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Ruggero

Karol  está sem camisa.
Felizmente, está de sutiã.
Infelizmente, o sutiã é preto, rendado e transparente, e tenho uma visão perfeita
de seus mamilos por trás do tecido transparente.
Não olhe. Ela está bêbada.
Dou ouvidos à voz em minha cabeça e me proíbo de ficar encarando. E como
por nada nesse mundo vou conseguir tirar esse sutiã sem gozar nas calças, enfio a
camiseta por sua cabeça e torço para que não seja do tipo que odeia dormir de
sutiã.
“Me diverti muito hoje”
, balbucia karol , feliz. “Viu? Posso estar quebrada,
mas ainda consigo me divertir.”
Fico imóvel. “O quê?”
Mas ela não responde. Suas pernas nuas chutam o cobertor, e karol  entra
embaixo dele, ficando de lado com um pequeno suspiro.
Desmaia em poucos segundos.
Luto contra uma onda de mal-estar ao desligar a luz. Está quebrada? O que
significa isso?
Franzindo a testa, saio do quarto e fecho a porta silenciosamente atrás de mim.
As palavras enigmáticas de karol ecoam na minha cabeça, mas não tenho a
chance de refletir sobre elas, porque, assim que desço, Agustín  e jorge não perdem
tempo em me arrastar até a cozinha para uma rodada de shots.
“É o aniversário dele, cara”
, argumenta Agustín  quando me oponho. “Você tem
que tomar um shot.”
Acabo cedendo e aceito o copo. Nós três brindamos e viramos o uísque. O
álcool queima minha garganta e aquece meu estômago, e agradeço a sensação de
calor entorpecente que atravessa meu corpo. Passei a noite toda… desligado. Aquela
música idiota. As lágrimas de karol no bar. A confusão que ela provoca em
meus sentimentos.
Estou em carne viva e à flor da pele, e, quando Agustín  me serve outro copo, não
me oponho.
Com o terceiro, já não estou mais pensando em como me sinto confuso.
Depois do quarto, já não penso mais em nada.
São duas e meia da manhã quando finalmente arrasto meu corpo bêbado para o
segundo andar. A festa perdeu o fôlego. Sobraram apenas as maria-patins de lionel ,
deitadas no sofá com ele num emaranhado de braços e pernas nuas. Passo pela
cozinha e vejo jorge dormindo na bancada, ainda abraçando uma garrafa de
cerveja vazia. Agustín  sumiu em seu quarto há um tempo com uma morena bonita,
e, ao passar pela porta, ouço o tipo de gemidos e sussurros que me dizem que ele
está MOT.
Meu quarto está tomado pelas sombras quando entro. Pisco algumas vezes, e
logo meus olhos se acostumam com a escuridão e se deparam com um montinho
na cama no formato de karol. Estou muito cansado para escovar os dentes ou
seguir meu próprio regime de prevenção de ressaca — simplesmente fico de cueca
e deito ao lado dela.
Tento ser o mais silencioso possível ao me ajeitar, mas o farfalhar dos lençóis a
faz se mexer. Um gemido suave vara a escuridão, e então karol gira e pousa a
mão quente contra o meu peito nu.
Fico rijo. Digo, meu peito fica rijo. Lá em baixo, estou mais mole que um
pudim. Isso é o que chamo de pau de uísque, o que é muito triste, considerando
que só tomei cinco doses. Cara, eu e álcool realmente não combinamos.
Mesmo que quisesse tirar proveito de karol  agora, seria um inútil completo.
E merda, que coisa mais repugnante de se pensar. Nunca me aproveitaria dela.
Arrancaria meu próprio pau fora antes de o forçar em alguém.
Mas, aparentemente, só tem uma pessoa com boas intenções nesta cama hoje à
noite.
Meu pulso dispara quando os lábios macios tocam meu ombro.
“karol …”
, digo, com cautela.
Há um momento de silêncio. Uma parte de mim torce para que esteja
dormindo, mas karol  joga essa esperança pela janela, murmurando: “Ahn?”. Sua
voz é rouca e sensual pra caramba.
“O que você tá fazendo?”
, sussurro.
Seus lábios caminham do meu ombro até o pescoço, e então ela chupa minha
pele subitamente febril, encontrando um ponto específico que envia uma onda de
calor direto para o meu saco. Nossa. Meu pau pode não estar funcionando direito
agora, mas isso não significa que não possa me excitar. E, cacete, não há palavras
para descrever como estou excitado conforme a boca gulosa de karol explora
meu pescoço.
Sufoco um gemido, tocando seu ombro para interrompê-la. “Você não quer
fazer isso.”
“Nã-não. Você está errado. Quero sim.”
O gemido que vinha sufocando irrompe assim que ela sobe em cima de mim.
Suas coxas firmes envolvem minhas pernas. Seu cabelo faz cócegas em minha  clavícula à medida que ela se inclina para a frente.
Meu coração dispara num galope acelerado.
“Pare de se fazer de difícil”
, reclama.
E então me beija.
Ah, merda.
Eu deveria impedi-la. Muito, muito mesmo. Mas ela é quente e macia e cheira
tão bem que não consigo pensar direito. Sua boca se move ávida sobre a minha, e
a beijo de volta, ansioso, passando os braços ao redor dela e acariciando suas
costas enquanto nossos lábios se colam. Karol  tem gosto de piña colada e faz os
barulhos mais sensuais que já ouvi, chupando minha língua com força como se
não conseguisse se saciar.
“karol ”
, murmuro contra seus lábios famintos. “Nós não podemos.”
Ela lambe meu lábio inferior, então morde com força suficiente para provocar
um rosnado vindo da garganta. Merda. Merda, merda, merda. Preciso descarrilar o
trem da luxúria antes do ponto em que não tem mais volta.
“Amo o seu peitoral”
, sussurra, e, puta que pariu, agora está esfregando os seios
contra meu peito, e posso sentir os mamilos através da camisa.
Quero rasgar a porcaria da camisa. Quero enfiar esses mamilos eriçados na boca
e chupar. Mas não posso. E não vou.
“Não.” Enfio a mão em seu cabelo e agarro-o entre os dedos. “Nós não podemos
fazer isso. Não hoje.”
“Mas eu quero”
, murmura. “Eu te quero tanto.”
Karol  acabou de pronunciar as palavras que todo cara quer ouvir — eu te quero
tanto —, mas está bêbada, e não posso deixá-la fazer isso.
Sua língua brinca em minha orelha, e meus quadris se erguem do colchão. Ai,
caralho. Quero entrar nela.
É necessária uma força sobre-humana da minha parte para afastá-la do meu
corpo. Ela choraminga em protesto, mas quando toco suavemente sua bochecha, o
gemido se transforma num suspiro feliz.
“Nós não podemos fazer isso”
, digo rispidamente. “Você confiou em mim para
cuidar de você, lembra? Bom, estou cuidando você.”
Não consigo ver sua expressão no escuro, mas ela parece surpresa ao dizer:
“Ah”. Então se aconchega perto de mim, e fico tenso na mesma hora. Estou
preparado para estabelecer as regras de novo, mas ela simplesmente se aninha
contra o meu corpo e repousa a cabeça em meu peito. “Tudo bem. Boa noite.”
Tudo bem? Boa noite?
Será que ela realmente pensa que vou ser capaz de dormir depois do que acabou  de acontecer?
Mas karol  não está pensando. Não, apagou de novo como se fosse uma
lâmpada. E, à medida que sua respiração regular faz cócegas em meu mamilo,
engulo outro gemido e fecho os olhos, fazendo o melhor para ignorar o tesão
quente pulsando na virilha.
Demoro muito, muito tempo para dormir.

Era Uma Vez Na Grécia (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora