Capítulo 16

47 18 0
                                        

Ao ouvir o som da porta do banheiro de Rafael, Miranda abriu a porta que dividia os quartos e encarou o homem moreno sair, ainda molhado, do banheiro.

Rafael secava os cabelos com a toalha enquanto encarava o relógio sobre a cômoda.
Já se passava da meia noite e teria dificuldade para dormir com os ferimentos abertos.

Os olhos da mulher percorreram toda extensão do quarto, no entanto insistiam em permanecer no corpo do marido a sua frente.

— Sente-se!— o pedido de Miranda soou quase inaudível enquanto se aproximava de Rafael.

O empresário sentiu o corpo esquentar. Uma corrente de calor percorreu toda sua espinha em ao menos imaginar sentir o toque quente das mãos de Miranda.

Por mais que não quisesse, sentia que poderia desmanchar nas mãos de sua esposa.

Rafael obedeceu Miranda sentando-se na beirada da cama e jogando a toalha nas costas de uma cadeira qualquer.

— Você anda muito mal acostumado!— Miranda balbucia tomando a toalha das mãos e a estendendo sobre o suporte dentro do banheiro.

O homem bufou cansado.
Não era a primeira vez que ouvia aquilo, mas ouvir de Miranda soou ainda pior.

— Não é como se fosse deixar aí!— ele pigarreou nervoso.

Miranda se sentou atrás de Rafael e suspirou cansada. Não queria discutir com Rafael. Não naquela situação.

O silêncio se espalhou pelo quarto enquanto Miranda mergulhava algumas gases em água oxigenada e pressionava contra os ferimentos de Rafael, que gemia dolorido.

As unhas inocentes de Miranda deslizavam sobre as costas desnudas de Rafael, causando um misto de dor e prazer, o obrigando a abafar sua voz e puxar um dos travesseiros sobre as pernas para esconder a área pélvica.

Se não conhecesse Miranda, acharia que a mulher estava o provocando.
No entanto, os olhos de Miranda estavam presos a expressão que Rafael a permitia de captar enquanto estava de olhos fechados. Estava realmente o provocando.

Pelo canto de olhos observou o homem apertar o lençol com força e suspirar.

Miranda levantou-se e caminhou até o banheiro, jogando as gazes usadas no lixo e lavando as mãos na pia.

Seus olhos passearam pelo banheiro e encontraram uma prateleira ao lado do espelho. Os shampoos, sabonetes e a espuma de barbear estavam devidamente separadas por tamanho.

Novamente o perfume corporal de Rafael invadiu seu nariz. Sentia que poderia enlouquecer se por algum momento aquele cheiro sumisse.

A mulher caminhou até a porta e encarou o homem sentando na cama com os olhos ao chão.
Sentia uma dor imensa em seu peito vendo Rafael enfrentar algo que só ele saiba.

— Porque foi até lá?— Miranda perguntou curiosa, encostando-se na parede.

Rafael levantou os olhos e observou o corpo de Miranda a sua frente.
A mulher trajava uma camisola preta na altura do joelhos com rendas na região do busto e costas.

O robe de cetim cobria a extensão de seus braços, impedindo que Rafael pudesse ver qualquer parte de pele exposta.
Arfou com a visão de suas pernas a sua frente.

O homem levantou-se e caminhou até o outro lado do quarto e virou de costas para Miranda.

— Minha mãe.— Rafael pigarreou incomodado.

Abriu a porta da varanda e respirou o ar puro do início do outono.

Estava em conflito com sua própria mente. Em conflito com seu coração.
Não queria que Miranda vivesse uma vida como sua mãe.

Amor MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora