A Dança da Vida

Capítulo 25 - Ela vai me perdoar?

Matheus

Felicidade é uma coisa que não pode ser explicada, felicidade é uma coisa que só pode ser sentida. Eu estava feliz, e não precisava dizer isso pra ninguém, era visível aos olhos de todos.

Eu tinha casado com a mulher mais maravilhosa do mundo e logo teríamos a nossa filhinha em nossos braços. Seriamos uma família completa.

Olhei para a mulher que dormia serenamente ao meu lado na cama, os cabelos ruivos estavam espalhados pelo travesseiro como uma manta de fogo reluzente, eu não resisti e peguei uma mecha levando ao nariz e aspirando o cheiro dela.

Senti uma paz dentro de mim, como eu amava aquela mulher. Achava que nunca me apaixonaria, mas a Bianca entrou na minha vida para provar justamente o contrário. Bianca era o meu oásis no deserto.

Ela suspira durante o sono e leva a mão até a sua imensa barriga de oito meses, eu vejo o seu ventre ondulando, a Angélica já tinha acordado e estava em plena atividade. Como ela costuma se acalmar com o meu toque, coloco a minha mão sobre o local e ela fica quietinha.

Em poucas semanas a Angélica nasceria. Com quem ela pareceria? Será que ela teria os cabelos ruivos e os olhos âmbar da mãe, ou... Os cabelos negros e os olhos azuis iguais aos meus? Quem sabe uma mistura dos dois, uma bela ruiva de olhos azuis.

Senti uma melancolia tomar conta de mim, eu não tinha contado ainda a verdade para ela. Fecho os meus olhos e meus pensamentos viajam para o passado...

Alguns meses antes...

Eu fiquei olhando a tal de Carmem deixar a sala rebolando provocante até o quarto, o Olavo fazia o mesmo. Depois que ela fecha a porta as suas costas ele olha pra mim fixamente e diz.

- Então vamos conversar sobre o que o trouxe aqui?

O olhar dele é ansioso e isso só serviu para atiçar a minha curiosidade.

- Seja breve Olavo, tenho uma viagem marcada de volta para Mistral em três horas, e não tenho tempo a perder e acho que como homem de negócios você pense da mesma maneira.

- Claro que sim caro jovem, serei objetivo... Eu estou morrendo.

Ele falou assim, de supetão, olhei para ele perplexo, morrendo?

- Eu tenho câncer Matheus, estou fazendo alguns tratamentos, mas tenho poucas chances de vencer essa doença.

- A medicina está muito avançada hoje em dia Olavo, quando descoberto no inicio o câncer tem muitas chances de cura.

- Quando eu descobri o meu câncer era no inicio, fiz todo o tratamento e acreditava que estava finalmente curado, depois de dez anos ele voltou e dessa vez veio com força total, eu tenho poucas chances de vencê-lo. Consultei os melhores médicos do Brasil e exterior e minhas chances são muito poucas.

- Sinto muito. - lamentei. - Mas o que me trouxe aqui?

- A Bianca. - ele fala e os olhos dele brilham quando fala nela.

- Sua esposa? Não entendo.

- Eu sou o maior mulherengo e não sou o melhor marido para ela, mas do meu jeito meio torto eu a amo, e faria qualquer coisa para vê-la feliz.

Ele levanta e vai até o bar se servido de mais uma dose tripla de whisky.

- A Bianca quer ter um bebê, já tentamos de todas as maneiras, inclusive inseminação artificial, mas todas falharam e cada dia ela fica mais triste, pensa que o problema é com ela.