“Imaginei que você iria querer se divertir um pouco antes dos treinos
recomeçarem”
, diz ela, os dedos de unhas feitas brincando com o pequeno laço
rosa no centro do sutiã.
“Acertou.”
Seus lábios se curvam num sorriso, e ela fica de joelhos. Cara, os peitos quase
pulam da coisa rendada que está usando. Ela me chama com o indicador. “Vem
cá.”
Não perco tempo e caminho a passos largos na direção dela. Porque… mais uma
vez… Sou homem.
“Acho que você está um pouco vestido demais”
, observa. Em seguida, segura o
cós da minha calça jeans e abre o botão. Baixa o zíper, e, um segundo depois, meu
pau está em sua mão. Faz algumas semanas que não coloco roupa para lavar, por
isso não tenho usado cueca até ajeitar melhor minha vida, e, pela forma como os
olhos dela brilham, sei que gostou do que encontrou.
Quando me envolve com os dedos, deixo escapar um gemido da garganta. Isso.
Não tem nada melhor do que a sensação da mão de uma mulher em seu pau.
Não, minto. A língua de Emilia entra em jogo, e, puta merda, é muito melhor
do que a mão.
Uma hora depois, Emília se aconchega em mim e deita a cabeça em meu peito.
Nossas roupas estão espalhadas pelo chão do quarto, junto com duas embalagens
vazias de camisinha e um tubinho de lubrificante que nem chegamos a usar.
Esse negócio de ficar abraçado me deixa apreensivo, mas não posso exatamente
expulsá-la de casa depois de todo o esforço que fez para me agradar.
E isso também me preocupa.
Mulheres não se enfeitam com lingerie cara para uma aventura de uma noite só,
não é? Eu diria que não, e as próximas palavras de Emilia confirmam meus
pensamentos incômodos.
“Senti sua falta, gato.”
A primeira coisa que me vem à cabeça é merda.
E a segunda, por quê?
Afinal, durante todo o tempo em que ficamos, Emília não fez o menor esforço
para me conhecer. Quando não estávamos fazendo sexo, ela só falava dela própria
sem parar. É sério, acho que, desde que nos conhecemos, nunca fez uma pergunta
pessoal ao meu respeito.
“Hmm…” Tento encontrar as palavras, qualquer sequência que não consista em também, senti, sua e falta. “Tenho andado meio ocupado. Sabe como é, as provas.”
“Claro. Somos da mesma faculdade. Também estava estudando.” Sua voz soa
ligeiramente mais ríspida. “Sentiu minha falta?”
Não acredito! Como responder a essa pergunta? Não vou mentir, porque isso só
lhe daria esperanças. Mas não posso ser um babaca e admitir que ela nem sequer
passou pela minha cabeça desde a última vez que a gente ficou.
Emília senta na cama e franze a testa. “É uma pergunta que só dá para
responder com sim ou não, Ruggero . Você. Sentiu. Minha. Falta?”
Meu olhar desvia para a janela. Isso aí, moro no segundo andar e estou
considerando saltar pela janela. Tamanho é o meu desespero para evitar essa
conversa.
Mas meu silêncio fala mais alto, e, de uma hora para a outra, Emília pula da
cama, os cabelos louros voando em todas as direções, e junta suas coisas. “Ai, meu
Deus. Você é um babaca! Nem liga para mim, não é, Ruggero ?”
Levanto e disparo em direção à minha calça jogada no chão. “ queria o que flores ? Foi você que veio atras de mim se oferecer ”
, protesto. “Mas…”
Ela veste a calcinha, irritada. “Mas o quê?”
“Mas achei que a gente estava na mesma. Não quero nada sério agora.” E lanço
um olhar furioso na direção dela. “Avisei isso desde o início.”
Sua expressão se suaviza, e Emilia morde o lábio. “Eu sei, mas… só achei que…”
Sei exatamente o que achou — que me apaixonaria perdidamente por ela, e que
o nosso caso se transformaria numa porcaria de Diário de uma paixão.
Sério, não sei por que me dou ao trabalho de explicar as regras do jogo. Por
experiência própria, mulher nenhuma entra numa relação sem compromisso
achando que vai continuar sem compromisso. Ela pode dizer que não, quem sabe
até se convencer de que topa esse negócio de sexo casual, mas, lá no fundo, torce e
reza para que a relação se transforme em algo mais profundo.
É aí que eu, o vilão em minha comédia romântica pessoal, entro em cena e
estouro a bolha de esperança, apesar de nunca ter escondido minhas intenções ou
a enganado, nem mesmo por um segundo.
“O hóquei é a minha vida”
, digo, rispidamente. “Treino seis dias por semana,
jogo vinte partidas por ano… mais, se chegarmos às finais. Não tenho tempo para
uma namorada, Emilia . E você merece muito mais do que posso oferecer.”
A infelicidade turva seus olhos. “Não quero uma aventura casual atrás da outra.
Quero ser sua namorada.”
Mais um por quê? quase me salta pela boca, mas mordo a língua. Se ela tivesse
demonstrado qualquer interesse em mim fora do sentido carnal, poderia acreditar nisso, mas como esse nunca foi o caso, chego a pensar que a única razão para
Emília querer um relacionamento comigo é porque sou algum tipo de símbolo
de status para ela.
Engulo a frustração e ofereço outro pedido de desculpas desajeitado. “Sinto
muito. Mas é a minha palavra final.”
Enquanto abotoo a calça, ela se concentra em vestir suas roupas. Embora roupas
seja uma espécie de exagero — Emília está só de lingerie e sobretudo. Isso
explica por que Agustín e jorge estavam rindo feito dois bobos quando entrei em
casa. Porque quando uma menina bate à sua porta de sobretudo, você sabe muito
bem o que tem debaixo dele.
“A gente não pode mais se ver”
, anuncia ela, afinal, o olhar cruzando o meu. “Se
a gente continuar fazendo… isso… só vou ficar mais apegada.”
Não tenho como argumentar, então nem tento. “Mas pelo menos a gente se
divertiu, não foi?”
Depois de um instante de silêncio, ela sorri. “É, a gente se divertiu.”
Emília se aproxima e fica na ponta dos pés para me beijar. Eu a beijo de volta,
mas não com a mesma paixão de antes. Mantenho a linha. E o respeito. O caso
acabou, e não vou mais dar esperanças.
“Dito isso…” Seus olhos brilham, travessos. “Se mudar de ideia sobre essa
história de namorada, é só me avisar.”
“Você vai ser a primeira a saber”
, prometo.
“Ótimo.”
Ela estala um beijo em minha bochecha e sai pela porta, me deixando para trás,
bobo de ver o quão fácil foi tudo isso. Tinha me preparado para uma briga, mas,
fora a explosão inicial de raiva, Emilia aceitou a situação muito bem.
Se todas as mulheres fossem tão agradáveis quanto ela…
É isso aí, estou falando da tal karol.
Sexo sempre me desperta o apetite, então desço até o térreo em busca de comida
e fico feliz em descobrir que sobrou um pouco de arroz com frango frito do Jorge ,
o chef da casa, porque o restante de nós é incapaz de ferver água sem se queimar.
Jorge , por outro lado, cresceu no Chile com uma mãe solteira que o ensinou a
cozinhar quando ainda sujava a fralda.
Eu me acomodo na bancada, enfio um pedaço de frango na boca e vejo Agustín se
aproximar só de cueca xadrez.
Ele levanta uma sobrancelha ao me ver. “Ei. Não achei que fosse encontrar você
por aqui esta noite. Imaginei que iria estar MOT.”
“MOT?”
, pergunto, entre uma mordida e outra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era Uma Vez Na Grécia (Terminada)
FanfictionO destino nos fez inimigos. Eu nos fiz amantes. Em um mundo diferente, seríamos perfeitos um para o outro. Mas não estamos nesse mundo.