Capítulo 21 - A despedida e o pedido?

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Bianca

Aquela apresentação parecia mais a minha estreia e não a minha despedida tamanha era a minha ansiedade. Através dos bastidores eu vi que como sempre a plateia estava lotada. Os primeiros bailarinos estavam executando as suas coreografias com maestria.

Tudo estava perfeito! Acariciei a minha barriga e Angélica deu uma pequena mexida.

- Dando forças pra mamãe Angélica? A mamãe está uma pilha de nervos!

- Falando sozinha Bianca? - Alfredo perguntou me abraçando e dando um beijinho na minha testa. Eu o abracei pela cintura e ficamos assim uns bons trinta segundos.

- Nunca falo sozinha, esqueceu que eu estou sempre acompanhada?

- Hum... Estão estava conversando com a Angélica? Estava escutando os conselhos dela?

- Quase isso, na verdade estava falando pra ela que estou ansiosa.

Ele segura o meu queixo entre o polegar e o seu indicador me fazendo olhar diretamente para os seus olhos verdes.

Eu já disse pra vocês o quanto o Alfredo é bonito? Só não entendo como um cara tão lindo, culto e inteligente como ele podia ainda estar solteiro. Não que ele não tivesse namoradas e tal, mas acho que ele nunca se envolveu de verdade com ninguém. Ele era muito reservado, diria discretíssimo. Quando o conheci pensei que fosse gay, mas com o passar dos tempos e com o estreitamento da nossa amizade percebi que aquele jeito sensível e atencioso dele, era de quem lidava diretamente com a arte. Dizem que a primeira impressão é a que fica? Isso definitivamente não se aplica ao Alfredo Still.

- Posso saber o motivo dessa ansiedade? Você já fez isso tantas vezes sem conta. O que mudou desde a sua última apresentação até hoje?

- O problema é justamente esse Alfredo, a última apresentação não foi a última.

Ele sorri mostrando quase todos os seus dentes brancos.

- Por favor, vá lá naquele palco e faça o que você sabe fazer até de olhos fechados. Tenho certeza que será um sucesso como sempre foi.

Eu agradeço pela força e me preparo para entrar no palco, a plateia fica em silêncio admirando as nossas performances.

Essa apresentação seria única, pela primeira vez apresentaríamos a peça Giselle.

Vou contar para vocês a história: Giselle era uma aldeã que se apaixona perdidamente pelo jovem Albrecht, um nobre disfarçado de camponês. Quando Giselle descobre a traição, ela fica inconsolável e morre.

Quando eu enceno a morte de Giselle é possível ouvir os suspiros dos espectadores na plateia. Eu saio de cena para me preparar para o terceiro ato.

No segundo ato, Albrecht que ainda é apaixonado pela Giselle vai todas as noites visitar o seu túmulo.

As Willis, entram em cena e tentam tomar o espirito de Albrecht. As Willis são os fantasmas vampíricos de garotas noivas que morreram antes do dia do seu casamento. Sempre que um homem se aproxima, elas obrigam-no a dançar até a morte.

Se não fosse pelo amor eterno de Giselle por Albrecht, ele teria o seu espírito vital tomado.

No terceiro ato a Giselle dança no lugar de Albrecht e, dessa forma, impede que ele chegue à exaustão, quebrando o encanto das willis. No final, ela o perdoa.

Dancei com toda a minha emoção. Na primeira fileira do teatro a minha família antiga e a nova: Mamãe, Matheus, Juliana, Marta, Edgard e o Paulo. Até a Thally tinha vindo. Eu lhe mandei um convite, pensei que ela não viria, mas me surpreendi quando ela me ligou no celular confirmando a sua presença.

A Dança da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora