Capítulo 6

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Não consegui dormir

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Não consegui dormir.

Fiquei rolando de um lado a outro da cama, inquieta. Levantei, andei pelo quarto, ouvi músicas, mas nada disso conseguiu tirar a sensação estranha que se instalou no meu peito.

Um misto de alegria com... Rejeição.

Sim, eu sei que é irracional. Mas mesmo Dean confessando (para uma completa estranha) que me ama, ele me rejeitou. Ok, ele não sabia que era eu mandando os vídeos e as mensagens, mas... Poxa, é MEU corpo. Se ele me amasse, deveria desejar meu corpo, né?

Mas ele não sabia que o corpo era meu e...

- Aaargh! - Resmungo, chutando as cobertas e decidindo levantar de vez.

O sol já raiou, quem sabe uma caminhada na praia refresque minhas ideias.

Coloco um shortinho levinho, um top e um tênis. Acho que minha caminhada vai se transformar em uma corrida.

Enquanto desço as escadas, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo. Paro assim que ouço uma movimentação na cozinha.

Andando devagar, espio para ver quem é.

Tony, com todos os músculos e tatuagens, está fazendo... Café da manhã?

- Ei, bom dia, flor do dia! - Digo, entrando na cozinha.

Ele olha para mim e sorri de leve. Ele é gato, mas não o suficiente para fazer meu coração esquecer o Dean.

- Bom dia, anfitriã. - Abre o armário, tirando uma caneca e olha para mim novamente. - Vai querer?

- Sim, por favor.

Me acomodo no banquinho da ilha de mármore enquanto Tony serve um café para mim e um para ele.

- Caiu da cama, foi?

- Acordo sempre cedo para treinar. - Bebe um pouco do seu café. - E você? O que faz acordada logo cedo?

Encaro a xícara à minha frente.

- Não consegui dormir. Pensei em ir dar uma volta na praia. - Tomo um gole do café. - O pessoal ainda deve demorar a acordar. - Tento puxar assunto.

- Bom, o Dean e o Zack são os que mais dormem. O Scott fica na cama com a outra lá. - Dá de ombros.

- A outra lá? - Olho incrédula para ele. - Ela tem nome, sabia? - Franzo o cenho para ele.

- Vou mandar a real, Alice. - Ele se aproxima de mim. - Eu não confio nela e não sei e nem entendo como vocês desculparam ela.

- Ela estava sendo ameaçada, Tony... - Defendo a minha amiga. - Já se explicou, e ainda por cima salvou a vida da irmã do Scott... - Aperto minha caneca com força.

- Eu não tou nem aí. - Dá de ombros. - Não confio nela e sempre vou ficar com um pé atrás. - Dá de ombros novamente. - Tava pensando em ir na praia mais logo, que tal irmos todos juntos?

Suspiro. Entendo a dificuldade que Tony tem em confiar na Angel novamente. Eu mesma levei algum tempo para voltar ao normal com ela, então não o julgo.

Tomo mais um gole do café antes de responder.

- Claro, claro... - Olho pela janela. - Eu tava pensando em caminhar pela orla antes... Pensar em algumas coisas... - Olho para ele novamente. - Quer ir? É legal conversar com você... - Sorrio, radiante.

- Nem precisa pedir. - Tony pega a sua caneca e coloca em cima do lava louças. - Pronta?

Tomo o restante do meu café e fico em pé num salto.

- Nasci pronta, gato! - Pisco um olho para ele.

Tony ri e me estende a mão, que pego sem hesitar. Saímos e começamos a caminhar pela orla.

O dia mal nasceu, então as lojas ao redor da praia ainda não estão abertas. As únicas pessoas além de nós a estarem pela praia são os esportistas, gente que, assim como Tony, acorda cedo para treinar. Ou pessoas que estão voltando de festas. Rimos de algumas delas.

Depois de algum tempo, me sinto confortável o suficiente com Tony para me abrir com ele.

- Tony... - Não sei bem como começar. - Posso te fazer uma pergunta?

Ele olha para mim e sorri. (Por que confio nesse cara?)

- Se eu poder responder...

- Se... Hipoteticamente falando... Você gostasse de uma pessoa, mas ela te rejeitasse sempre... Aí depois, hipoteticamente, ela dissesse que gostasse de você... O que faria?

Tony franze o cenho, pensativo.

- Você faz cada pergunta difícil... - Solta um risinho. - Acho que se o sentimento fosse mútuo, eu arriscava.

Mordo o lábio, olhando para o mar.

- Não sei se vai ser tão fácil... Digo, hipoteticamente. - Rio. - Ah, droga... Quero dizer que foram muitos anos, entende?

- Está falando do Dean, né? - Ele sorri de lado.

Suspiro e concordo com a cabeça.

- Não conta pra ninguém... Por favor... - Olho para ele.

- Claro... - Sorri. - Você gosta dele?

- Gosto... - Suspiro. - Muito... Mas acho que não tô pronta pra, tipo, ficar com ele, sabe? Mas também não consigo ficar longe...

- Eu posso zoar ele, do tipo: "Ah, Você só quer foder com ela", mas sei que na verdade ele realmente gosta de você. - Coloca as mãos no bolsos. - Mas talvez o que você sente, não seja tão forte quanto o que ele sente, por isso você não quer estar perto, por vezes, ou quer... sei lá, amor é uma confusão.

- E coloca confusão nisso... - Suspiro. - A verdade é que não sei definir o que sinto por Dean... Eu gosto dele, mas...

O telefone de Tony toca e ele me olha pedindo desculpas, depois olha a tela, para ver quem é, e atende.

Fico prestando atenção nas ondas, dando privacidade para ele e focando em meus próprios sentimentos conflitantes.

Quando Tony desliga, suspira e sugere que voltemos para casa. Eu concordo, então damos meia volta. Dessa vez, as lojinhas estão começando a abrir e a rua ficando mais movimentada. Acho que passamos mais tempo caminhando do que pareceu. Tony realmente é uma boa pessoa.

Me sinto bem melhor depois de falar com ele.

Ele tem razão, amor é realmente uma confusão.

Bad boy | Livro 2 - The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora