Capítulo 35 - A Hora da Verdade?

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Bianca

Alguns dias depois...

Tudo tem o seu tempo e as coisas só acontecem de acordo com a vontade de Deus. E por mais que elas não aconteçam do jeito que queremos, podemos chorar com o rumo dos acontecimentos ou tirar disso uma lição para toda a vida. É o que eu penso.

Eu tenho muita pressa, tenho pressa de preencher todas as lacunas que faltam para completar o quebra cabeça que é a minha história. Muitas coisas ainda estão sem respostas e eu pretendo ir em busca de todas elas.

Depois dos acontecimentos na casa da minha mãe, protelei muito em procurar a Fatima e escutar dela a sua versão daquela história, a minha história.

O Matheus foi o meu maior incentivador, disse que qualquer decisão que eu tomasse teria o seu apoio e que apenas eu podia decidir, entre saber o outro lado da verdade ou seguir em frente e esquecer...

Uma parte de mim dizia que era melhor esquecer aquilo, que era melhor deixar as coisas como estavam e não remexer naquela história, pois coisas boas não podiam sair dali. Mas a outra parte minha muito impetuosa, dizia que eu devia procurar a Fatima, pois ela tem muitas peças que podiam completam parte do meu quebra cabeça.

E agora eu estava ali, parada no estacionamento. O meu coração batia tão acelerado que mais parecia uma escola de samba. Nunca me senti tão ansiosa na minha vida.

Olhei mais uma vez para a minha imagem refletida no espelho do carro. Acho que era a quinta vez que eu fazia isso em menos dois minutos. Os meus olhos refletidos me miravam ansiosos, puxei a respiração enchendo os meus pulmões de ar, ao mesmo tempo em que tentava encher o meu corpo de coragem. Eu estava indo de encontro a uma parte do meu passado, e estava com receio do que iria descobrir.

Marquei um encontro com a Fatima na minha delicatessen favorita a " la belle vie" na sétima avenida de Mistral, queria encontra-la em um lugar informal e público. A Fatima era a minha tia, tínha-mos laços sanguíneos, mas eu não sentia como se ela fosse da minha família, não ainda, para mim era uma total estranha e eu não tinha nenhum laço emocional com ela, nem acredito que terei. Tá! Acho que vocês estão pensando: "você nem conhece a sua tia e já está pensando assim, nem deu uma chance a ela". Okay, devo concordar em parte, mas eu tenho intuição e ela me diz para não confiar na Fátima, que ela não é nem um pouco confiável. E minha intuição nunca falha, por isso, irei com os dois pés atrás. Prudência nunca foi demais.

Olho pela última vez a minha imagem refletida.

- Coragem Bianca, vá lá e escute o que ela tem a dizer e tire suas dúvidas.

Dou um sorriso fraco e pego a minha bolsa descendo do carro e me dirigindo para a entrada da delicatessem. Assim que entrei avistei a Fatima sentada em uma mesa afatada, ela bebericar em uma xícara, parecia perdida em pensamentos. Eu fiquei uns bons dez segundos olhando-a de longe, e mais uma vez senti o meu coração bater na garganta. É agora ou nunca!

Levei a minha perna direita à frente e a esquerda fez o mesmo percurso e logo eu estava de frente para a Fátima que me recebeu com um sorriso simpático.

- Bom dia Bia. - ela ficou de pé e nos cumprimentamos com beijos em cada lado de nossas faces.

- Bom dia, Senhora Oliveira.

Ela me olha com o cenho franzido.

- Sério isso? Você vai me tratar pelo sobrenome? - ela senta e cruza as pernas. - Acho que não precisamos ser tão formais minha filha, afinal somos da mesma família, temos o mesmo sangue. Se não quiser me chamar titia, pode me tratar por Fátima, quando me chamam de senhora Oliveira, parece que estão se referindo a minha mãe.

A Dança da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora