O empresário descia as escadas ao lado da esposa.
Sua expressão estava tão fria quanto da primeira vez que havia posto os pés naquela mansão.Haroldo havia batizado aquela expressão de "Leão maior". Identificava a reação de Rafael a enfrentar algo muito sério.
O moreno passou os olhos pela sala de estar e a encontrou vazia.
Não havia ninguém ali.
Não conseguia encontrar a alegria sem Guilherme presente.O casal caminhou a passos largos até o escritório principal e adentraram a sala, que parecia ter a tensão redobrada da mansão.
Haroldo se colocou em pé e caminhou até a direita do patrão que sentará em sua mesa.
- O que aconteceu Rafael?- o mordomo perguntou preocupado.
O moreno passou os olhos pela sala e encarou cada funcionário sentado nos sofás ou encostados na parede
Seus olhos encontraram o rosto da esposa que o observava a sua esquerda.Miranda levou uma das mãos ao ombro de Rafael e o apertou.
Queria passar uma segurança a Rafael, mas nem mesmo ela se sentia segura.- Vou direto ao ponto, então não estranhem!- o empresário pigarreou voltando a encarar Haroldo.- A morte de Vanda foi por conta do um ataque contra Catarina.- Rafael balbuciou cruzando as mãos sobre mesa.
Ana, que estava em pé, precisou sentar-se no sofá. Uma falta de ar invadiu seus pulmões, impossibilitando que ela pensasse qualquer coisa.
Eloise sentou-se ao lado da mãe e levou ambas as mãos a boca.Alan e Hugo se entreolharam por longos minutos antes de voltarem a encarar o chão.
Vitor e Cristian desencostaram da parede e cruzaram os braços alterados.
Miguel endireitou-se no sofá e escondeu o rosto com as mãos.
Não conseguiam acreditar.Arthur levantou-se e caminhou até a mesa, encarando Rafael de frente.
- Quem foi?- o jardineiro perguntou com a voz embargada. Sentia a terrível vontade de chorar.
Miranda tocou o ombro de Arthur e o fez se afastar da mesa.
O jardineiro virou-se para a patroa e desatou a chorar.- A nova empresária, Isabel Martins, assumiu o comando do grupo corporativo. Apesar de ser uma história longa, estamos pagando pelos erros de nossos pais.- Miranda explicou voltando a ficar ao lado do marido.
Os olhos de Rafael estavam presos a mesa com raiva.
O sentimento de fraqueza havia surgido novamente por suas veias.
Sentia ódio de si mesmo por permitir que tal mulher causasse tanta destruição.- A mulher está atacando quem fez mal a sua corporação no passado. Mas o real motivo de estarem aqui é porque preciso perguntar a vocês...- o empresário suspirou ao tocar a mãos da esposa em seu ombro.- A todos vocês.- Rafael sussurrou.
O mordomo encarou o patrão curioso.
Saber que estavam sendo atacados era realmente surpreendente, mas não era como se nunca tivessem recebido ameaças.- O que foi, Rafael?- Arthur perguntou como um sussurro ao fundo do escritório.
O empresário levantou os olhos e encarou o jardineiro em lágrimas.
Nunca pensou que poderia ver um homem tão forte e tão sensível o mesmo tempo.
Arthur era totalmente o contrário de Rafael.- Quero dar a possibilidade de vocês irem. Não vou obrigar ninguém a ficar aqui.- Rafael explicou antes de se levantar.- Tanto os que moram aqui, quanto os que trabalham. Não quero que corram riscos desnecessários!- o empresário completou ao parar diante da enorme janela.
Costumava fica ali para observar Arthur e Eloise conversarem com Miranda, porém, naquele momento seu único desejo era se dissolver com a chuva.
Se sentia impotente.Arthur avançou sobre Rafael e virou o corpo do patrão, o segurando pelo colarinho.
- Que tipo de pergunta é essa?- o jardineiro praguejou revoltando enquanto três pares de mãos tentavam o soltar do patrão.
O empresário levantou a mão, fazendo com que Alan, Miguel e Hugo se afastassem do jardineiro.
Seus olhos encararam os olhos raivosos de Arthur. Ao contrário do que imaginou encontrar, o olhar de Arthur demostrava força.
Havia dor, havia raiva e também muita força.- Estou dando a oportunidade de não serem alvo de problemas do passado de meu pai. Vocês não tem culpa de nada!- Rafael murmurou.
Arthur soltou a camisa de Rafael e colocou as mãos na cintura encarando o chão, alterado.
- Nem vocês tem culpa.- Eloise gritou revoltada.
Rafael a olhou e franziu o cenho.- Pode nos demitir se quiser, patrão, mas somos uma família!- Miguel disse ao tocar o ombro de Alan que estava ao seu lado.
Ana se aproximou de Haroldo e observou Rafael.
- Não iríamos a lugar nenhum até se você mandasse, meu filho!- a mulher balbuciou.
- Sou eternamente grato pelo que fez por mim e por meu irmão, Rafael, e mesmo que eles venham aqui, não vamos sair!- Arthur murmurou cerrando os dentes.
Pelo canto do olho Rafael encontrou os olhos verdes de sua esposa sobre si.
Miranda tentava o encorajar, mas suas lágrimas denunciavam sua situação.- Saibam que não é vergonha ir.- o empresário murmurou abaixando os olhos.
- Não é isso que ela gostaria que fizéssemos!- Vitor disse ao bater no ombro de Cristian.
Rafael encarou os guarda costas e sorriu discreto ao imaginar Vanda adentrando o escritório e reclamando dele apenas ficar sentado.
No último mês foi a única coisa que ela fez todas as semanas.
Vanda o encorajou a falar com Miranda e se abrir com ela.
Apesar de quando era preciso sua presença como motorista, fazia o impossível para que mulher alguma se aproximasse de seu patrão.- Ela diria que deveríamos ligar o foda-se!- Eloise murmurou fazendo com que alguns risos surgissem no escritório.
Cristian e Vitor foram os primeiros a sair do escritório, seguidos por Miguel, Hugo e Alan.
Logo depois de Ana e Haroldo.Os olhos de Rafael encontraram a loira o encarando nervosa.
- Acha mesmo que somos tão fúteis ao ponto de te abandonar por uma ameaça de morte?- Eloise praguejou se aproximando do empresário.
- Eloise, olha...- Rafael iria dizer, mas a loira envolve sua cintura nos braços e o aperta.
- Não importa quanto tempo passe, vamos continuar de apoiando. Você nos ajudou e essa é nossa família!- a empregada murmurou ao sentir os braços de Rafael envolve seus ombros.
O empresário apenas riu da situação.
Nunca imaginou que seriam tão fiéis a ele.- Vamos! Não quero ter que olhar pra sua cara tão cedo!- Arthur murmurou entre os dentes.
Rafael soltou-se dos braços de Eloise e bufou.
- Você é um idiota!- o homem praguejou ao sair pela porta ao lado do jardineiro que o xingava de diversos nomes.

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Amor Meu
RomanceDuas histórias. Dois traumas. Duas almas que, em um beco, presenciam um rumo diferente de seu futuro. Até onde você iria por amor? Rafael Sanches é um empresário forte no ramo da tecnologia em São Paulo. O Leão corporativo não abaixa a cabeça para n...