Assim como Miranda, Rafael escolheu jantar em seu quarto, por mais que nem sequer tivesse tocado no prato.
Seus pensamentos vagavam pelo que acontecerá mais cedo.
Ele nem mesmo acreditava que a atitude viera de Miranda.
Por um lado se sentia covarde e por outro estava feliz, pois sabia que ela queria tentar e que confiava nele para ajudá-la.A noite já estava alta. Passava das 4 horas da manhã quando um grito estridente soou pelo corredor superior da mansão.
Rafael abriu a porta de seu quarto e desatou a correr em direção ao último quarto do corredor.
Passou a bater na porta, desesperado.Porém, para o seu azar, Miranda havia trancado a porta do seu quarto, assim como todas as noites.
Do outro lado da porta a mulher tremia sobre a cama.
Seu sonho havia sido pior do que o da noite anterior. Mais uma vez suas memórias a assombravam
As lembranças daquela maldita noite trouxeram o pior dos pesadelos.— Nanda, por favor abra a porta!— Rafael pediu, sentindo coração na garganta.
Nunca havia ouvido sequer um som durante a noite após estarem casados.No entanto, Miranda continuava tremendo sobre a cama.
Não tinha forças para levantar. Não queria levantar.
Sabia que se voltasse a dormir a dor a consumiria novamente.Cansado de esperar alguma resposta, Rafael passou os olhos pelo corredor e encarou o armário próximo ao quarto de hóspedes.
Sabia que era de costume de Haroldo guardar as cópias da chave dentro de uma caixa de madeira dentro do armário.
Com o molho de chaves em mãos, o moreno procurou a que servia a fechadura do quarto de sua esposa.
Quando estava prestes a desistir a porta foi destrancada e o homem avançou para dentro do quarto totalmente escuro.Miranda gritou assustada ao perceber a sombra masculina perambulando por seu quarto. Até que a luz é acesa e os olhos de Rafael se encontram aos da mulher presa a cama, suada, chorosa e trêmula.
Rafael não sabia lidar com a situação.
Então ajoelhou-se ao lado da cama e observou o corpo de Miranda tremendo sobre o lençol.— Respire fundo!— o homem sussurrou procurando os olhos perdidos de Miranda.— Eu estou aqui!— Rafael suspirou colocando ambas as mãos sobre a cama.
A morena respirou fundo e encarou o rosto do homem ao seu lado.
Rafael não havia feito questão de ao menos vestir um roupão, aparecendo em seu quarto com um pijama da cor preta.A respiração de Miranda voltou ao normal, com dificuldade. Porém seu corpo ainda tremia com a lembrança do sonho.
Rafael levantou-se e caminhou até a janela, a abrindo, permitindo que o vento adentrasse o quarto.
Seus olhos encontraram-se ao brilho da lua. Ela brilhava, como nunca havia visto brilhar antes.Em um piscar de olhos sentiu os finos fios de cabelos de sua esposa roçar em seu braço desnudo.
Observou, pelo canto de olho, a esposa fechar os olhos e respirar fundo.
Notou o quão linda Miranda era sob a luz da lua.
Não apenas a beleza de seu corpo, mas seu sorriso, seus olhos e cabelos, até suas unhas, lixadas e cortadas.
Tudo em Miranda lhe causava arrepios.
A melhor sensação que já sentiu na vida. Sem ao menos toca-la.Miranda permitiu que o vento forte balançasse seus cabelos.
Sabia que a partir daquele momento teria que lutar com todas as suas forças para sair de dentro de seu abismo interior.Não permitiria que seus traumas a impedissem de superar a desgraça que a vida havia lhe proporcionado.
— Você nunca veio. Porque está aqui?— a mulher pergunta incrédula.

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Amor Meu
RomanceDuas histórias. Dois traumas. Duas almas que, em um beco, presenciam um rumo diferente de seu futuro. Até onde você iria por amor? Rafael Sanches é um empresário forte no ramo da tecnologia em São Paulo. O Leão corporativo não abaixa a cabeça para n...