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Estou doida para contar a valu  sobre o que acaba de acontecer, mas não tenho oportunidade

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Estou doida para contar a valu  sobre o que acaba de acontecer,
mas não tenho oportunidade. No segundo em que entro na sala, me deparo com
os noventa quilos e os quase dois metros de Ruggero pasquarelli  bloqueando meu
caminho.
“ Sevilla ”
, diz, animado. “Você é a última pessoa que esperava ver aqui hoje.”
Como sempre, sua presença me faz ficar tensa de novo. “Ah, é? Por quê?”
Ele dá de ombros. “Não achei que festas de fraternidade fossem a sua cara.”
“Bom, você não me conhece, lembra? Talvez eu seja arroz de festa.”
“Mentirosa. Teria visto você antes.”
Ele cruza os braços sobre o peito, uma pose que faz os bíceps flexionarem.
Reparo na pontinha de uma tatuagem aparecendo debaixo da manga, mas não dá
para ver o que é, só que é preta e parece complexa. Chamas, talvez?
“E aí, sobre esse negócio das aulas… acho que a gente devia parar um minuto
para montar uma agenda.”
Uma onda de irritação sobe a minha coluna. “Você não desiste, não é?”
“Nunca.”
“Pois pode começar a desistir, porque não vou dar aula para você.” Estou
distraída. Sebastian  voltou para a sala, o corpo alto e ágil movendo-se pela multidão
em direção à mesa de sinuca. Está na metade do caminho, quando uma morena
bonita o intercepta. Para minha surpresa, ele para e conversa com ela.
“Por favor,  Sevilla , ajude o cara aqui”
, implora Ruggero
Sebastian  ri de algo que a menina disse. Do mesmo jeito que estava rindo para
mim há um minuto. E quando ela toca seu braço e se aproxima, ele não se afasta.
“Olha, se você não quiser se comprometer com o semestre inteiro, pelo menos
me ajude a passar na prova. Vou ficar te devendo essa.”
Já não estou mais prestando a menor atenção em Ruggero . Sebastian  se abaixa para
sussurrar junto à orelha da menina. Ela ri, suas bochechas se coram, e meu
coração desce até a barriga.
Tinha tanta certeza de que a gente tinha tido uma… conexão. E ele já está
flertando com outra pessoa?
“Você não tá me ouvindo”
, acusa  Ruggero . “Tá olhando pra quem?”
Afasto os olhos de Sebastian  e da morena, mas não rápido o suficiente.
Ruggero  abre um sorriso ao notar o meu olhar. “Qual deles?”
, exige saber.
“Qual deles o quê?”
Ele aponta com a cabeça para sebastian , em seguida, vira um metro e meio para a
direita, onde vejo lionel conversando com seus amigos de república. “ lionel  ou
Vila lobos … com quem você quer trepar?”
“Trepar?” Ele consegue minha atenção de volta. “Eca. Quem fala esse tipo de
coisa?”
“Tudo bem, prefere que diga de outro jeito? Com quem você quer transar — ou
fazer amor, se essa for a sua praia.”
Faço uma cara feia. O cara é um babaca.
Quando fico em silêncio, ele responde por mim. “vila lobos ”
, conclui. “Vi você
dançando com lionel  antes, e, definitivamente, seus olhos não estavam
brilhando por ele.”
Não confirmo nem nego. Simplesmente me afasto. “Tenha uma boa noite,
Ruggero .”
“Odeio ser eu a dar a notícia, mas não vai acontecer,  Sevilla . Você não faz o tipo
dele.”
Uma sensação de raiva e vergonha toma conta de minha barriga. Uau. Ele
acabou mesmo de dizer isso?
“Obrigada pela dica”
, respondo com frieza. “Agora, se me dá licença…”
Ruggero  tenta me segurar pelo braço, mas eu o atropelo e o deixo no vácuo.
Procuro por valu  pela sala e não demoro a vê-la aos beijos com Sean no sofá. Não
quero interrompê-los, por isso dou meia-volta em direção à porta.
Meus dedos tremem ao digitar uma mensagem para ela, avisando que fui
embora. A avaliação direta de ruggero — você não faz o tipo dele — ecoa em minha
mente como um mantra depressivo.
Mas, verdade seja dita, é justamente o que eu precisava ouvir. E daí se sebastian
falou comigo no corredor? É claro que não significou nada, porque no minuto
seguinte ele xavecou outra pessoa. É hora de encarar a realidade. Sebastian e  eu não
vamos ficar, não importa o quanto eu queira.
Que burrice a minha vir aqui hoje.
Ondas de vergonha varam meu corpo, enquanto deixo a casa Sigma e saio na
brisa fria da noite. Me arrependo de não ter trazido um casaco, mas não queria
ficar com as mãos ocupadas a noite inteira e achei que aguentaria as temperaturas
de outubro nos cinco segundos entre o táxi até a porta da frente.
Valu  me responde assim que piso na varanda, oferecendo-se para sair e me fazer
companhia até o táxi chegar, mas digo a ela para ficar com o namorado. Pego o
número do serviço de táxi da faculdade e, quando estou prestes a digitar no
celular, ouço o meu nome. Digo, uma variação irritante dele.
“ Sevilla . Espere.”
Desço os degraus da varanda dois de cada vez, mas Ruggero  é muito mais alto do
que eu, o que significa que tem uma passada mais comprida e me alcança em dois segundos.
“Por favor, espere.” Ele me detém pelo ombro.
Afasto sua mão e me viro para encará-lo. “O que foi? Resolveu me ofender um
pouco mais?”
“Não queria ofender você”
, reclama ele. “Só estava constatando um fato.”
Que ódio. “Nossa. Obrigada.”
“Merda.” Ele parece frustrado. “Ofendi você de novo. Não foi minha intenção.
Não estou tentando dar uma de babaca, o.k.?”
“Claro que não está tentando. Você já faz isso naturalmente.”
Ele tem a cara de pau de sorrir, mas seu bom humor desaparece depressa.
“Olha, conheço o cara, tá legal? É amigo de um dos meus colegas de república e já
foi lá em casa algumas vezes.”
“Que bom pra você. Pode ficar com ele então, porque não estou interessada.”
“Ah, está sim.” Ele parece muito confiante, e o odeio por isso. “Só estou dizendo
que vila lobos  tem um tipo.”
“Tudo bem, então me diga, qual é o tipo dele? Não que eu esteja interessada ou
qualquer coisa assim”
, acrescento depressa.
Ele sorri como quem entendeu tudo. “Ah, sim. Claro que não está.” Em seguida,
dá de ombros. “Faz uns dois meses que entrou na universidade, não é? Até agora
só o vi com uma líder de torcida e duas integrantes da Kappa Beta. Sabe o que isso
me diz?”
“Não, mas isso me diz que você passa tempo demais prestando atenção em quem
os outros caras pegam.”
Ele ignora as farpas. “Isso me diz que v8la lobos  está interessado em garotas de certo
status social.”
Reviro os olhos. “Se isso é mais uma proposta de me fazer popular, vou ter que
deixar passar.”
“Ei, se você quer chamar a atenção de sebastian , vai ter que fazer algo drástico.” Ele
faz uma pausa. “Tô dizendo que a proposta de sair com você ainda está de pé.”
“E continuo recusando. Agora, se me dá licença, preciso chamar um táxi.”
“Não, não precisa.”
A tela do meu celular apagou, e digito minha senha depressa, para desbloqueá-
lo.
“É sério, não precisa”
, insiste Ruggero  “Te deixo em casa.”
“Não preciso de motorista.”
“É isso que taxistas são. Motoristas.”
“Não preciso de você como meu motorista”
, me corrijo.

Era Uma Vez Na Grécia (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora