O dia já ameaçava raiar quando Miranda abriu os olhos e encarou a parede branca do hospital.
Seus olhos percorreram o corredor vazio.Um longo suspiro saiu do peito do homem ao seu lado.
Rafael mantinha as mãos unidas a de Miranda, que repousava a cabeça sobre seu ombro.
Não conseguia dormir.
Não conseguia parar de pensar no que havia acontecido.O pequeno corpo de seu sobrinho cochilava calmamente em seu peito.
Apesar de toda sua tristeza, entendeu o que estava acontecendo.
Não veria mais sua mãe e estava conformado com isso.O som de passos fortes foram ouvidos nos corredores.
- Onde ela está!- a voz velha soou fazendo com que Rafael cerrasse os dentes.
- Porra!- o empresário murmurou antes de apertar a mão da esposa e fazê-la o olhar.
Passou o sobrinho para os braços da esposa e se levantou.
- Onde está?- a voz gritou novamente.
Inácio virou a curva do corredor e encarou o homem em pé de braços cruzados.
O empresário encarava o velho com pesar.Em minutos Inácio alcançou a gola da camisa de Rafael em meio as lágrimas.
- Onde está a minha filha?- Inácio perguntou cerrando os dentes.
Temia pelo pior.Rafael desviou os olhos para os homens que o seguiam e suspirou pesado.
- Ela se foi, Inácio.- sua voz saiu embargada.- O acidente foi feio e ela não resistiu.- Rafael continuou.
Observou o homem se afastar e cair sentado em um dos bancos.
Seu choro era quieto e dolorido.
Havia errado com a filha.
Havia errado com tudo.Toda sua história. Seu império. Era uma tremenda mentira.
O médico surgiu novamente pelo corredor e caminhou em direção a Rafael.
- Senhor Sanches, o corpo já foi levado para a necropsia em algumas horas estará pronto para levá-lo ao velório. Mais uma vez, meus pêsames!- o homem disse cansado tocando o ombro do empresário.
Rafael encarou o chão por longos minutos em silêncio.
Não sabia o que fazer.
Nunca havia passado por tal situação.- Certo. Em breve o carro vira buscá-la. Obrigado, doutor!- o empresário murmurou.
O médico virou-se para Inácio e suspirou.
O velho levantou-se e caminhou em direção ao homem.Rafael seguiu em direção a esposa sentada no banco e abaixou-se, segurando seus joelhos.
- Ela não tem família, não é?- Miranda perguntou como um sussurro.
Rafael negou com a cabeça e respirou pesado.- Ela tem a nós. Vai ser enterrada como uma Sanches!- o homem disse cansado.
Guilherme abriu os olhos devagar e encarou os cabelos da tia.
O silêncio do hospital fazia com que seu sono não quisesse ir, mas mesmo assim, lutou para permanecer acordado.- Tio, onde vão colocar minha mãe?- a voz do garoto perguntou curiosa enquanto esfregava os olhos.
Inácio virou-se para o neto e aproximou-se.
- Sua mãe vai ficar conosco.- o velho murmurou em meio ao choro.- Vamos crema-la como um Abravanel deve ser!- Inácio murmurou tocando o ombro e Rafael.
O empresário fitou o velho em lagrimas e assentiu.
Sua dor era tão grande quanto a dele.- Posso levar Guilherme comigo? Quero que fique um pouco com a avô!- Inácio pediu com a voz embargada.
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Amor Meu
Roman d'amourDuas histórias. Dois traumas. Duas almas que, em um beco, presenciam um rumo diferente de seu futuro. Até onde você iria por amor? Rafael Sanches é um empresário forte no ramo da tecnologia em São Paulo. O Leão corporativo não abaixa a cabeça para n...