Capítulo 42 - De Volta ao Passado? - Bônus Bernardo

6.6K 543 94
                                    

Bernardo

Diz um ditado que: quer conhecer a índole de um homem, olhe para o passado dele.

Eu não tinha orgulho do meu passado, existem fatos nele que eu preferiria nunca ter vivido. Mas dizem que aprendemos com os nosso erros, certo? E eu aprendi com os meus da forma mais dolorosa.

Mistral 29 antes.

Eu era o irmão do meio, mas desde tenra idade tenho sobre os meus ombros a responsabilidade de ser o homem da casa. Meu pai era metalúrgico e como trabalhava em outra cidade, só ia para casa nos finais de semana em suas folgas. Então ele me incumbiu de cuidar das suas três mulheres (minha mãe e duas irmãs) e eu assumi aquela responsabilidade com orgulho, pois meu pai confiava em mim para fazê-lo.

A Morgot era a filha mais velha, tinha vinte anos, dois a mais do que eu e trabalhava como garçonete no centro da cidade, a noite ela fazia um cursinho de técnico em enfermagem.

A Fátima era a casula, era o meu xodó, sempre fomos muitos ligados e melhores amigos. Ela era uma coisa pequena e tímida. Mas muito amorosa.

Eu tinha acabado de fazer dezoito anos e estava terminando a escola, logo começaria a trabalhar e queria fazer faculdade de engenharia, meu sonho era poder construir prédios e ia conseguir realizar os meus desejos.

Eu estava no pátio da escola com alguns amigos conversando enquanto esperava a Fátima largar de sua última aula. A avistei de longe, os seu cabelos negros e brilhantes balançando ao sabor do vento, ela era uma coisa linda.

- Cara, essa sua irmã é uma coisa deliciosa e está cada dia mais gostosa. - Um dos meus melhores amigos fala na maior cara de pau.

- Realmente camarada, ela é linda e não é para o seu bico. E fique você sabendo que esse irmão aqui. - aponto para o meu peito. - Vai defende-la de qualquer cafageste que queira se aproveitar dela, e isso inclui até mesmo o meu melhor amigo.

Ele levanta as mãos em sinal de rendição. - Desculpa cara, nunca quis faltar com o respeito.

Dou um pequeno murro no peito dele que leva as mãos ao local.

- Eu sei seu gay, mas falei sério, eu acabo com a vida do desgraçado que fizer a minha princesinha sofrer.

E ela chega até nós e os caras se calam e ficam olhando para ela quase babando. Olho para eles com cara de poucos amigos e me despeço caminhando com a Fátima para o ponto de ônibus.

Se sou um irmão ciumento, claro que sou, o meu pai confiou em mim e eu não podia decepcioná-lo.

Quando terminei o colégio consegui um emprego de estivador na feira, era o primeiro passo para alcançar o meu sonho. Em alguns dias eu estaria prestando vestibular para uma das vagas na faculdade Federal de Mistral.

Com término da escola e o meu trabalho na feira, a Fátima e eu acabamos por nos distanciar e as vezes eu a via suspirando pelos cantos com o olhar distante, ela estava estranha, mas parecia feliz.

O dia que eu fui no campus verificar a listas dos aprovados quase choro de emoção ao ver o meu nome. Eu tinha passado! Todo o esforço tinha valido a pena. Meu sonho seria realizado.
Daí pra frente passei a ver a Fátima com menos frequência e as nossas conversas diminuiram. Eu estava no segundo semestre da faculdade quando ela entrou no meu quarto chorando, parecia desesperada. Se jogou em meus braços e afundou o rosto no meu pescoço.

A Dança da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora