O homem bateu a porta o carro e encarou a rua quase vazia.
Já se passava das seis horas da tarde, logo todo o comércio estaria de fechado e a rua, deserta.
Os olhos de Rafael passearam pelo lugar que lhe trouxe tantas más lembranças.
Encarou o homem de cadeira de rodas que o observava atento.Caminhou calmamente até Cleber e respirou fundo.
- O que quer?- o moreno perguntou cansado.
Não queria perder tempo com Cleber se ele fosse o insultar.- Foi você quem me chamou aqui!- Cleber praguejou alterado.
Rafael franziu o cenho ao encarar o beco no qual presenciou o estupro de Miranda.
Odiava estar ali.
Odiava se lembrar.- Você quem pediu para ligarem. Já chega de brincadeira!- Rafael balbuciou irritado.
Cleber cerrou os dentes e encarou o moreno a sua frente.- Acha mesmo que quero saber de você? Pra que ligaria?- o homem bufou ao encarar o beco.
Rafael respirou fundo e encarou Cleber.
Sabia muito bem o temperamento do homem, o conhecia a anos, no entanto se decepcionou ao vê-lo o comparar com seu irmão.- Que seja, Cleber. Não tenho tempo pra isso!- o empresário suspirou antes de tomar o celular em mãos e enviar uma mensagem a Rodolfo.
- Então vá embora! Vá corromper minha filha! Vá destruir a vida de Miranda. - o homem gritou.
O empresário avançou sobre o homem e o puxou pelo colarinho, fazendo o encarar.
- Eu já estou cansado de receber insultos de você. Eu não fiz nada, ela quem escolheu estar ao meu lado! Se conforme, Cleber!- Rafael balbuciou antes de solta-lo.
O empresário caminhou até o carro e seguiu em direção a sua casa sem olhar pra trás.
Não entendia a finalidade daquele encontro, mas estava irritado.Miranda encrava o rosto de Eloise perplexa.
Havia ouvido toda a história e ainda não acreditava.- Vai deixar o medo de seu pai impedir que viva algo com Arthur?- a pergunta da morena soou atônita.
Eloise terminava de beber um copo de água, quando encarou a patroa.
Havia acompanhado de perto sua batalha para defender Rafael de seu pai, mas sentia que não tinha a mesma força.- Você nunca o viu nervoso, senhora. Tenho medo do que ele possa fazer a Arthur!- a voz de Eloise surgiu trêmula.
Os olhos da morena percorreram a cozinha vazia. Sabia muito bem o que era ir contra as vontades de sua família, mas sabia de seus valores e entendia que ela que viveria sua vida.
Por muito tempo ouviu seu pai amaldiçoando Rafael e quando realmente se opôs a opinião de seu pai, enxergou realmente quem ele era.- Sinceramente, Eloise, pense bem no que vai fazer. Seu pai já viveu muito, já errou muito também.- Miranda disse tomando a mão da mais nova.- Você quem vive a sua vida. Você decide o que quer. E concordamos que você ama o jardineiro!- a morena disse sorrindo.
Eloise suspirou e sorriu para a patroa.
Sabia que Miranda tinha razão, mas ainda assim estava nervosa.O som de passos chamou a atenção das mulheres na cozinha.
Rodolfo invadiu o cômodo preocupado.- Rodolfo?! Está tudo bem?- Miranda perguntou preocupada ao se levantar e tocar os ombros do advogado.
O homem respirou fundo. Odiava dar más notícias, mas aquela poderia decidir o futuro do amigo.
- Rafael foi preso na empresa com a suspeita de ter matado Cleber.- Rodolfo explicou.
Havia recebido a notícia a pouco e queria confirmar se era mesmo Rafael que havia sido preso.O corpo de Miranda não suportou o baque da notícia e se encontrou ao chão.
Seus ouvidos mutaram. Não ouvia nada além de seu choro.
As lágrimas inundavam seu rosto e o gosto amargo da dor retornava a sua boca.
Por fim sua visão ficou turva e seus olhos pesaram.Seu corpo não queria acreditar no que estava acontecendo. Não queria acreditar que seu pai estava realmente morto.
Mesmo com tantas discussões por escolher ter a vida que tem, Miranda nunca imaginou que seu pai pudesse ir, assim, de uma hora pra outra.A mulher de cabelos castanhos sentiu as pequena mãozinha em seu braço, fazendo-a abrir os olhos novamente.
Guilherme tocou o rosto da tia, enxugando suas lágrimas. O garoto afastou seus cabelos e envolveu seus ombros nos braços.
- Está tudo bem, tia. Ele é uma estrela agora!- Guilherme sussurrou ao ouvido da tia, que apertou seu corpo, permitindo que suas lágrimas viessem com mais força.
A mulher levantou os olhos e encarou o advogado a observando preocupado.
- Por favor, peça uma investigação. Precisamos saber a verdade.- Miranda balbuciou antes de enxugar algumas lágrimas que insistiam em cair por seu rosto.
Rodolfo assentiu e virou-se para a empregada.- Avise todos por favor, Eloise.- o advogado pediu antes de virar-se e seguir e direção a saída da mansão.
A empregada ajoelhou-se próxima a patroa a tocou os ombros de menino, que apertava a tia, tentando consola-la.
- Vamos para o quarto, Guilherme?- a loira pediu com um sussurro.
A morena envolveu o menino nos braços e se levantou.
Fitou os olhos do menino em seus braços e riu triste.
Em apenas dois dias Guilherme havia perdido tudo que tinha e ainda estava ali, lhe dando forças pra decidir o que fazer.- Eloise, prepare um quarto. Guilherme e eu vamos buscar Agatha para passar um tempo com a gente.- Miranda disse antes de colocar o garoto no chão e tomar sua mão.
Depois de tudo que viveu ali, não poderia pensar em abandona-los.
Aquela foi sua família quando seu pai a rejeitou por escolher permanecer ao lado de Rafael. A julgou, mesmo depois de toda a ajuda que recebeu de Rafael.Sentir sua perda não foi tá dolorosa quanto a da mãe.
Cleber nunca foi um pai que pudesse se orgulhar e depois que se casou com Eva, dificultou ainda mais sua relação com as filhas.Miranda prometeu que não iria permitir que seu pai interferisse mais em sua vida. Isso poderia ser em vida e agora em sua morte.
Iria provar para a memória de seu pai, que não era mais a mulher que foi estuprada em um beco escuro.
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Amor Meu
RomanceDuas histórias. Dois traumas. Duas almas que, em um beco, presenciam um rumo diferente de seu futuro. Até onde você iria por amor? Rafael Sanches é um empresário forte no ramo da tecnologia em São Paulo. O Leão corporativo não abaixa a cabeça para n...