Capítulo 18

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Rafael corria desenfreado atrás do garoto de cabelos cacheados.

O menino havia decidido que no dia do seu aniversário não vestiria a roupa que ninguém escolhesse.

O empresário decidiu que daria um banho no sobrinho mas o garoto emburrou-se e passou a correr apenas de cueca pelo corredor superior da mansão.

— Volte aqui, seu pestinha!— Rafael gritou quando chegou em frente a porta do quarto de Miranda após avistar o sobrinho invadir o cômodo sem permissão.

— Você não me pega!— Guilherme gritou em provocação ao tio que lutava contra a própria mente para não entrar no quarto de Miranda.

No entanto, o pequeno corpo de Guilherme foi envolvido por finos braços e levantado, fazendo o garoto gritar de susto.

— Te peguei!— Miranda disse ao agarrar o menino.— Pode entrar Rafael, peguei nosso menino!— a mulher balbuciou fazendo cócegas na barriga do garoto.

Rafael adentrou o quarto e observou a esposa, ainda de pijama, rindo ao lado do sobrinho.

— Não acredito! Você são cúmplices!— Guilherme balbuciou chateado, no entanto desatou a rir, junto a tia.

— Vamos pirralho!— Rafael balbuciou aproximando-se do garoto.— Temos que te vestir! Sua festa não vi ficar pronta sozinha!— o homem pigarreou.

Guilherme pulou nos braços da tia e bufou frustrado.

— Eu não queria uma festa de aniversário!— o garoto fez bico.

Rafael bufou casando. Havia discutido seriamente sobre a tal festa. No entanto não havia o que fazer porque até mesmo Inácio confirmou sua presença.

—Você é muito mal agradecido!— o empresário balbuciou fazendo cócegas no garoto.— E os biscoitos em formas de morcegos que Ana fez são pra que?— Rafael perguntou provocativo.

— Não se preocupe, Rafa, se ele não quiser, nos comemos quando voltar!— Miranda disse rindo do garoto.
Guilherme olhou os tios curioso.

— Vocês são mesmo cúmplices!— o garoto murmurou cruzando os braços.

— Enfim. Mas eu acho que como ele é o aniversariante, ele deveria escolher as roupas que deve vestir!— Miranda sorriu dando uma piscadela para Guilherme, que descruzou os braços, encarando o tio.
Rafael bufou frustrado e cruzou os braços, imitando o garoto.

— Isso é golpe baixo!— ele murmurou.— Vai logo se trocar!— Rafael praguejou vendo o menino pular do colo de Miranda e desatar a correr em direção a porta.

O casal riu da situação.
Seu sobrinho trazia uma alegria diferente para a casa. Era uma criança sofrida com um brilho enorme nos olhos.
Mesmo sabendo que sua mãe não o queria e que era apenas um peão em um jogo de xadrez, não perdeu a esperança de ter uma vida boa.

Rafael respirou fundo sentindo o coração doer.
Queria ser a salvação de seu sobrinho, mas Inácio não levaria isso como uma ajuda.

— Ele já entrou com a ação contra você?— Miranda perguntou curiosa.

O empresário virou-se para a esposa e apoiou as mãos na cabeceira da cama.

— Entrou. O promotor quer um depoimento de Guilherme pra formar a tese, mas Inácio ainda é muito influente. Não sei o que vou fazer se não puder tirar Guilherme dessa confusão.— o homem explicou frustrado.

Não havia dormido. Seus pensamentos estavam presos na audiência daquela tarde.
A primeira audiência do caso de Miranda aconteceria naquela tarde e Rafael estaria sentado no banco dos réus como agressor do autor do crime, cúmplice de um assassinato e cúmplice de pacto com opressão matrimonial.

Amor MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora