Capítulo 21

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Como nenhum dos patrões retornaram da confusão, Haroldo finalizou a festa e fechou a mansão.

O mordomo não sabia de nada do que estava acontecendo, no entanto Eloise havia o informado sobre gritos no andar superior.

O homem terminava de secar a louça quando virou-se para a esposa que o encarava aflita.

- Vou ver como Rafael está. Vá pra cama e leve Eloise junto.- o homem pediu antes de beijar o alto dos cabelos de sua esposa.

Sabia o quão cansada Ana poderia estar após a festa e queria priva-la do que poderia ter acontecido com os patrões.

Eloise varria o salão ao lado de Arthur que cantarolava uma música antiga.
Estava exausta e preocupada com os patrões.

- Não adianta de precipitar. Tudo vai ficar bem!- a voz do jardineiro soa confiante.

A empregada o encara atônita. Em partes ele poderia ter razão, mas tinha medo do que Catarina possa ter feito com Miranda.

- Vocês terminem isso e vão dormir. Amanhã começamos bem cedo!- Haroldo diz anunciando sua chegada no salão.

Arthur encarou o mordomo curioso. Provavelmente já sabia onde o homem iria.

- Me chame se precisar!- Eloise pediu ao pai que assentiu e subiu as escadas rapidamente.

Estava exausto, porem não conseguiria dormir sem verificar o patrão.

Seu coração acelerou ao chegar em frente a porta do quarto de Rafael.
Ouvia múrmuros, quase inaudíveis.

Bateu na porta e logo recebeu a autorização da voz de Miranda para que entrasse.

Já passava da meia noite e o homem estranhou a escuridão completa do quarto de Rafael.

- Senhora?- o mordomo chamou sem enxergar corpo algum no quarto.

- Aqui Haroldo!- Miranda chamou no banheiro.

A mulher estava sentada próxima a porta encarando o homem abaixo do chuveiro quente.
Seu peito doía ao observar o tanto de sangue no chão e ouvir os murmurou de Rafael se auto amaldiçoando.

Haroldo adentrou o banheiro e encarou Rafael apenas de calça, sentado no chão, com o chuveiro quente ligado sobre a cabeça.
O sangue vermelho escorria pela banheira e manchava parte do chão.

- O que houve?- o mordomo perguntou abaixando-se.
Miranda respirou fundo e encarou o mordomo.

- Catarina deu algum tipo de droga a ele. Vomitou, abriu o curativo da mão e não diz nada a uma hora. Toda vez que menciono ir ao hospital ele nega.- A mulher sussurrou frustrada.- Não sei o que fazer!- Miranda murmurou.

O mordomo se aproximou do patrão e tocou seu ombro. O homem ardia em febre.

- Rafael, saia do chuveiro e vista algo, vou trazer algo pra você comer!- o homem murmurou desligando o chuveiro.

Rafael levantou os olhos e encarou o mordomo.
Seu corpo inteiro o rejeitava.
Sua mente o acusava.
Se sentia o pior homem do mundo.
Havia permitido que ela se aproximasse e fizesse o que queria.
Não conseguia ao menos olhar sua mulher nos olhos.

- Prepare o carro.- o empresário pediu levantando-se e fazendo com que a água encharcasse o chão.

O mordomo o encarou preocupado. Não seria bom deixar o homem sair sozinho naquele horário da noite.

As mãos de Miranda tocaram o ombro de Haroldo, o fazendo olha-la.

- Traga um chá e algo pra comer. Vou cuidar do resto!- a morena pediu ao mordomo, que assentiu.

Rafael tocou o braço de Haroldo, o puxando.

- Ouviu o que eu disse? Prepare o carro!- o empresário cerrou os dentes irritado.

O mordomo encarou Rafael, franzindo o cenho.

- No momento o senhor não pode fazer muita coisa!- Haroldo murmurou antes de sair do banheiro, deixando o casal sozinho.

Miranda encarava firmemente o marido, que mantinha os olhos presos ao chão.
O peito de Rafael mal subia. Sua respiração atava fraca e sua raiva percorria suas veias.
Raiva de si mesmo, raiva de Catarina.

Cansada de esperar alguma reação, Miranda tomou uma toalha e se aproximou de Rafael, porem o homem levantou ambas as mãos, a afastando.

A morena avançou contra Rafael e envolveu seus ombros na toalha, secando suas costas.

Puxou o braço de Rafael em direção ao quarto e passou a secar o banheiro.

Rafael caminhou em silêncio até seu quarto.
Não queria que Miranda estivesse ali.
Na queria que ela o visse.

Após secar o banheiro, Miranda ouviu a porta o quarto ser aberta e Haroldo conversar algo com Rafael, que permanecia calado.

- Tome os analgésicos e durma!- o mordomo pediu.

Miranda aproximou-se da porta e encarou Rafael com os olhos presos ao chão.
Sem reação.
Sem expressão.

Haroldo lhe ofereceu o remédio, que ele logo tomou e voltou a encarar o chão.

- Isso é tudo, Haroldo. Boa noite!- a morena suspirou ao adentrar os quarto.

O mordomo assentiu e caminhou em direção a porta. Miranda o acompanhou em silêncio.
Ambos sabiam que Rafael poderia surtar a qualquer momento e o medo de Haroldo era Rafael descontar sua frustração em Miranda.

- Se acontecer qualquer coisa, me chame, senhora.- o homem pediu após abrir a porta do quarto.

- Pode deixar Haroldo.- Miranda suspirou assentindo com a cabeça.

Assim que a porta se fechou, Miranda respirou fundo.
Sabia que Rafael tinha consciência do que havia acontecido e estava envergonhado com a situação.

Miranda caminhou até o marido e se ajoelhou a sua frente.
Não queria que Rafael perdesse o foco de quem era por conta de um erro que nem foi dele.

- As vezes precisamos de um choque para realmente aprender o que a vida quer ensinar.- a morena disse sentando-se no chão.

Rafael mantinha os olhos no chão. Queria arrancar cada membro de seu corpo. Sentia nojo de si mesmo.

- O que aconteceu aqui hoje não foi para culpar você, foi pra ela aprender que nem tudo na vida se resolve sendo uma marionete.- Miranda sussurrou levantando as mãos em direção a Rafael.

Porém, o homem se esquivou, levantando-se.
Não queria ser tocado por ela.

Rafael caminhou até a varanda e encarou o céu.
Se pudesse pularia daquele andar.

Miranda o seguiu e tocou o alto de suas costas.

- Sabe o que está sentindo agora... Esse nojo, essa dor. É o que eu sinto diariamente.- a mulher murmurou antes de encarar a lua.- Toda vez que você me toca, me abraça ou até mesmo beija meus cabelos, sinto que poderia te poluir. Quando disse que queria te amar como você merece, é porque quero lutar pra limpar essa sujeira do meu corpo e ser o melhor pra você.- Miranda murmura em meio as lágrimas.

O empresários suspirou casado.

- Você não é o que fizeram de você!- a mulher murmura enxugando as lágrimas.
Não iria insistir mais. Sabia que estava doendo.

A morena apenas deu de costas e seguiu em direção ao seu quarto.

Amor MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora