Capítulo 3 - Aproveitando as oportunidades?

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Matheus

Sabe aquele dia que você acorda cheio de disposição pra enfrentar tudo de frete? Pois é, hoje é um desses dias.

Como de costume acordei antes das cinco, me espreguicei e joguei as cobertas para o lado, caminhei até o banheiro para cumprir o meu ritual diário dos últimos cinco anos, começando com um banho gelado pra despertar o corpo e me preparar para a minha corrida matinal.

Como hoje é sexta-feira, tenho um compromisso inadiável, imperdível e insubstituível, às 07h00 da manhã tenho um encontro com pessoas maravilhosas que se doam aos mais necessitados, eu dou o meu plantão voluntário no hospital do Câncer de Mistral, trabalho na ala infantil.

É gratificante o carinho que recebemos de volta daquelas crianças, tão pequenas, mas que já passaram por situações que nenhuma criança deveria passar, são pequenos guerreiros, que todos os dias nos dão uma lição de vida.

Você já foi visitar crianças em um hospital? Garanto que se você for ganhará uma nova perspectiva de vida, se tornará menos egoísta.

Isso aconteceu comigo quando eu tinha dezesseis anos, era um típico adolescente que só queria saber de badalação e nenhuma responsabilidade, não me importava com o amanhã, pra mim só valia o aqui e o agora, o resto? Aff! Era o que menos me importava.

Então algo aconteceu na minha família, o meu irmão menor adoeceu e após várias idas ao hospital e depois de uma bateria de exames descobrimos que ele estava com leucemia, aquela notícia teria o poder de desestabilizar a nossa família, mas serviu para nos unir mais ainda. Sem contar que pra mim serviu como um despertar para uma realidade que eu vinha ignorando fazia tempo.

A primeira vez que eu fui à um hospital foi quando o meu irmão adoeceu, ele estava passando pelo tratamento da quimioterapia contra a leucemia aguda que o acometeu, as sessões o deixava cada vez mais debilitado, mas mesmo com apenas cinco anos de idade o Paulo Henrique era um guerreiro.

Os médicos diziam que ele estava reagindo bem ao tratamento e se tudo progredisse ele nem precisaria de transplante de medula.

Embora fossemos otimistas e oramos à Deus pela recuperação do PH, um transplante foi necessário e ninguém da nossa família era compatível como doador.

Meus pais ficaram arrasados, o nosso caçulinha passando por tudo isso, embora fossem momentos de dor, nunca perdemos a esperança de encontrar um doador compatível.

E sabe aquelas coisas que só parece acontecer em novelas, filmes ou em romance açucarados de tão clichés? Então? Um amigo do meu pai se ofereceu para ser doador e era compatível com o PH.

O transplante aconteceu com sucesso, o meu maninho estava longe de perigo e agora quase vinte anos depois, tornou-se um homem saudável e está concluindo a faculdade em medicina com especialização em oncologia, esse menino é meu orgulho!

Corri por aproximadamente sessenta minutos e voltei para o meu prédio, já estava quase na hora de ir ao hospital, quando entrei Dolores me saudou com o seu esfuziante bom dia.

- Bom dia menino, preparei o seu café da manhã, corra tome logo o seu banho pra comer com calma.

- Bom dia meu amor. - dou um beijo estalado na sua bochecha. E fui me adiantando para o quarto.

Cheguei no hospital às 07h00 horas em ponto, passei pelos corredores cumprimentado as pessoas que encontrava no caminho.

Ao entrar na ala infantil uma enfermeira na casa dos seus vinte e poucos anos se aproximou de mim.

- Bom dia Dr. Andrade, eu me chamo Anna e serei a enfermeira que irá acompanha-lo na visita as crianças hoje. - ela me dá um sorriso meio tímido, eu causo essa reação nas mulheres. Sorri de volta pra ela, aquele sorriso de molhar calcinha.

A Dança da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora