Capítulo 48 - Eu Vejo Você?

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Bianca

Nunca imaginei que um dia eu sentiria tanta raiva ao ver uma tulipa vermelha, a flor que era antes a minha favorita, acabou tornando-se o meu maior pesadelo.

- Você acha que isso é obra do Olavo? - Juliana pega o bilhete da minha mão e o joga de volta na caixa.

- Eu tenho certeza Ju, eu só não sei por qual motivo ele está fazendo isso e tenho até medo de descobrir. - solto o ar pela boca.
- Bianca? - ela se agacha ao meu lado e segura a minha mão. - Eu não vou usar frases como: Eu imagino como você está se sentindo, ou tudo vai dar certo ou seja forte. Embora eu creia em cada uma delas, certo? - eu sorrio para ela e aceno com a cabeça e Ju me sorri de volta. - Mas eu posso dizer o que eu estou pensando agora?

- Fique a vontade amiga, pode falar.

- Se esse infeliz do Olavo aparecesse na minha frente agora, eu o penduraria pelo saco de cabeça para baixo em um cadeirão cheio de óleo fervente! Eu jogaria água no óleo para espirar na cara dele e ia rir até doer o estômago.

Eu olho para ela com a sobrancelha levantada e minha boca num perfeito "O". Juliana está com uma falsa expressão de revolta e levo a mão a boca e não consigo conter a gargalhada que sai abafada entre meus dedos. A imagem do Olavo perdurado e com o óleo espirando na cara era tão surreal quanto cômica.

Juliana ri também e naquele momento me sinto leve, como se aquele problema "do além" nunca tivesse existido. Seco minhas lágrimas causadas pela crise de risos e abraço a minha amiga.

- Obrigada por me fazer rir Ju, estava a precisando disso. - rio novamente. - Nunca me passou pela cabeça que você fosse tão perversa.

Rimos mais uma vez e aquele assunto ficou esquecido por alguns momentos...

Matheus

Uma batida na porta e logo depois a cabeça morena da Mariana, minha recepcionista aparece no vão aberto.

- Dr Andrade, o Kavin foi o seu último paciente da manhã. - ela joga a franja para trás. - Gostaria de saber se o senhor vai precisar de mim ainda, o Julio veio me buscar para o almoço.

- Pode ir Mariana, eu vou levar a Bianca e a Angélica para almoçar em casa.

- Okay, o seu primeiro paciente da tarde será às 14h30min. - ela afasta a franja mais uma vez do rosto e eu não consigo conter o riso devido os seus modos exasperados.

- Algum problema Mari?

- Eu preciso cortar essa franja ela está me dando nos nervos. - bufa soprando a franja para cima.

- Mari, como você não precisa voltar antes das 14h00min, aproveite e vá até o salão cortar essa franja antes que você adquira LER (Lesão por Esforço Repetitivo). - digo zombeteiro.

- Farei isso. - ela sopra mais uma vez e sorri amarelo. - Obrigada e até mais tarde. - ela sai acenando e fecha a porta atrás de si.

Tiro o meu jaleco e organizo toda a minha mesa colocando as fichas dos meus pequenos pacientes em uma pilha. A Mariana se encarregaria de por todas de volta no porta arquivo.

Saio da minha sala desligando o ar condicionado e as luzes, tranco tudo e sigo para as escadas rolantes.

Bianca já estaria me esperando para que eu a levasse junto com a Angélica para casa. Ela tinha voltado a dar aulas no Studio B há uma semana. As turmas foram divididas entre ela e a Luciana que foi efetivada devido o seu excelente trabalho. Aos poucos Bianca estava se adaptando a sua nova rotina de Mãe, empresária e bailarina municipal.

A Dança da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora