F1: Lewis Hamilton do Brasil

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Estava deitado com Roscoe quando recebi uma mensagem me chamando para uma reunião urgente no escritório.
Chegando lá fui informado que agora eu era oficialmente um cidadão brasileiro.
Pelo que me disseram, a cerimônia de entrega do título seria em 6 meses, uma semana antes do GP de Interlagos, ou seja, o único espaço livre na agenda para voar para o Brasil.
Para variar, Harry começou com suas coisas.
- Lewis, acho que seria bom você aprender português nesses meses. Chegar à posse falando algumas palavras iria ajudar bastante na identificação já enorme que os brasileiros têm com você.
- Eu acho que não é uma má ideia, filho - Ângela concordou
- Como eu teria aulas? Gente, eu viajo toda semana pra um lugar diferente do mundo. Não tem como... - reclamei
- Até parece que você parou de viver em 1980, Hamilton. É pra isso que existem aulas on-line. Podemos contratar uma brasileira, deve ser mais fácil pra te ensinar a língua e, caso você ainda não esteja 100% ser sua tradutora lá. O que acha? - Harry insistiu
- Tudo bem, façam o que quiser. Acho que pode ser legal. - sorri

Eu estava muito feliz com aquela honraria. Ser oficialmente um cidadão do país do meu maior ídolo é como estar mais próximo dele. Quase receber um abraço de Ayrton.

Alguns dias se passaram e minha vida estava uma correria. Minha professora se chama Brenda e acho que já aprendi a cumprimentar pessoas em português. Mas como ela mesma falou, isso é o de menos porque "pessoas desmaiariam com meu "hi, sweetie"".
Ela tem uma didática interessante e rapidinho aprendeu a entender quando não é um bom dia. Nós conversamos as vezes um pouco antes da aula, quando eu tenho dias mais livres. Percebi que ela é uma menina bastante espontânea. Ri de tudo e também é atenciosa. Sempre me ouve e me corrige de forma simpática.
- Hey, Sir - ela me cumprimentou pela vídeo chamada com o apelido que ela escolheu pra implicar. Sabe que não é algo que eu goste.
- Hi, sweetie - cumprimentei
- Não, Não Lewis Hamilton, me cumprimente em português.
- Olá, querida. Tudo bem? - arranhei as palavras
- Estou bem. Obrigada por perguntar. E você, como está? - ela respondeu em português - Você entendeu?
- Entendi que você está bem e perguntou como eu estou, mas não entendi o que tava no meio disso. - franzi o cenho
- Eu disse obrigada por perguntar.
- Oh, sim. Entendi.

Desse modo nossa aula seguiu. Eu sentia que estava progredindo. Queria estar mais próximo agora do país que me acolheu. Minha meta era chegar lá na cerimônia e conseguir me comunicar com as pessoas.

O tempo voou. Daqui uma semana estou embarcando para o Brasil. Hoje é minha última aula com a Brenda. Ela vai me ensinar gírias e palavras engraçadas. Pelo menos foi o que ela falou
- Hey, Sir - ela sempre começava assim
- Olá, querida.
...
Quase no fim da aula
...
- Lewis, parabéns. Você se desenvolveu muito. Tenho certeza que você vai se sair muito bem.
- Obrigada. Mas eu ainda estou bastante inseguro. Será que você não poderia me acompanhar? Sei lá, só pra caso eu me enrole. - mordi o lábio em nervosismo.
- Isso vai te deixar mais calmo?
- Sim. Com certeza.
- Então tá.
Sorri em resposta. Agora sim eu tinha certeza que tudo ia dar certo.

Quando eu pisei em solo brasileiro, tive um sentimento estranho. Eu sempre me sentia em casa naquele país, mas era louco saber que agora, literalmente eu estava em casa.
Vim uns dias antes e resolvi emitir passaporte e tudo mais que eu tinha direito. Queria ser cidadão brasileiro da cabeça aos pés. Inclusive, torcer pelo hexa, desculpa aí Sir. Bob Charlton.

Agora estou eu dando nó na gravata faltando 10 minutos pra começar a cerimônia. Quanto mais nervoso eu ficava, mais difícil era acertar o nó.
Até que alguém bate na porta. Se Ângela deixou chegar até aqui, deve ser alguém conhecido.
Somente gritei um entre, em inglês.
Quando a mulher apareceu na porta, a primeira coisa que ela disse foi:
- Não, senhor. Eu quero em português. -e sorriu
- Oi, Brenda, que prazer conhecer você pessoalmente. - fui em sua direção para lhe dar um abraço. Aprendi que brasileiro gosta de toque.
Ela me abraçou apertado e eu me senti energizado, sei lá.
- O prazer é meu, Lewis. Mas acho que você está quase atrasado.
- Culpa da gravata.
- Espera, acho que posso te ajudar nisso - rapidamente ela se aproximou e fez o nó com uma maestria que me pisoteou.

- Agora vamos.
- Vamos! - sorri nervoso pra ela
- Me escuta - ela disse enquanto caminhávamos - Você aprendeu. Eles podem falar um pouco rápido mas se concentre no fim das palavras e você vai conseguir entender. Se precisar de mim, estarei bem atrás de você. Mas você não vai precisar, eu tenho certeza.

Olhei pra ela agradecido e a abracei de lado.

- Pra um europeu, até que você gosta de abraçar, hein - ela levemente esbarrou seu ombro no meu
- É que eu também sou brasileiro - pisquei pra ela que riu

A cerimônia se estendeu de forma bela, até que chegou a hora do meu discurso.
Eu tava tremendo mais do que no dia em que fui ao Palácio ser condecorado.
- Bom dia - comecei e vi muitas bocas se abrirem em espanto - primeiro eu quero dizer que é uma honra ser considerado agora cidadão brasileiro. Em segundo lugar, queria compartilhar com vocês que este é um momento do qual o pequeno Lewis que eu fui se orgulharia. Ser brasileiro como Ayrton foi é como se eu recebesse um abraço direto do meu maior ídolo. Um abraço diluído em mais de 210 milhões de pares. Obrigada por me aceitarem. Espero poder contribuir para a melhoria do país.

Uma enxurrada de palmas surgiu no salão e atrás de mim, Brenda sussurrou
- É isso. Eu falei que você conseguiria! É mesmo o patrão!

Descemos do palanque e eu tive que cumprimentar muita gente.

Ao fim do dia eu estava exausto.
Brenda veio se despedir. Seu trabalho havia acabado.

- Tchau, patrão. Foi um prazer trabalhar com você. Bem vindo ao Brasil e, obrigada pelos 7 títulos que nos deu esse ano - e riu
- Eu quem agradeço por me ajudar a comunicar com esse país que me acolheu. Você é incrível, Brenda!
- Obrigada. - sorriu tímida - um abraço, brasileiro?
- Só se for agora - usei a expressão engraçada que ela tinha me ensinado e ela riu alto e se aproximou.
Quando eu a abracei, senti de novo aquela coisa boa. Eu a tinha conhecido pessoalmente hoje, mas já a conhecia há quase 6 meses. Trocamos papos e rimos muito. Ela me ajudou numa das coisas que eu mais queria. Não sei. Acho que tem algo aí pra se explorar.

- Bre, você sairia comigo? - olhei pra ela quando ainda estávamos próximos ao romper do abraço
- A gente passou o dia inteiro juntos, Sir - arrumou uma trancinhas que tinha caído sob minha testa
- Mas tinha muita gente lá e muitas responsabilidade. Agora é só sair, nós dois, rir e falar da vida como nas nossas aulas.
- Já tá com saudade, Sir? - brincou
- Talvez um pouco. Aceita, vai - insisti pegando na sua mão
- Contanto que você não me chame de sweetie, eu aceito. - riu
- Ue, por que?
- lembra que eu falei que pessoas desmaiariam? Pois é, essa pessoa era eu - colocou a mão no rosto
- Quer dizer que eu tenho tanto poder assim sobre você? - brinquei
- Vamo descobrir? - me deu a mão e saímos noite a fora sem saber o que nos espera. Seguros apenas porque temos a companhia do outro.












Oi gente, sei que Lewis não é atleta de futebol, mas é que hoje saiu a notícia de que ele é oficialmente cidadão brasileiro e eu queria comemorar.
Entao é isso, espero que gostem do one shot aleatório do patrão.
Beijos, Lu

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