Dani-Gigio Donnarumma

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Todos sabem que Gianluigi Donnarumma é um daqueles casos atípicos do futebol. O cara era titular de um dos maiores (se não do maior) clubes italianos aos 16 anos! Ele jogava no San Siro para milhares de pessoas às noites e, pela manhã ia para escola. Eu sei, isso é loucura!
Mas talvez o que poucos saibam a seu respeito é que apesar de todo aquele tamanho, agilidade e, lógico, fama, Gigio é só um menino que ama abraços, cafuné e Jesus e odeia terminantemente dias quentes. Provavelmente ninguém sabe que ele tem um gato chamado Buffon desde os 10 anos porque jurava que essa era a única forma de interagir com seu ídolo que, segundo ele, nunca notaria um menino como ele.
Também se conta nos dedos quantos sabem que ele chorou feito criança quando treinou pela primeira vez na seleção com o Gigi Buffon ou que ele se quer dormiu a primeira noite de concentração de tão eufórico que estava por poder ver o goleiro mais velho dormir... É, o Gigio é meio estranho.
Mas por quê eu estou falando isso? Por que eu sou uma dessas poucas pessoas que conhece coisas idiotas sobre ele e que dividiu muitas delas também. Eu sou Danielle Maldini e Gigio Donnarumma foi meu melhor amigo por mais de 16 anos.
Mas, Dani, por que foi, no passado?
Sempre fomos muito grudados, e como boa pessoa carente, Gigio não relaxava um dia de vir aqui para que eu lhe fizesse um chocolate quente e cafuné. Quando ficamos adultos e fomos morar sozinhos, ele praticamente morava na minha casa, e com todo o carinho que eu o tratava, acho que ele confundiu tudo e o que podia ser um clichê digno de fanfic, acabou com nossa amizade (Eu acho).

Era 19 de janeiro e ele me levou para jantar, lá o jantar foi incrível, conversamos muito e ele parecia empolgado, até que quando estávamos saindo do restaurante, ele se declarou pra mim... se eu fechar os olhos, ainda consigo lembrar exatamente o que ele disse:
- Luce del Sole, faz tanto tempo que você ilumina minha vida... Eu lembro de você em todas as minhas lesões na base, todas as vezes que você bateu de frente com seu pai por mim, eu lembro de você ter me acolhido quando a Betina me humilhou na frente de todos do elenco... e eu sempre estufei o peito pra dizer que eu tenho a melhor amiga do mundo todo, mas ... talvez eu queira mais. Você quer ser mais que minha melhor amiga, Danielle Maldini?

E essa foi a coisa mais fofa que alguém já disse pra mim. Mas eu não sentia o mesmo, ou pelo menos achava que não... então, como boa idiota que eu sou, eu simplesmente disse:

- então você quer que eu seja sua prima?

Sim, eu cortei todo o clima.
Como bom cavalheiro, Gigio não disse mais nada... seus olhos ficaram tristes, ele sorriu, me estendeu a chave do carro que tínhamos vindo, e quando eu peguei, ele se virou e foi embora andando.
Imediatamente eu me arrependi da piada, e pensei que assim que ele chegasse em casa, nós conversaríamos e ficaria tudo certo.
que não ficou
Gianluigi Donnarumma foi para seu apartamento pela primeira vez em 8 meses e nunca mais voltou.
Duas semanas depois daquele dia eu liguei pra ele, perguntei se ele não vinha ao menos buscar suas roupas que estavam aqui junto de sua luva da sorte que estava na primeira prateleira do closet.
"-Pode doar, ou colocar no lixo, eu não vou buscar, tô bem onde eu tô" - quem ouve ou lê essa história não faz ideia de que essa frase não tinha uma pitada de falta de educação, ou grosseria. Essa é só a forma dele dizer que não tá pronto ainda pra retornar a vida normal. E com vida normal, eu quero dizer "voltar pra mim".

SÁBADO

São 19h, e a campainha toca furiosamente...
Para minha surpresa, meu pai em carne, osso, e amor pelo Milan, Paolo Maldini estava com uma carranca tão grande quanto o cabelo.
- Oi pai - sorri assim que ele entrou
- Oi nada, Maria Danielle Jabour Maldini! Você e o moleque brigaram?
- An? Pra quê tanto ódio? - eu tava realmente confusa com aquilo
- Hoje teve clássico contra aqueles porcos azuis, e o " seu menino" - Falou fazendo aspas e com deboche pelo apelido que eu chamava Gigio desde sempre "il mio ragazzo" - entregou 3 gols e nós só não perdemos por mais porque ele foi substituído no intervalo! - berrou
- E? - Gigio devia estar mal, mas até aí não entendia o que meu pai achava que eu tinha a ver
- E que eu não via ele tão disperso assim desde que você foi passar uma semana em Viena. O cara não tinha nenhum tempo de bola, ele parecia muito longe dali e até um idiota percebeu que desde pequeno ele é todo apaixonadinho por ti. - como assim todo mundo sabia menos eu?
- Pai, mas eu não posso fazer nada, pelo menos não ainda. - tentei explicar
- Não quero saber, dê seu jeito! Na semana que vem temos jogo da Champions e, infelizmente preciso admitir que ele é nosso melhor goleiro. - revirou os olhos e foi saindo
- Pai - chamei e ele se virou já do lado de fora do ap - Por que você odeia tanto o Gigio?
- Por que ele quer levar a minha Maldini de mim! - respondeu na lata e cruzou os braços
- Ele não vai me levar a lugar nenhum. Eu sempre vou ser sua menininha. Mesmo que talvez um dia eu seja uma Maldini-Donnarumma... - sorri pra ele em provocação
- Ele sorriu curto e disse enquanto enumerava com os dedos: você é muito cínica por primeiro dizer que não tinha nada a ver e agora tá planejando até o nome dele no seu; 2) esse sobrenome ficou ridículo! Muito futebolístico. - debochou
- Falou o cara que me deu o nome de Danielle por causa do De Rossi - revirei os olhos
Ele ergueu as mãos em rendição e eu fui abraçá-lo, eu sempre soube que apesar de amar o Milan, eu sempre seria sua prioridade.
Antes de fechar a porta atrás de si, ele bradou: Resolva o problema e devolva nosso goleiro!
E essa foi a desculpa perfeita para eu ir até seu ap. Precisava vê-lo e conversar com ele, tudo em nome da saúde do meu pai (anrã, sei😝)

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