de papai e Gleice estão em minhas memórias, às vezes ainda choro por sentir falta das implicâncias de Gleice, apesar de sempre me convencer a ajudá-la fazer traquinagem nós colocando em enrascada, das brigas de papai que não sabia o que fazer com duas meninas, mamãe realmente fez falta, mas como ela sempre dizia para Tudo tem um porquê, Deus sabe de tudo e nada sai do seu controle e de suas mãos.
Apesar do clima harmonioso na casa sempre que Miguel passava uma opressão carregada deixava o ambiente pesado. Ele não jantou naquela noite e não ouvi mais desde almoço, por curiosidade questionei Graça onde ele poderia estar? Graça me olhou desconfiada pelo meu interesse mas disse para não me preocupar.

Graça- Não se preocupe querida esse menino é estranho mesmo, vamos nos deitar, e te aconselho Miguel costuma caçar quase anoitecendo, se caso ouvir algo não há com que se preocupar, mas não saia do quarto ele pode se assustar com você e bem pode te confundir com sua caça, Boa noite querida.

Fomos cada um para seus aposentos, com a água quente no balde me preparei para banhar, tirei as minhas roupas e o frio da brisa que entrou pela janela me fez lembrar dela aberta,  com o meu hobby enrolado em mim fui em direção a ela, a imagem da mata fechada logo adiante se encontrava Colina, olhando o céu as estrelas começavam a surgir, a lua já brilhava com toda sua glória sabia que seria lua cheia. Encostei a janela trancando é uma vela sobre a cômoda comecei a me banhar seria algo relaxante para dormir, lavaria meu cabelo amanhã. Depois de vestida com minha camisola nova azul clarinho, apaguei a vela e me deitei o cansaço bateu.

"Acordei com barulho de uma criança e uma mulher gritando do lado de fora, pude ver uma loira de aparência bonita sendo arrastada pelo mesmo monstro, eles saíam da Colina e vinham em direção ao Castelo, eu ouvi o choro do bebê mas não via, estava no mesmo lugar onde foi presa só que do lado de fora das celas, a mulher agora torturava monstro que sangrava muito, ela enfiou uma faca em seu coração e um grito horripilante se ouviu, de repente quem sangrava até a morte era Miguel e um garotinho  chorava em cima de seu corpo ensanguentado."

Acordei em um pulo como o grito de uma pessoa, olhei para a janela parecia que vinha daquela direção, e levantei e me certifiquei que estava trancada, novamente o grito porém mais distante, um favor tomou conta de mim não conseguiria dormir imaginando que meu pesadelo poderia ser real, mas o medo e o conselho de dona Graça pairava sobre a minha cabeça eu mal respirava esperando ouvir outros gritos ou até o choro de criança, mas nada se ouvia, apenas a minha respiração e o barulho que a minha mente transmitia.

O SEGREDO DA COLINA Onde histórias criam vida. Descubra agora