Capítulo 26

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O dia já ameaçava raiar quando Miranda abriu os olhos e encarou a parede branca do hospital.
Seus olhos percorreram o corredor vazio.

Um longo suspiro saiu do peito do homem ao seu lado.

Rafael mantinha as mãos unidas a de Miranda, que repousava a cabeça sobre seu ombro.

Não conseguia dormir.
Não conseguia parar de pensar no que havia acontecido.

O pequeno corpo de seu sobrinho cochilava calmamente em seu peito.
Apesar de toda sua tristeza, entendeu o que estava acontecendo.
Não veria mais sua mãe e estava conformado com isso.

O som de passos fortes foram ouvidos nos corredores.

- Onde ela está!- a voz velha soou fazendo com que Rafael cerrasse os dentes.

- Porra!- o empresário murmurou antes de apertar a mão da esposa e fazê-la o olhar.

Passou o sobrinho para os braços da esposa e se levantou.

- Onde está?- a voz gritou novamente.

Inácio virou a curva do corredor e encarou o homem em pé de braços cruzados.
O empresário encarava o velho com pesar.

Em minutos Inácio alcançou a gola da camisa de Rafael em meio as lágrimas.

- Onde está a minha filha?- Inácio perguntou cerrando os dentes.
Temia pelo pior.

Rafael desviou os olhos para os homens que o seguiam e suspirou pesado.

- Ela se foi, Inácio.- sua voz saiu embargada.- O acidente foi feio e ela não resistiu.- Rafael continuou.

Observou o homem se afastar e cair sentado em um dos bancos.
Seu choro era quieto e dolorido.
Havia errado com a filha.
Havia errado com tudo.

Toda sua história. Seu império. Era uma tremenda mentira.

O médico surgiu novamente pelo corredor e caminhou em direção a Rafael.

- Senhor Sanches, o corpo já foi levado para a necropsia em algumas horas estará pronto para levá-lo ao velório. Mais uma vez, meus pêsames!- o homem disse cansado tocando o ombro do empresário.

Rafael encarou o chão por longos minutos em silêncio.
Não sabia o que fazer.
Nunca havia passado por tal situação.

- Certo. Em breve o carro vira buscá-la. Obrigado, doutor!- o empresário murmurou.

O médico virou-se para Inácio e suspirou.
O velho levantou-se e caminhou em direção ao homem.

Rafael seguiu em direção a esposa sentada no banco e abaixou-se, segurando seus joelhos.

- Ela não tem família, não é?- Miranda perguntou como um sussurro.
Rafael negou com a cabeça e respirou pesado.

- Ela tem a nós. Vai ser enterrada como uma Sanches!- o homem disse cansado.

Guilherme abriu os olhos devagar e encarou os cabelos da tia.
O silêncio do hospital fazia com que seu sono não quisesse ir, mas mesmo assim, lutou para permanecer acordado.

- Tio, onde vão colocar minha mãe?- a voz do garoto perguntou curiosa enquanto esfregava os olhos.

Inácio virou-se para o neto e aproximou-se.

- Sua mãe vai ficar conosco.- o velho murmurou em meio ao choro.- Vamos crema-la como um Abravanel deve ser!- Inácio murmurou tocando o ombro e Rafael.

O empresário fitou o velho em lagrimas e assentiu.
Sua dor era tão grande quanto a dele.

- Posso levar Guilherme comigo? Quero que fique um pouco com a avô!- Inácio pediu com a voz embargada.

Amor MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora