Diego Alves

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Eu sou Fernanda... 21 anos, estudo arquitetura, minha mãe foi embora há uns 10 anos e moro com meu pai e vou contar pra vocês sobre aquele dia.
Estava no meu quarto enquanto estudava umas coisas e resolvia outras da faculdade até começar a ouvir gritos. Parecia uma briga feia e como boa apaixonada por Diego Alves a, no mínimo, 6 anos eu bem sabia que aquela voz era do goleiro do Flamengo.
Corri até a porta e quando adentrei no corredor fiquei extremamente chocada com o que estava acontecendo. Diego estava vermelho enquanto berrava contra meu pai - apenas com um samba canção vestido do avesso - e Laura, mulher de Diego enrolada num lençol.
Papai e Diego são amigos desde que eu me lembre, se conheceram quando papai ainda estava na base e Diego também, papai se aposentou há 3 anos e é o maior ídolo da história do Cruzeiro (N/A deem oi pro Fábio, coleguinhas). Eu realmente não sabia o que pensar. Me aproximei e vi Diego extremamente irritado, e resolvi tirá-lo dali antes que o pior acontecesse.
- Vem vovô, vamos embora daqui. - ele olhou pro lado e a expressão suavizou, usei o apelido de propósito, sabia que ele não ia brigar comigo.
- Eu vou, pirralha, mas não precisa ir comigo não. Depois que meu chifre passar da porta, você fica tranquila. - olhava ainda com ódio para os dois outros imóveis ali.
Ignorando seu discurso, segurei sua mão mas fui obrigada a soltar quando uma corrente elétrica percorreu meu corpo. Diego pareceu não se importar, é claro. Até um cego via que só eu sentia algo ali. É claro que já tínhamos nos provocado centenas de milhares de vezes desde o meu aniversário de 18 anos em que lá pelas 2 da manhã, eu bati na casa dele muito triste por ter sido deixada sozinha no meu aniversário e ele cuidou de mim. Sua esposa? Olha, ela disse que foi visitar a mãe, mas como meu pai também não estava em casa naquele momento, talvez eles estivessem juntos, vai saber. O casamento deles já não era o mesmo há anos, ela passava meses fora de casa viajando sozinha e ele passava a maior parte do tempo aqui com o papai e me deixando de cabelo em pé com cada aproximação.
Depois daquele dia, eu o provoquei até ele quase perder o controle, mas é claro, só fazia isso pq sabia que 1) ele era casado e 2) ele era o melhor amigo do meu pai, ou seja, zero chances de algo acontecer, porque apesar de tudo, eu tinha medo. Quando ele tava perto demais, eu me afastava, mas isso só acontecia quando ele tava carente, ou seja, quase nunca e eu me afastava exatamente por isso, sabia que ele não era esse tipo de homem que trai.

Meses depois...

Diego tinha se separado, ele e papai não se falavam mais, e papai e Laura estavam oficialmente juntos há 5 meses. Foi um baque.
Diego e eu? Nada. Ele diz que eu tenho idade pra ser filha dele, o que é mentira porque ele é só 15 anos mais velho e sempre que eu toco no assunto, ele diz que não acha certo. E eu o respeito, ele terminou um relacionamento de 10 anos, não deve ser fácil. Mas também não vou ficar parada pra sempre, eu preciso seguir minha vida.
Hoje eu vou sair com um colega da faculdade, Guilherme. Papai e Laura estavam dando uma festa, então perguntei pra Diego se podia me arrumar lá, ele concordou. Avisou que também ia sair...

...

Lá pelas 19h comecei a me arrumar. Um vestido preto justo no busto e rodado embaixo ia até o joelho e um salto nude, make simples e resolvi descer pra esperar na sala, ainda faltavam 10 minutos pras 21h (horário marcado). Diego vinha da cozinha com um copo de água que num reflexo caiu e se espatifou no chão.
Corri pra perto dele
- Tá tudo bem, vovô? Se você não tem mais força na mão devia se aposentar, né? - ri debochada pra ele.
- Vai se catar, pirralha. - riu ainda me olhando estranho.

A campainha tocou e interrompeu nosso momento de encarada.
Quando eu abri a porta pro Gui, Diego vinha com a pá da cozinha e gritou:
- Você volta pra dormir?
- Sim, mas não precisa esperar, nem voltar hoje, eu tenho a chave- falei no mesmo tom e saí.
Guilherme me olhou desconfiada, afinal, não era meu pai, e sim um homem qualquer no qual eu ia dormir na casa, mas não tava nem aí. Não devo satisfação mesmo.

Diego Alves P.O.V
Fernanda era meu bálsamo no meio do caos que minha vida se tornou no último ano. É verdade que meu casamento já era fazia uns 5, mas eu não queria desistir, amei Laura demais. Fábio era meu amigo de adolescência, mesmo quando nossas carreiras nos levaram pra longe, continuamos amigos, eu quase vi a pirralha crescer. Quando ela fez 16 anos, notei que me olhava diferente, mas pensei que era paixonite de adolescente... O negócio é que desde então ela continua me olhando igual. Vou mentir se disser que nunca pensei em ter algo com ela se um dia me separasse. Mas me repreendi sempre por consideração ao cara que tava na cama com minha mulher. Hoje, ao vê-la descer a escada, eu não tava vendo uma sobrinha se arrumando pra ir ao primeiro encontro em 21 anos, eu não sei o que me deu, eu fiquei extasiado com aquela visão. Ela estava linda. Então eu acordei num estalo... faz um ano que me separei, ela sempre esteve aqui e me apoiou, enxugou minhas lágrimas e nem reclamou quando xinguei seu pai um par de vezes... mas eu sempre me forcei a vê-la como uma menina. Hoje foi diferente. Eu percebi que Fernanda é jovem e não vai me esperar pra sempre.
Fiquei a noite inteira pensando nisso... Fernanda não vai me esperar pra sempre.
Mesmo assim, calcei os sapatos e saí pra encontrar uma mulher que os meninos tinham insistido que eu conhecesse.

FIM DA NOITE
Cheguei em casa e estranhei ainda ter luzes ligadas, pelo visto Fernanda já tinha chegado. Entrei e encontrei ela sentada no sofá desabotoando o sapato.
- Como foi a noite? - perguntei sentando ao seu lado no sofá
- Foi legal, mas... - respirou - e a sua?
- Foi legal também - respirei fundo pensando no que ia dizer a seguir - Mas ela não era você. - olhei dentro de seus olhos que pareciam em choque.
- Como é Diego? - franziu a testa
- isso que você ouviu. Foi legal o encontro mas ela não era você. Eu passei a noite inteira pensando em como você estava com aquele cara da sua idade por quem você podia se apaixonar e me esquecer. E nos poucos momentos que me concentrei no jantar fiquei pensando " ah mas a Fernanda não comeria isso, não falaria aquilo" enfim, você não me deixou em paz a noite inteira. - sorri

FERNANDA P.O.V
Eu tava no chão. Eu sonhei tanto com isso... Mas e o medo? Era agora que ele aparece? Droga! Se ele não fizer algo eu nunca vou conseguir mesmo querendo.
Parece que lendo meus pensamentos, Diego se aproximou e segurou minha nuca.
- Você quer isso? - sussurrou olhando dentro dos meus olhos
Apenas assenti
E foi o melhor beijo da minha vida, não só por ser o primeiro (Sim, o primeiro aos 21) mas porque Diego foi minha primeira paixão, e depois de adulta, descobri: ele é também meu primeiro amor.

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