A Dança da Vida

Capítulo 28 - Escutando o Coração?

"As vezes é preciso fazer a coisa errada e no final descobrir que acabou fazendo a coisa certa. " Kátia Tsubasa.

Matheus

Todos já tinham ido para as suas casas, restou apenas nós quatro, a Bianca tinha ido dar um banho na Angélica e eu fiquei ajudando a Dolores a arrumar o resto da bagunça que estava pela casa. Depois fui para o quarto e tomei um banho, quando estava indo para a cozinha beber agua escutei uma voz melodiosa que cantava uma cantiga de nanar em espanhol.

Parei de frente a porta do quarto de Angélica e fiquei observando as duas mulheres da minha vida. Bianca estava sentada na cadeira amamentando-a e era ela que cantava a canção bem baixinho, sua voz era melodiosa e doce. Se ela não tivesse escolhido a profissão de bailarina, podia muito bem ser cantora.

Percebendo a minha presença ela fixa seus olhos nos meus e ficamos ali presos na armadilha dos nossos olhares. Bianca me dá um sorriso e faz um gesto com a mão convidando-me a aproximar. Sento no braço da cadeira e lhe dou um beijo na testa. Não consigo colocar em palavras os sentimentos que tomam conta de mim quando estou ao lado dela. Bianca é minha paz, é o porto seguro onde posso atracar o meu barco após uma tempestade. Eu não entendia o que era o amor incondicional entre um homem e uma mulher até o momento que ela passou a fazer parte da minha vida.

Parece meio clichê, mas posso dizer que minha vida pode ser dividida em duas fases, a antes da Bianca e após ela. Antes dela, levava uma vida de promiscuidade e não importava com mulher nenhuma. Só me importava com o meu próprio prazer, nunca fui de. me prender em relacionamentos, na verdade fugia deles como o diabo foge da cruz. E a única mulher com quem eu tive algo mais próximo de um relacionamento foi a Sabrina. Acho que fato de ser-nos amigos facilitou o nosso acordo.

Mas ai, tudo mudou quando eu a conheci... Acho que foi uma providencia divina o nosso pequeno acidente naquele estacionamento. Lembro-me como se fosse hoje a primeira vez que eu me deparei com aquela bela ruiva. Passei duas semanas inteiras pensando nela, esperando que ela me ligasse, afinal tinha deixado o meu cartão de visitas com o meu telefone pessoal, mas ela não me ligou. E quando eu menos esperava a reencontro debaixo daquela tempestade típica de Mistral, nem acreditei nos meus olhos quando a vi. O destino estava colocando mais uma vez a sua mão sobre nós... E depois daquele dia nunca mais sai de perto dela.

Amar a Bianca foi tão natural como respirar, e pela primeira vez na minha vida eu me apaixonei, e posso dizer com toda a propriedade que não existe sentimento mais sublime que o amor... Acho que estou virando um maricas mesmo, mas estou feliz por isso!

Estava tão absorto em meus pensamentos que não ouvi quando ela me chamou pelo nome, despertei dos meus devaneios quando senti o calor de sua mão delicada em meu rosto. Fixei o meu olhar no dela e o que eu enxerguei dentro das suas íris âmbar encheu o meu peito de paz e acalmou a minha alma, meu balsamo.

- Você parece tão distante. - ela sussurra.

- Estava lembrando-me do dia que nos conhecemos. - falei.

- O dia que eu bati no seu carro. - ela sorri. - Sempre fui uma péssima motorista...

- Como eu disse antes, a culpa não foi sua, eu estava distraído, se não fosse por isso você teria saído daquela garagem sem percalços e talvez a gente nunca tivesse se conhecido...

Ela faz um gesto negativo com a cabeça.

- Eu acredito em destino Matheus, e acredito que o nosso encontro estava predestinado a acontecer, se não fosse naquele momento, seria em outro...

Angélica solta um pequeno gemido e os nossos olhares vão para ela e sorrimos como dois bobos.

- Pronto meu amor, encheu a barriguinha? - ela coloca a Angélica sobre o ombro e dá pequenas tapinhas nas costas dela até ela arrotar. Bianca a ninou por mais alguns instantes. - Ela dormiu, vou por ela no berço.