Capítulo 33 - Minhas verdadeiras origens?

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Bianca

Sabe aquele momento que tudo parece acontecer em câmera lenta? Então, estou passando por esse momento agora. Tudo ao meu redor parecia acontecer em slowmotion.

O meu corpo não se movia do lugar, eu estava meio que entorpecida, mas em contra partida a minha mente trabalhava freneticamente enquanto tentava assimilar o que tinha acabado de ouvir.

Como assim, o meu pai não era o meu pai?

E aquela mulher que nunca vi na vida, era a minha tia?

Os acontecimentos a minha volta pareciam se passar iguais aquela cena famosa do filme Matrix. Sabe quando o personagem principal, o Neo conseguia desviar de todas as balas? Vou fazer uma comparação: O Neo sou eu, as balas são os meus pensamentos descoordenados e o resto é tão bizarro que chega a ser surreal. Tá bom, acho que não foi uma boa comparação, mas a confusão na minha mente não ficava atrás.

Eram muitas revelações em tão pouco espaço de tempo, estou me sentindo dentro de um dramalhão mexicano e eu sou a "Maria Bianca del Castillo", a mocinha frágil que passa por aquela situação com muitas lágrimas nos olhos e uma lista enorme de porquês...

Definitivamente, eu não tinha vocação para mocinha frágil e não era da minha personalidade ver tudo como um drama. A vida real é bem diferente de algumas histórias que assistimos em filmes e novelas.

Eu olho para as duas mulheres ali na minha frente. A Fátima me escrutina com interesse e com um sorriso meio desdenhoso nos lábios.

Já a mamãe estava cada vez mais pálida. Seu rosto foi perdendo a cor lentamente e ela tombou para o lado, sua mão direita procurou sustentação no aparador, mas ela não conseguiu se manter de pé e foi deslizando para o chão, eu vi quando os seus olhos perderam o foco e se fecharam antes mesmo dela cair desmaiada sob o carpete da sala.

Corri ao seu socorro, e tratei de verificar o seu pulso. A pulsação estava normal, não que eu fosse uma especialista nesse assunto, mas fiz um curso de primeiros socorros e sabia como proceder nesse tipo de situação. Acomodei mamãe no chão o mais confortável possível, coloquei-a de barriga para cima e desabotoei os primeiros botões da sua blusa de seda e abri o botão da sua calça social, assim ficaria melhor para ela respirar. Peguei duas almofadas do sofá e coloquei debaixo de suas pernas para que ficassem mais elevadas em comparação com o restante do corpo, assim facilitaria a sua circulação sanguínea, e o sangue chegaria ao cérebro mais rápido.

A tal Fátima ainda estava no mesmo lugar e observava tudo calada, o que pra mim foi uma bênção, pois não queria conversar com ela agora. Estava mais preocupada com a minha mãe. Aos poucos o seu rosto foi ganhando cor e eu contava que em pouco tempo ela recuperaria os sentidos. Levantei-me e caminhei em direção a minha suposta tia.

- Precisamos conversar Bianca, existem muitas coisas sobre sua vida que ela fez questão de esconder. - aponta pra mamãe. - Não apoio o que o meu irmão fez, e ele pagou muito caro por isso. Mas você não pode viver nessa ignorância por mais tempo, precisa saber a verdade sobre suas origens.

Eu paro de frente pra ela e busco alguma semelhança entre nós duas, somos mais ou menos da mesma estatura. Sempre me perguntei por que não era tão alta quanto a mamãe. Ela também tinha os olhos castanhos, quase tão claros quanto os meus... Não poderia negar que havia muitas semelhanças ali, mas isso tanto poderia dizer alguma coisa, como não poderia significar nada...

- Eu ouvirei você, mas não agora. - falo olhando-a nos olhos. Ela não desviou o olhar, o que eu achei bom, pois não suporto pessoas que não olham nos nossos olhos enquanto falamos com ela. - Primeiro vou conversar com minha mãe. Preciso ouvir essa história primeiramente dela, depois converso com você.

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