Capítulo 6

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A noite já havia caído e a casa dos Sanches parecia estar vazia. A culpa era de Rafael que havia dispensado os funcionários após as cinco da tarde.

O homem caminhava de um lado para o outro em seu quarto no andar de cima.
Já havia tomado banho e organizado suas coisas em seu novo quarto. Porém estava morrendo de fome.
Com Ana sem trabalhar, seria difícil não encontrar Miranda pelos corredores da mansão.

Respirou fundo e abriu a porta de seu quarto.
O aposento ao lado estava em silêncio a muito tempo, o que indicava que Miranda não estava ali. Podia encontrá-la em qualquer lugar da casa.

Tomou coragem e seguiu até as escadas, ainda descalço.
Odiava vestir terno o dia inteiro, porém era a única coisa que lhe servia bem e a noite não dispensava a calça moletom e uma camisa de algodão.

Tentou descer as escadas o mais discreto possível, porém foi em vão.
Ao chegar ao pé da escada, bufou frustrado.
Se sentia como se tivesse quinze anos novamente.

Caminhou até a sala e encarou a mesa de estar.
Estranhou ao ver um porta retrato peculiar sobre a mesa.
A fotografia era de seu casamento, no entanto não havia ao menos visto alguma foto de seu casamento.
Tomou o quadro nas mãos e o aproximou do rosto.

Miranda estava incrivelmente linda em seu vestido de noiva.
Sentia o coração acelerar como naquele dia.
A amaria.
Mesmo que ela nunca o amasse, ele a amaria de todo seu coração.

Suspirou frustrado.

Cleber tinha razão.
A vida de Miranda estava manchada pelo sangue de sua família.
Seu maldito sangue.
Não importa o tanto que ele lutasse para não ser como seu pai ou seu irmão sempre teria alguém para compará-lo.

— Pensei que nunca iria descer!— a voz de Miranda soou debochada pela sala de estar.

O corpo de Rafael endureceu-se. Havia sido pego de surpresa. Bufou cansado.

— Pensei que já estivesse dormindo.— o homem sussurrou voltando a fotografia para seu lugar de origem, antes de voltar-se para Miranda.

A morena vestia uma longa camisola beje e um robe da mesma cor.
Se não estivesse lúcido, Rafael diria que era uma anjo.

— Ambos pensamos demais. Eu fiz o jantar, está com fome?— Miranda perguntou apontando para a cozinha.

O empresário encarou a esposa e afundou as mãos no bolso.
Provavelmente aquela seria uma forma de se desculpar pela forma que o pai havia agido mais cedo.

— Na verdade estou morrendo de fome!— Rafael balbuciou aproximando-se da esposa. — O que temos para o jantar?— o homem perguntou fitando os olhos de Miranda, agora perto.

A morena respirou fundo e encarou o rosto de Rafael próximo ao seu.
Por um segundo quis abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem.

— Como não teve a oportunidade de almoçar comigo, teremos Guacamole com Doritos e tacos quentinhos.— Miranda diz caminhando até a cozinha.

Rafael parecia não acreditar no que a esposa falava, até ver os pratos sobre o balcão da cozinha.
O sorriso era visível em seus lábios.

— Você quem fez?— sua pergunta quase não saiu.

Miranda riu ao ver a reação de Rafael.
Era de se esperar.
Aquela era a primeira vez que Rafael provaria um prato seu.

— Nos tacos tive a ajuda de Ana, fora isso fui eu quem fiz!— a morena disse orgulhosa.
Era visível sua satisfação.

Os olhos de Rafael se encontraram ao rosto de Miranda.
Ela estava tentando. Tentando se aproximar dele.
Tentando o agradar.

— Não sabia que você sabia cozinhar.— o homem suspirou sentando-se em um dos bancos do balcão.

Amor MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora