O SEGREDO DA COLINA

CAPÍTULO 23

Passou o que parecia horas, achei que nem jantaria naquela tarde, mas Graça veio e bateu em minha porta dizendo:

Graça- O jantar está pronto, te apresses antes que escureça.

Ela sai sem esperar por minhas respostas, "Será que estava brava comigo? mas porque ninguém me viu no quarto eu não mexi nada deixei tudo como estava." Fui para sala de jantar como se nada tivesse acontecido, o clima parecia normal o jantar estava ótimo uma delícia como sempre eu apenas observava o ambiente eles conversavam entre eles sobre as cidades, queria perguntar sobre Miguel já que a discussão de horas atrás parecia não existido.
Após o jantar enquanto lavamos as louças perguntei sobre Miguel, "afinal para ela fazia dois dias que eu não o via".

Graça- Ele está nervoso sempre nessa época ele prefere ficar recluso.
- E que época seria essa?
Graça- Você anda bem interessada no patrão... fariam um casal bonito.

Corei como pimentão, eu sempre o achei lindo, aqueles braços me agarrando, ou aquela boca que gosto teria,? "meu Deus nunca tive esse tipo de pensamento" espantei-o da minha cabeça e focando nos meus afazeres, nem respondi dona Graça que me olhava de sorrateiro.

Graça- Querida pode por favor levar a bandeja de Miguel até o escritório, depois está liberada para ir para seus aposentos.

Apenas assinei e respirei fundo para retirar da minha cabeça qualquer imagem de nós dois juntos. Depois de toda janta devidamente arrumada em uma bandeja," é a primeira vez que eu vejo um Conde tão humilde e simples nem tem empregados a não ser nós 3, será que está falido e por isso a esposa foi embora com filho mas isso seria muito triste.
Meus pensamentos estavam a mil imaginando e números possibilidades Mas deixei isso de lado e respirei fundo buscando coragem, bati na porta à espera de um entre,  para seguir, recebi autorização e dei o primeiro passo tranquilamente, um pequeno sorriso brotar os meus lábios eu imagino que esteja com cara de quem aprontou, como dizia papai.. já que a sobrancelha de Miguel erguer como se questionasse o motivo do meu sorriso.
Coloquei a bandeja sobre a mesa de centro, em todo momento seus olhos me avaliavam sem dizer uma única palavra, constrangida pelo clima que se instalou pedi licença e me afastei em direção à porta.

Miguel- Aonde pensa que vai, eu não lhe dei autorização.
- Na verdade o senhor nem ao menos me comprimentou depois de dois dias, achei que estivesse engolindo a língua.

No mesmo instante me arrependi, não sei o que anda acontecendo comigo meus pensamentos andam saindo em voz alta, e olhando agora para em seus olhos que estavam arregalados com o espanto, 'certamente não esperava isso de mim que demonstrei ser um doce de pessoa' mas em instante seu olhar mudou para raiva.

Miguel- Oras resolveu mostrar suas garras,.... pois eu as corto rapidinho,  você está querendo ser jogada na sarjeta como uma vira-lata? eu lhe ofereço caridade e você se acha no direito de me responder assim ?... cai fora ! não quero ver essa sua cara  esfomeada na minha frente.

Eu saí do escritório quase que correndo lágrimas rolavam pelo meu rosto, cheguei no meu humilde quarto me jogando sobre a cama,  eu sei que Miguel tem toda razão, eu fui encontrada na beira da estrada como um gata sarnenta, eu não queria ter dito aquilo, eu queria conversar me aproximar, o conhecer melhor sobre suas feridas e ajudar a curá-la, mas eu sou apenas uma Orfã, e mulher ainda por cima, como ele disse uma gata sarnenta que não tem onde cair morta. Chegou a pensar que talvez se o monstro estivesse me matado seria melhor do que viver em um futuro incerto, tendo a certeza apenas das humilhações.
Chorei muito naquela noite com saudade de casa, de papai, de Gleice... queria ter o poder de voltar ao tempo,  se eu estivesse me casado, teria papai por perto, acalentar meus cabelos, uma casa para onde fugir, agora eu estou aqui sozinha, na casa de um estranho, me achando ser de uma família que jamais serei.
Eu tinha esperança de construir a minha própria família hoje eu não tenho esperança de mais nada.

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