Capítulo 23

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Não se ouvia som algum.

Assim como dá última vez.

Miranda já havia tomado dois comprimidos de um remédio para a cólica, mas pelo que pareceu nem mesmo seu celebro queria lhe dar descanso.

Estava apreensiva, pois dessa vez Rafael poderia perder, não só a herança de sua mãe, como também a empresa e a mansão.

A Sanches pode ter uma perda de 68% dos investimentos se Rafael fosse acusado ou indiciado.

Eduardo e Eva adentraram o tribunal juntos ao lado de seus advogados. Por fim Rafael adentrou o auditório por último seguido por Rodolfo, que havia revistado cada bolso de Rafael em busca de algo que poderia o machucar.

O homem caminhou ao banco dos réus e encarou a mesa.
Já era a terceira vez que estava ali na semana. As duas últimas foram por conta do processo de adoção de Guilherme, porém, naquele momento odiava estar ali.
Se amaldiçoava por fazer parte daquela confusão.

— Acha que pode fazer alguma coisa? Você rasgou o acordo de matrimônio!—Eduardo praguejou ao encarar o filho.

Rafael suspirou cansado e encostou um dos cotovelos na mesa, levando a mão na testa.

— Eu rasguei o meu acordo. Miranda ainda tem a cópia dela. Agora, cala a boca e seja homem! Assuma seus crimes, Eduardo!— Rafael murmurou encarando a mesa.
Prometeu que não iria se irritar.
Seu dia havia começado ótimo. Nunca pensou que acordaria nos braços e Miranda, quanto mais receber carícias durante o sono.

Olhou o relógio e suspirou.

— Você continua um fraco! Continua querendo ter o que seu irmão tinha!— o homem gritou ouvindo o estrondo das mãos de Rafael chocarem na mesa.
O som ecoou pelo auditório.

— Silêncio! Ou prendo os dois por perturbar a ordem!— o oficial de justiça os repreendeu.

O empresário voltou a se sentar e encarar as mãos.
Sentia raiva de si mesmo.
Pensava no porque de ter aceitado algo tão absurdo.

Seus olhos percorreram o salão e encontraram o rosto da mulher conversamos com a advogada.

Aquele era o seu "porque".

Miranda estava lutando por ele e ele jamais cessaria de lutar por ela.

O promotor logo adentrou o tribunal, seguido pela juíza e outro promotor.

Ao contrário do filho, Eduardo estava preocupado.
Sabia que em algum momento tudo cairia sobre ele e teria que assumir a culpa, porém não ia permitir que Eva saísse em pune.

A juíza se sentou, fazendo com que todos a seguisse.

— Caso 557, Miranda Nelle Albuquerque Sanches. Opressão matrimonial, abuso de poder.— o promotor disse antes de voltar ao seu lugar.

O advogado de Eduardo e Eva se levantou.

— Certamente no início do matrimônio tivemos um acordo. Documento esse que certificava a divisão de bens entre o casal em questão. No entanto, Rafael Sanches confirmou a ruptura desse acordo. Não temos uma cópia para certificar por escrito a prova de acusação de meus clientes!— o homem disse piscando irritado.

Aline levantou-se e tomou um documento sobre a mesa.

— Apesar da destruição do acordo de um dos réus, tenho em mãos o documento original, assinados por todos os réus em questão e minha cliente!— a advogada disse caminhando em direção ao oficial de justiça.

No dia em que Rafael decidiu fazer a coisa certa, pediu a Haroldo que pegasse apenas seus documentos, deixando a critério de Miranda o que ela quisesse decidir.

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