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KAROL

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KAROL

A mera lembrança dele faz minha cabeça girar e meu coração pular.
“Boa sorte na segunda chamada amanhã.” As palavras saem correndo num fluxo
rápido de nervosismo. “Tenho que ir, mas me conta como foi depois, tá?”
Recolho minhas coisas depressa e corro para fora do quarto.


“Você perdeu uma aposta”
, confirma valu , na dúvida.
“É.” Sento na beira da cama e me abaixo para fechar a bota esquerda,
deliberadamente evitando o olhar da minha amiga.
“E agora vai sair com ele.”
“Aham.” Esfrego o polegar na lateral da bota e finjo que estou limpando uma
mancha no couro.
“Você vai sair com Ruggero pasquarelli.”
“Aham.”
“Isso tá me cheirando a furada.”
Claro que sim. Um encontro com Ruggero ? Eu poderia muito bem ter
anunciado que ia me casar com Chris Hemsworth.
Por isso, não, não culpo valu por parecer tão surpresa. A desculpa da aposta foi
a melhor que fui capaz de inventar e, na melhor das hipóteses, é péssima. Agora
estou me perguntando se deveria confessar e falar de sebastian.
Ou melhor, cancelar logo o encontro.
Não vejo Ruggero  desde o grande erro, que é como estou me referindo ao beijo. Ele
me mandou uma mensagem ontem depois da segunda chamada. Três míseras
palavrinhas: “Mamão com açúcar”.
Não vou mentir, fiquei emocionada ao ouvir que tinha ido bem. Mas não o
suficiente para iniciar uma conversa de verdade, então respondi com uma palavra
apenas — “Boa!” —, e esse foi o único contato que tivemos até vinte minutos
atrás, quando ele escreveu para dizer que estava vindo me buscar para a festa.
Para mim, o beijo não aconteceu. Nossos lábios não se encontraram, e meu
corpo não ardeu. Não gemi quando minha língua preencheu a sua boca, e não
murmurei quando seus lábios tocaram aquele ponto sensível do meu pescoço.
Não aconteceu.
Mas… bom, se não aconteceu, então não tenho por que fugir da festa agora,
tenho? Porque não importa quão confusa e abalada o bei… o grande erro tenha me
deixado, ainda estou ansiosa por uma chance de ver sebastian fora da faculdade.

Mas não posso contar a verdade a valu. Em geral, sou tão confiante em outras
áreas da minha vida. No canto, nos trabalhos da faculdade, com os amigos.
Quando se trata de relacionamentos, porém, volto a ser aquela menina
traumatizada de quinze anos de idade que precisou de três anos de terapia para se
sentir normal de novo. Sei que valu não aprovaria se soubesse que estava usando
Ruggero  para chegar a Sebastian , e agora não estou com cabeça para sermões.
“Vai por mim,
‘furada’ é o nome do meio de Ruggero”
, digo, secamente. “O cara
trata a vida como um jogo.”
“E você, karol , está jogando o jogo dele?” Ela balança a cabeça,
incrédula. “Tem certeza de que não sente nada por esse cara?”
“Por Ruggero ? De jeito nenhum”
, respondo, depressa.
Aham. Porque você seeeempre dá uns amassos com os caras por quem não sente nada.
Afasto a provocação interna. Não, não dei um amasso em Ruggero . Estava
simplesmente respondendo a um desafio.
A voz zombeteira surge em minha mente mais uma vez. E você não sentiu
absolutamente nada, certo?
Argh, por que não dá para desligar o sarcasmo do cérebro? Mas sei que fazer
isso não vai apagar a verdade. Senti alguma coisa quando nos beijamos. Aquele
formigamento que Sebastian  provoca em mim? Senti com Ruggero . Mas foi diferente.
As borboletas não só flutuaram em minha barriga… fugiram e correram pelo meu
corpo inteiro, fazendo com que cada centímetro de mim pulsasse de prazer.
Mas não significou nada. Em dez míseros dias, Ruggero  deixou de ser um
estranho para se tornar um amigo irritante, mas isso é o máximo que estou
disposta a aceitar. Não quero sair com ele, não importa quão bem o sujeito beije.
Antes que valu possa continuar me pressionando, recebo uma mensagem de
Ruggero  me avisando que está aqui. Estou prestes a dizer para esperar no carro, mas
acho que temos definições diferentes de aqui, porque um segundo depois ouvimos
uma batida forte na porta.
Suspiro. “É Ruggero . Pode abrir, por favor? Só vou prender o cabelo.”
Valu sorri e desaparece. Escovo depressa o cabelo e ouço vozes na sala de estar,
seguidas por um protesto estridente e passos pesados na direção do meu quarto.
Ruggero  aparece na porta vestindo calça jeans azul-escura e um suéter preto, e
algo terrível acontece. Meu coração parece um golfinho e dá um pulinho idiota de
empolgação.
Empolgação. Quem diria.
Aquele bei… erro… mexeu mesmo com a minha cabeça.
Ele examina minhas roupas antes de arquear uma sobrancelha. “É isso que você vai vestir?”
“É”
, rebato. “Algum problema?”
Ele deita a cabeça de lado como se fosse a porcaria do Tim Gunn no Project
Runway. “Curti o jeans e as botas, mas a camisa não vai rolar.”
Dou uma conferida no suéter soltinho listrado de azul e branco, mas
sinceramente não vejo o que há de errado com ele. “Qual o problema?”
“Folgado demais. Achei que a gente já tinha falado sobre como você precisa
mostrar seus peitos de stripper.”
Uma tosse estrangulada surge atrás dele. “Peitos de stripper?”
, repete valu, ao
entrar no quarto.
“Ignore-o”
, aviso a ela. “É um machista.”
“Não, sou homem”
, corrige, e abre o sorriso que é sua marca registrada. “Quero
ver decotes.”
“Gosto deste suéter”
, protesto.
Ruggero  olha para valu . “Oi, meu nome é RUGGERO . E o seu?”
“valu. Colega de alojamento e melhor amiga de karol”
“Ótimo. Bom, pode dizer à sua colega de alojamento e melhor amiga que ela
parece uma vela de navio?”
Ela ri e, em seguida, para meu horror — traidora! —, concorda com ele. “Não
faria mal vestir algo mais justo”
, comenta, com muita delicadeza.
Olho feio para ela.
RUGGERO  sorri ainda mais. “Tá vendo? Estamos todos de acordo. Mostre a que veio
ou nem precisa vir, KAROL.”
Valu olha de mim para Ruggero , e sei exatamente o que está pensando. Mas ela
está errada. Não estamos a fim um do outro, muito menos namorando. Mas acho
que é melhor que ela pense isso do que saber que vou sair com ele para
impressionar alguém.
Ruggero  caminha a passos largos até o meu armário como se fosse o dele.
Quando enfia a cabeça de cabelos escuros lá dentro, valu me lança um sorriso.
Parece estar achando tudo muito divertido.
Ele passa os cabides para examinar minhas roupas, em seguida, puxa uma
camiseta preta fina. “Que tal?”
“De jeito nenhum. É transparente.”
“Então por que você tem?”
Boa pergunta.
Ele tira outro cabide, desta vez um suéter vermelho com um decote em V
enorme. “Este”
, diz, com um aceno de cabeça. “Você fica ótima de vermelho.”

Era Uma Vez Na Grécia (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora