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RUGGERO

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RUGGERO

Nunca foi meu sonho estudar na Grécia e nem estava nos meus  planos porém  não  tive escolha quando  meu pai decidiu mudar toda minha vida

Enfim o que me restou foi aceitar solto um suspiro audivel  e alguém  se assusta Também me assusto, porque achei que estivesse aqui com minha tristeza
sozinho. Mas a menina que senta na última fileira continua no auditório e está
descendo até a mesa de Tamara .
Ked?
Keit?
Não lembro o nome dela. Vai ver é porque nunca me dei ao trabalho de
perguntar. Mas ela é interessante. Bem mais do que eu pensava. Rosto bonito,
cabelo loiro mel, gostosa — cacete, como nunca prestei atenção nesse corpo antes?
Mas agora reparo. Calça justa acompanhando as curvas, a bunda arrebitada e
implorando “me aperta”
, o suéter de gola V abraçando uma comissão de frente de
respeito. Porém, não tenho tempo de admirar nenhuma dessas qualidades, porque
ela percebe meu olhar encarando-a, e seus lábios se franzem.
“Tudo bem?”
, pergunta, com uma expressão mordaz.
Murmuro algo incompreensível. Não estou a fim de conversar com ninguém
agora.
Ela ergue uma das sobrancelhas  para mim. “

___Desculpa, em que língua foi
isso?”
Amasso a prova e empurro a cadeira de volta para o lugar. “

___Falei que tudo
bem.”
___ Então tá. Dá de ombros e continua a descer os degraus.
Enquanto ela pega a prancheta com a escala da professora assistente, visto o
casaco do time de hóquei, enfio a prova ridícula na mochila e fecho o zíper.
A menina de cabelos loiro  volta até o corredor entre as cadeiras. Ked?
Keit ? Acho que o k  está certo, mas não tenho a menor ideia do restante. Traz
sua prova na mão, mas nem perco tempo tentando ver a nota, porque imagino
que tenha ido mal como todo mundo.
Deixo-a passar e saio da minha fileira para o corredor. Poderia dizer que foi o
meu lado cavalheiresco, mas seria mentira. Quero dar mais uma conferida nessa
bunda, porque é mesmo uma bunda bem gostosa, e, agora que já vi, posso muito
bem olhar de novo. Sigo-a até a porta do auditório e, de repente, me dou conta de
como é baixinha — estou um degrau abaixo dela e consigo ver o topo de sua
cabeça.
Assim que chegamos à porta, ela tropeça em absolutamente coisa nenhuma e
seus livros se espalham no chão.
__ Droga. Sou tão desastrada
Ajoelha-se, e eu também, porque, ao contrário do que acabei de dizer, posso sim
ser um cavalheiro quando quero, e a coisa educada a fazer é ajudá-la a pegar os livros.
__ Ah, não precisa. Pode deixar
, insiste.
Mas minha mão já pegou sua prova, e meu queixo despenca assim que vejo a
nota.
__ Cacete. Você gabaritou?
, me espanto.
Ela me lança um sorriso autodepreciativo.
__ Pois é, nem acredito. Tinha certeza
de que tinha mandado mal.”
__ Caramba. Começo a me sentir como se tivesse acabado de topar com o
próprio Sócrates , e ele exibisse os segredos do universo bem debaixo do
meu nariz.
__ Posso ver suas respostas?
Ela ergue as sobrancelhas de novo. __.Meio atiradinho da sua parte, não? A gente
nem se conhece.
Reviro os olhos.
__Não estou pedindo para você tirar a roupa, gata. Só quero dar
uma olhada na sua prova.
__ Gata? Tchau, atiradinho; oi, presunçoso.
__ Você prefere senhorita? Ou madame? Usaria seu nome, mas não sei.
__ Claro que não. Ela suspira. “ karol
, e, após uma pausa forçada: “ Ruggero .”
Tá, eu tinha errado feio com o negócio do keit.
E também não me passou despercebido o jeito como ela pronunciou o meu
nome, como se dissesse: Está vendo, eu sei o seu, babaca!
Ela pega o restante dos livros e se levanta, mas não lhe entrego a prova. Em vez
disso, fico em pé e começo a passar as páginas. Ao correr os olhos por suas
respostas, meu humor despenca ainda mais, porque se esse é o tipo de análise que
Tamara espera, estou ferrado. Caramba, estou estudando história por um motivo
— lido com fatos. Preto no branco. Tal coisa aconteceu a tal pessoa e aqui está o
resultado.
As respostas de karol  giram em torno de baboseira teórica e de como os
filósofos responderiam a diversos dilemas morais.
__ Obrigado! Devolvo a prova e, enfiando os polegares nos passadores da calça
jeans, arrisco: __Ei, escuta. Você… acha que poderia…”. Dou de ombros. “Você
sabe…”
Ela treme os lábios como se estivesse fazendo força para não rir. 
__Na verdade,não sei, não.”
Solto um suspiro.
__Topa me dar umas aulas?”
Seus olhos verdes — os olhos verdes mais escuros que já vi, delineados por
grossos cílios pretos — vão de surpresos a céticos em segundos.
__ Eu pago
, acrescento, às pressas.

__ Ah. Hmm. Bom, é claro que eu cobraria. Mas…” Ela balança a cabeça Desculpa. Não posso.”
Disfarço a decepção.
_Vamos lá, quebra essa pra mim. Se eu me sair mal na
segunda chamada, minha média vai pro saco. Por favor?” Abro um sorriso, o que
faz minhas covinhas aparecerem, e isso nunca falha em derreter corações.
__ Isso costuma funcionar?”
, ela pergunta, curiosa.
__ O quê?”
__Esse sorriso de menino pidão… te ajuda a conseguir as coisas?”
__ Sempre”
, respondo, sem hesitar.
__ Quase sempre”
, me corrige. “Olha, sinto muito, mas realmente não tenho
tempo. Já estou conciliando trabalho e estudo, e com o festival de inverno
chegando, vou ter ainda menos tempo.”
__ Festival de inverno?”
, pergunto, sem entender.
__ Ah, esqueci. Se não for sobre hóquei, então você não sabe o que é.”
__ Quem está sendo presunçosa agora? Você nem me conhece.”
Após uma pausa, ela solta um suspiro. __ Estou cursando música, entendeu? E o
departamento de artes organiza duas apresentações por ano, o festival de inverno e
o de primavera. O de inverno garante uma bolsa de cinco mil dólares. É um
evento grande, na verdade. Gente importante do mercado viaja o país inteiro para
acompanhar. Agentes, produtores, caça-talentos… Então, por mais que adore a
ideia de ajudar você…”
__Adora coisa nenhuma
, resmungo.
_Você está com uma cara de que nem
queria estar falando comigo.”
O movimento de desdém que ela faz com os ombros é de tirar do sério. __ Está na hora do meu ensaio. É uma pena que você vá reprovar nessa matéria, mas, para
você se sentir melhor, todo mundo vai.”
Estreito os olhos.
__Menos você.”
__ Está fora do meu controle. Tamara  parece gostar do meu tipo de baboseira. É
um dom.”
__ Bom, quero esse dom. Por favor, mestre, me ensina a arte da baboseira.”
Estou a dois passos de me jogar de joelhos no chão e implorar, mas karol
segue até a porta.
__ Tem um grupo de estudos, sabia? Posso passar o telefone…”
__ Já estou no grupo de estudos
, murmuro.
__ Ah. Nesse caso não posso fazer muito mais por você. Boa sorte com a segunda
chamada. Gato.”
Ela dispara em direção à porta e me deixa para trás, encarando o vazio,
frustrado. Inacreditável. Todas as meninas da faculdade dariam um braço para me ajudar. Mas essa? Foge como se eu estivesse sugerindo que a gente matasse um
gato e fizesse um sacrifício ao demônio.
Agora estou de volta ao ponto em que estava antes de “karol que não atende por keit
me dar um lampejo mínimo de esperança.
Totalmente ferrado.

Era Uma Vez Na Grécia (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora