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Ruggero

Karol  chega uns vinte minutos depois de mim e dos caras. Não a busquei
porque o ensaio atrasou, e ela insistiu que não tinha problema em pegar um táxi.
Também insistiu em passar no alojamento primeiro para tomar um banho e
trocar de roupa, e, ao pousar os olhos nela, apoio a decisão do fundo do coração.
Está absolutamente linda de legging, botas de salto alto e camiseta canelada. Tudo
preto, claro, mas à medida que se aproxima, fico procurando o item colorido, sua
marca registrada — e o vejo assim que vira a cabeça para cumprimentar jorge.
Um enorme prendedor de cabelos amarelo com pequenas estrelas azuis sobre os
fios loiros . Uma parte do cabelo ainda está solta e emoldura seu rosto corado.
“Oi”
, diz. “Tá sufocante aqui dentro. Ainda bem que não trouxe casaco.”
“Oi.” Eu me inclino e beijo sua bochecha. Teria preferido que fossem os lábios
deliciosos, mas, embora considere isso um encontro, tenho certeza de que Karol
não pensa da mesma forma. “Como foi o ensaio?”
“O de sempre.” Ela me oferece um olhar triste. “A mesma merda de sempre.”
“O que Benício , o Babaca, fez dessa vez?”
“Nada demais. Só continua agindo como o idiota que é.” Karol suspira.
“Ganhei a discussão sobre onde colocar a ponte no arranjo, mas ele venceu na
questão do segundo refrão. Sabe, a hora em que o coral entra.”
Solto um gemido alto. “Ah, pelo amor de Deus, karol . Você cedeu nisso?”
“Foi dois contra um”
, responde ela, sombriamente. “Ambar". decidiu que sua canção
precisava de um coral para alcançar o efeito máximo. Vamos começar a ensaiar
com eles na quarta-feira.”
Ela está obviamente muito chateada, então aperto seu braço e digo: “Quer uma
bebida?”.
Vejo seu pescoço se mover à medida que engole em seco. Demora um pouco a
responder. Só me olha nos olhos, como se estivesse tentando penetrar meu
cérebro. Acabo prendendo o fôlego, porque sei que algo importante está para
acontecer. Ou ela vai colocar sua confiança em minhas mãos, ou vai trancá-la a
sete chaves, o que seria o equivalente a um soco de sacudir o esqueleto, porque,
caramba, como quero que Karol  confie em mim.
Quando finalmente responde, sua voz é tão baixa que não posso ouvi-la por
causa da música.
“O quê?”
Ela expira e levanta a voz. “Eu disse ‘com certeza’.”
Com essas duas palavrinhas, meu coração infla feito um maldito balão de hélio.
A confiança de karol  chega às mãos de Ruggero .
Luto para manter a felicidade para mim mesmo, contentando-me com um aceno indiferente de cabeça enquanto a levo na direção do bar. “O que vai querer?
Cerveja? Uísque?”
“Não, quero algo gostoso.”
“Juro por Deus, karol , se você pedir Schnapps de pêssego ou uma bebida de
mulherzinha, não sou mais seu amigo.”
“Mas sou uma mulherzinha”
, reclama. “Por que não posso tomar uma bebida de
mulherzinha? Hmm, uma piña colada, talvez?”
Solto um suspiro. “Tudo bem. Melhor do que Schnapps, pelo menos.”
No bar, peço a bebida de kah e passo a examinar cada movimento do
barman. Kah  também está com olhos de águia em cima dele.
Com dois dos clientes mais vigilantes do planeta acompanhando a confecção da
piña colada do início ao fim, não há a menor chance de haver alguma droga na
taça que coloco na mão de Karol  poucos minutos depois.
Ela dá um pequeno gole, então sorri para mim. “Hmm. Delícia.”
A alegria em meu coração quase transborda. “Vamos lá, deixe-me apresentar
alguns dos caras.”
Pego seu braço de novo e caminhamos em direção ao grupo barulhento na mesa
de sinuca, onde a apresento a Birdie e a Simms. Agustín  e lionel  nos veem e se
aproximam, os dois cumprimentam karol  com um abraço. O de Agustín  é um
pouco longo demais, mas quando vejo seu olhar, a expressão é inocente. Talvez
seja apenas paranoia minha.
Mas que inferno, já estou competindo com Agustín  pela atenção de karol , e a
última coisa que quero é o meu melhor amigo entrando na disputa.
Só que… estou mesmo competindo? Ainda não tenho certeza do que quero com
ela. Digo, tudo bem, quero sexo. Quero muito, muito mesmo. Mas, se por algum
milagre, ela decidir me oferecer isso, e aí? O que acontece depois? Finco uma
bandeira no chão e aviso para o mundo que karol  é a minha namorada?
Namoradas são uma distração, e não posso ter distrações agora, sobretudo
porque há duas semanas corria riscos de perder meu lugar na equipe.
Não concordo com meu pai em muitas coisas, mas quando se trata de foco e
ambição, pensamos da mesma forma. Vou virar profissional depois de me formar.
Até lá, preciso me concentrar em tirar boas notas e conduzir meu time para mais
uma vitória no Frozen Four. Falhar não é uma opção.
Mas ver karol  ficando com outro cara?
Também não é uma opção.
Apresento-lhes a cruz e a espada.
“Ai, meu Deus, isso é tão bom”
, diz karol , ao dar mais um gole profundo.
“Quero outro.”
Rio. “Que tal você terminar esse primeiro, depois a gente decide sobre um
refil?”
“Tá”
, bufa ela. Então vira a bebida num dos goles mais rápidos que já
testemunhei, lambe os beiços e sorri para mim. “E aí. Que tal um refil?”
Não posso lutar contra o sorriso que se estende por todo o meu rosto. Rapaz,
tenho a impressão de que karol  vai ser uma bêbada muito… interessante.
E estou absolutamente certo.
Três piñas coladas depois, karol  está no palco cantando no karaokê.
Isso mesmo. Bêbada do tipo que sobe no karaokê.
O que salva é que ela é uma cantora fenomenal. Não posso imaginar quão
deprimente seria se estivesse bêbada e tivesse uma voz de taquara rachada.
O bar inteiro está louco por ela. Karol  está cantando “Bad Romance” e quase
todo mundo está acompanhando, até alguns dos meus colegas de time mais
embriagados. Pego-me sorrindo feito um idiota enquanto olho para o palco. Não
há nada de indecente no que está fazendo. Nenhuma sugestão de que vai tirar a
roupa nem movimentos sugestivos. Karol  joga a cabeça para trás animada, as
bochechas coradas e os olhos brilhando ao cantar, e é tão bonita que me dói o
peito.
Foda-se, quero outro beijo. Quero sentir seus lábios nos meus. Quero ouvir
aquele barulho gutural que ela fez na primeira vez que chupei sua língua.
Perfeito. Agora estou duro feito tronco, no meio de um bar com todos os meus
amigos.
“Ela é incrível!”
, grita Agustín , aproximando-se. Está com um sorriso enorme
também, assistindo a karol , mas noto um brilho estranho em seus olhos. Parece
um brilho de… interesse.
“Ela é aluna de música”
, é a única resposta idiota que sou capaz de dar, porque
estou muito distraído com a expressão dele.
Ao final da música, karol  é ovacionada. Um segundo depois, lionel  sobe no
palco e sussurra algo em seu ouvido. Parece estar tentando convencê-la a cantar
com ele, mas fica tocando seu braço nu enquanto derrama sua lábia, e não há
dúvidas sobre o desconforto nos olhos de karol .
“Minha deixa para salvá-la”
, digo, antes de abrir caminho entre a multidão.
Quando chego ao pé do palco, coloco as mãos ao redor da boca e chamo por
__ Karol sevilla , traga essa bunda gostosa aqui!”
Sua expressão se ilumina ao me ver. Sem hesitar por um momento, mergulha do palco para os meus braços à sua espera e gargalha quando a giro no ar. “Ai,
meu Deus, isso é tão divertido!”
, exclama. “A gente precisa vir sempre aqui!”
Com o riso fazendo cócegas em minha garganta, avalio seu rosto, tentando
estabelecer em qual grau da minha escala incrivelmente precisa de bêbados ela se
enquadra, considerando que um é sóbrio e dez é acordei sem roupas em Portland sem
a menor lembrança de como cheguei aqui. Como seus olhos estão vivos e ela não está
enrolando as palavras nem tropeçando, decido que deve estar perto do cinco —
alegre, mas consciente.
E talvez isso faça de mim um arrogante, mas amo ser o cara que a deixou assim.
Em quem ela confiou o bastante para cuidar dela de forma que pudesse se soltar e
se divertir.
Com outro sorriso reluzente, karol  pega a minha mão e começa a me arrastar
para longe da pequena pista de dança.
“Para onde estamos indo?”
, pergunto com uma risada.
“Preciso fazer xixi! E você prometeu ser meu guarda-costas, o que significa que
vai ter de esperar fora do banheiro e ficar de guarda.” Seus olhos verdes
hipnotizantes me fitam, brilhando com uma pontada de dúvida. “Você não vai
deixar nada de ruim acontecer comigo, vai, Ruggero ?”
Um nó do tamanho de Massachusetts se aloja em minha garganta. Engulo em
seco e tento falar por cima dele. “Nunca.”

Era Uma Vez Na Grécia (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora