Capítulo 43

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A chuva chegou de surpresa, fazendo com que Arthur desatasse a correr até o jardim para montar a estufa.

Havia se esquecido do que Rafael havia dito e se descuidou.

Sua roupa se encharcava enquanto tentava cobrir os ramos recém plantados de rosas.
Já estava pensando em uma desculpa para dar a Rafael quando viu o vislumbre do homem o ajudando a cobrir as pequenas mudas.

— Eu disse pra colocar antes!— o moreno praguejou audível.

Arthur revirou os olhos e puxou a camisa xadrez que grudava em seu corpo, retirando-a.

— Eu me esqueci.— o jardineiro murmurou ao caminhar na direção dos fundos da casa.

O empresário o seguiu, retirando a camiseta de algodão preta que vestia.

Encarou o quintal de sua casa por alguns minutos e observou a chuva encharcar o gramado.
Seus olhos encontraram o alvo vermelho no canto do muro.
Por tantas vezes tentava descontar sua raiva em sua pontaria para que não corrompesse sua mente.
Mal imaginava que poderia se sentir em paz sem descontar sua raiva em algo.

Ouviu os passos molhados pelo quintal e virou-se, encontrando o jardineiro com seu arco em mãos.

— Já faz algum tempo, não é?— Arthur murmurou oferecendo a peça de madeira.

Os dedos de Rafael tocaram a base do arco, fazendo um choque percorrer por seu corpo.
Conseguia sentir o peso da peça em suas mãos.

— Acho que perdi a pratica!— o moreno pigarreou encaixando a flecha, esticando-a.

Fechou um dos olhos, respirou fundo, mirando no alvo certeiro.
As batidas de seu coração aceleravam freneticamente e como se fosse câmera lenta soltou a flecha e a observou atingir seu alvo.

— "Que sua flecha seja tão certeira quanto a pureza de seu coração."— a voz conhecida chamou a atenção de ambos os homens.

A mulher loira se encontrava escorada no para peito varanda, observando os homens encharcados pela chuva.

— Só lembrando que quem morreu foi a Coin, não o Snow!— Arthur pigarreou cruzando os braços envergonhado.

Um bufar soou por detrás do jardineiro, fazendo-o virar-se.

— E eu não sou a Katniss.— Rafael balbuciou caminhando até a escada da sacada.

Eloise apenas ria.
Em todos seus anos como empregada de Rafael, era a primeira vez que o via completamente feliz.

— Sem desmerecer você, Rafael, mas a Katniss é melhor!— Arthur pigarreou seguindo o patrão.

— O que disse, Arthur?— Eloise perguntou ameaçadora.
Foi a vez de Rafael rir enquanto escorava o arco em uma cadeira abaixo da sacada.

— Em partes eu concordo, agora vamos entrar antes que Miranda chegue.— o empresário balbuciou virando-se para a porta de vidro.

Sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando seus olhos encontraram as íris verdes de sua esposa sobre seu corpo molhado.

— Tarde demais.— Arthur balbuciou, recebendo um bufar como resposta do patrão.

As mãos de Miranda abriram a porta e seus olhos percorreram o tórax nu de seu marido.
Observou atentamente as pequenas gotas desaguarem na jeans preta que o homem vestia.

— Entrem!— Miranda cerrou os dentes, como uma ordem, depois de fechar os olhos com força.

Um riso fraco brotou pelos lábios de Rafael, que se deliciava com a vergonha da esposa.

Amor MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora