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RUGGERO

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RUGGERO

Um rubor tinge suas bochechas de cor-de-rosa. Amo a rapidez com que ela vai
de séria e atrevida a tímida e inocente.
“Aliás, você não pode fazer isso no sábado”
, aviso.
“O quê, dar uma de stripper?”
, pergunta, com ironia.
“Não, ficar da cor de um tomate toda vez que faço um comentário pervertido.”
Karol  arqueia uma sobrancelha. “Quantos comentários pervertidos você
planeja fazer?”
Sorrio. “Depende do quanto beber.”
Ela deixa escapar um suspiro exasperado, e uma mecha de cabelo loiro  se solta
de seu rabo de cavalo e cai sobre a testa. Sem pensar, estico o braço e ajeito a
mecha atrás da orelha.
A tensão instantânea em seus ombros me faz franzir os lábios. “Você também
não pode fazer isso. Ficar toda tensa quando toco em você.”
Vejo o pânico em seus olhos. “Por que você iria tocar em mim?”
“Porque vamos estar num encontro. Você não me conhece? Sou cheio de mãos.”
“Bem, você pode guardar as suas mãos para si mesmo no sábado”
, afirma, com
afetação.
“Bom plano. Aí o seu gato vai achar que somos só amigos. Ou inimigos,
dependendo do quão nervosa você ficar.” Ela morde o lábio, e sua agitação
transparente apenas me faz provocá-la ainda mais. “Ah, e talvez eu beije você
também.”
Agora ela me queima com os olhos. “De jeito nenhum.”
“Você quer que Sebastian  pense que está a fim de mim ou não? Porque se quiser, vai
precisar pelo menos tentar agir como tal.”
“Isso vai ser difícil”
, diz, com um sorriso.
“Besteira. Você me adora.”
Ela bufa.
“Adoro essas bufadas que você dá”
, confesso, com franqueza. “E não deixa de ser
sexy.”
“Dá para parar?”
, resmunga. “Ele não tá aqui agora. Pode guardar o flerte para
sábado.”
“Estou tentando me acostumar com isso.” Faço uma pausa, como se estivesse
pensando em alguma coisa, mas a questão é que estou me divertindo horrores em
deixar karol desconfortável. “Na verdade, quanto mais penso no assunto, mais
fico me perguntando se não deveríamos fazer um aquecimento.”
“Aquecimento? Como assim?”
Deito a cabeça de lado. “O que você acha que faço antes de um jogo, karol ?
Acha que é só chegar no rinque e botar os patins? Claro que não. Pratico seis dias
por semana para estar pronto. Divido meu tempo entre o gelo e a sala de
musculação, assisto a gravações de jogos, tenho reuniões de estratégia. Pensa em
toda a preparação de antecedência que isso envolve.”
“Isto não é um jogo”
, afirma, irritada. “É um encontro falso.”
“Mas precisa parecer real para o seu gato.”
“Alguma hora você vai parar de chamá-lo assim?”
Não, não tenho planos de parar. Gosto de como ela fica nervosa. Na verdade,
gosto de irritá-la, ponto. Toda vez que  karol  fica com raiva, seus olhos verdes se
acendem e suas bochechas se tingem do tom mais bonito de rosa.
“Pois então”
, digo com um aceno de cabeça. “Se vou tocar e beijar você no
sábado, acho que é imperativo ensaiarmos.” Lambo os lábios de novo.
“Minuciosamente.”
“Eu não sei dizer se você está brincando comigo agora.” karol  solta um
suspiro irritado. “De qualquer forma, não vou deixar você me tocar nem me beijar,
por isso vai afastando essas suas ideias sujas da cabeça. Se está precisando gastar
um pouco de energia, liga para a cande”
“Ah, tá, até parece!”
Há uma pitada de sarcasmo no tom de karol . “Por que não? Você parecia
bem na dela ontem.”
“Foi coisa de uma noite só. E não adianta mudar de assunto.” Sorrio. “Por que
não quer me beijar?” Estreito os olhos. “Ah, merda. Só tem uma explicação.” Faço
uma pausa. “Você beija mal.”
Seu queixo cai de indignação. “Não, senhor.”
“Ah, é?” Reduzo a voz para um tom grave e sedutor. “Então prova.”



KAROL

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KAROL


Parece que acabei de voltar no tempo para os recreios na terceira série. A menos
que haja outra explicação para Ruggero  estar me provocando a beijá-lo.
“Não preciso provar nada”
, rebato. “Acontece que beijo muito bem. Infelizmente,
você nunca vai descobrir.”
“Never say never”
, responde ele, cantarolando.
“Obrigada por isso, Justin Bieber. Mas não, não vai rolar, cara.”
Ele suspira. “Entendi. Você está se sentindo intimidada pelo vigor da minha
masculinidade. Relaxa, acontece o tempo todo.”
Ai, que saco. Ainda me lembro dos dias — há uma semana — em que Ruggero  não fazia parte da minha vida. Quando não tinha que ouvir seus
comentários arrogantes nem ver seus sorrisos de cafajeste ou me meter numa
guerra de flertes na qual não tenho interesse algum.
Só que  Ruggero é muito, muito bom numa coisa em particular: lançar desafios.
“O medo faz parte da vida”
, diz, solenemente. “Não se deixe abater por ele,
Karol . Todo mundo passa por isso.” Ruggero se reclina nos cotovelos, cheio de si.
“Sabe de uma coisa, vou pegar leve com você. Se está com medo de me beijar, não
vou te obrigar.”
“Medo?”
, retruco. “Não estou com medo, seu idiota. Só não quero.”
Ele exala outro suspiro. “Então acho que voltamos às questões de autoconfiança.
Não se preocupe, tem um monte de gente por aí que beija mal, gatinha. Tenho
certeza de que, com prática e perseverança, um dia você vai ser capaz de…”
“Tá bom”
, interrompo. “Anda logo.”
Ele se cala, os olhos arregalados de surpresa. Rá. Então não estava esperando que
eu fosse pagar pra ver.
Nossos olhares se fixam um no outro por séculos. Ele está supondo que eu
volte atrás, mas tenho certeza de que ele vai recuar primeiro. Talvez seja infantil
da minha parte, mas Ruggero  já conseguiu exatamente o que queria com essa
história de aula. Dessa vez, eu quero ganhar.
Mas o subestimei de novo. Seus olhos castanhos  se escurecem, adquirindo um tom de café  metálico, e, de repente, transmitem calor. Um calor e um brilho
de autoconfiança, como se estivesse certo de que não vou até o final.
Identifico essa certeza no tom desdenhoso que usa quando finalmente fala.
“Tudo bem, vamos ver como você se sai, então.”
Hesito.
Puta que pariu. Ele não pode estar falando sério.
E não posso mesmo estar considerando este desafio absurdo. Não me sinto
atraída por Ruggero  e não quero beijá-lo. Fim de papo.
Só que… bem, na verdade, não parece o fim de nada. Meu corpo está em chamas,
e minhas mãos estão tremendo, não de nervoso, mas de ansiedade. Quando
imagino sua boca contra a minha, meu coração dispara mais rápido do que uma
faixa de hip-hop.
Qual é o meu problema?
Ruggero  se aproxima. Nossas coxas estão se tocando agora, e devo estar
alucinando, porque acabo de ver uma veia pulsando no meio de seu pescoço.
Ele não pode querer isso… pode?
As palmas das minhas mãos ficam úmidas, mas evito limpá-las na legging
porque não quero que perceba como estou nervosa. Tenho total consciência do
calor que irradia da sua coxa coberta pela calça jeans, o cheiro fraco da loção pós-
barba almiscarada, a ligeira curva em sua boca enquanto aguarda o meu próximo
passo…
“Vamos lá”
, provoca. “Não temos a noite toda, gata.”
Agora estou arrepiada. Que se dane. É só um beijo, né? Nem sequer tenho que
gostar disso. Calar essa boca arisca já vai ser recompensa suficiente.
Arqueando uma sobrancelha, toco sua bochecha.
Sua respiração se acelera.
Deslizo o polegar sobre a mandíbula, bem devagar, esperando para ver se ele vai
me interromper, e quando ele não o faz, aproximo lentamente a boca da dele.
No instante em que nossos lábios se tocam, a coisa mais estranha acontece.
Ondas pulsantes de calor se espalham dentro de mim, começando pela boca e
baixando por meu corpo, formigando a pontinha de meus seios antes de descer
um pouco mais. Ele tem o gosto do chiclete de hortelã que passou a noite
mascando, e o sabor mentolado toma conta de minhas papilas gustativas. Meus
lábios se abrem por vontade própria, e Ruggero  tira o máximo proveito disso,
deslizando a língua para dentro. Quando nossas línguas se envolvem, ele deixa
escapar um ruído grave e rouco no fundo da garganta, e o som erótico vibra
através do meu corpo.

Era Uma Vez Na Grécia (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora