Capítulo 14

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Acordei e notei que as imagens estavam embaçadas, pisquei algumas vezes tentando normalizar a visão, tentei me mexer e gemi ao sentir pontadas agudas e dolorosas por todo o corpo. Busquei por indícios do local em que estava e estremeci ao entender que era um quarto de hospital, as lembranças que tenho não são muito boas ou favoráveis. Tia Sophie dormia sentada na poltrona próxima da maca, a culpa inundou o meu coração ao vê-la nesse estado, a culpa é minha.

- Megan? - Carlisle entrou no local e seu filho, Edward, estava do lado - Como está se sentindo? - Indagou.

- Muito destruída e muito, muito detonada - Respondi com sinceridade e constrangimento.

- Eu entendo, você nos deu um susto e tanto, ficamos aflitos e preocupados - Afirmou e a vergonha aumentou.

- Onde está o meu cachorro? Khal Drogo está bem? - Questionei aflita e extremamente desconfortável com as memórias.

- Seu cachorro está recebendo o devido tratamento, Edward, o levou para o veterinário - Informou o Dr. Cullen.

- Obrigada - Murmurei e sorri agradecida para o jovem, preciso retribuir o gesto.

Sophie deu indícios de que iria acordar e me preparei para os gritos e sermões, ela é a cópia fiel de minha mãe, ambas são iguais e idênticas na personalidade, exageradas. Ela mal abriu os olhos e olhou para mim, lágrimas e soluços preencheram o ambiente e o abraço foi inevitável. A envolvi de forma protetora e a puxei para ainda mais perto, ignorando a dor e o desejo por mais morfina ou qualquer outro analgésico poderoso.

- Eu sinto muito, por favor, não chore, tia - Implorei enquanto mexia no seu cabelo.

- Eu fiquei aterrorizada e desesperada, tem ideia de que você quase morreu, garota? - Perguntou e se afastou para olhar dentro dos meus olhos.

- Desculpe - Murmurei, era a única coisa que eu poderia dizer.

- Nunca mais faça algo tão imprudente e estúpido - Ordenou e concordei de prontidão - Vou buscar um pouco de comida e água, volto logo - Informou e levantou da poltrona.

- Ligou para os meus pais? - Questionei e a mulher parou no meio do caminho.

- Sim, eles chegarão em algumas horas - Sophie afirmou e saiu do quarto.

Carlisle estava anotando informações e dados coletados em uma prancheta, Edward continuou parado olhando de forma intensa e profunda para mim. O médico sorriu e andou até a saída, sem pronunciar uma palavra até a porta, somente quando estávamos sozinhos e com privacidade, foi que Edward resolveu se aproximar. O garoto sentou na poltrona antes ocupada por Sophie e segurou na minha mão, a nossa diferença de temperatura lembrou a recente descoberta.

- Porque tem fugido de mim? - Indagou e fiquei surpresa com o assunto abordado.

- Eu não sei do que você está falando - Menti, atenta a reação mostrada por seu corpo, os músculos e a mandíbula ficaram rígidas.

- Porquê está mentindo? - Ele perguntou incrédulo e até um pouco mortificado.

- Quer sinceridade? Tudo bem, eu soube a verdade, aquilo que tentou esconder de mim - Afirmei e ele ficou desconfortável, porém tentou manter a pose e a expressão de indiferença.

- E qual é a verdade, Megan? - Indagou e sorri com a ousadia.

- Você e sua família tem o hábito nada convencional de sugar o sangue de bichinhos inocentes na floresta - Sorri cinicamente.

O silêncio foi imediato e absoluto, não foi preciso ser um gênio para imaginar no que a sua mente focou, continuei olhando para o seu rosto. Por fim, Edward suspirou e levou as mãos até o cabelo, tornando os fios de tons ruivos acobreados ainda mais bagunçados e arrepiados. Seu olhar demonstrou medo, e eu compreendi que havia receio da rejeição, não deve ser fácil caminhar sobre a terra por anos, talvez séculos, e nunca evoluir, estagnado na mesma idade da transformação.

- É um tipo de fetiche vampiro? Eu tenho que ficar com medo, Edward? - Questionei e o garoto balançou a cabeça.

- Eu nunca serei capaz de machuca-la, o meu coração é seu, Megan - Ele respondeu e a intensidade de suas palavras foi profunda.

- Explique, quero saber a verdade, chega de segredos - Comentei e ele acentiu em sinal de rendição e concordância.

Edward Anthony Masen, nasceu no dia 20 de Junho de 1901, sendo filho de Edward Senior e Elizabeth Masen. Ele e seus pais contraíram gripe espanhola durante a epidemia que devastou Chicago, em 1918, durante a primeira guerra mundial. Órfão e quase morto pela doença, Edward foi transformado por Carlisle Cullen, que agiu a pedido de sua mãe.

Daquele dia em diante, Carlisle cuidou dele como sendo seu próprio filho, ensinando-o a seguir uma dieta diferente de outros imortais. Seu modo de vida é baseado na recusa de pensar em humanos como comida e se alimentar de sangue animal. Houve um período em que ele abandonou este estilo e passou a utilizar a sua habilidade para se alimentar daqueles que considerava merecedores da morte.

Alguns anos depois ele se arrependeu e voltou a viver com os Cullen. Edward possui o raro dom de ler mentes. Carlisle e ele tem a teoria de que os dons de certos vampiros são vestígios de talentos que possuíam quando humanos. Edward consegue ouvir somente os pensamentos que a pessoa tem no exato momento em que "está em sua cabeça", e pode fazê-lo mesmo que esteja a quilômetros de distância, depende do quanto ele conhece a "voz mental" da pessoa.

- Então, você consegue ler os meus pensamentos? - Questionei chocada demais para demonstrar qualquer reação.

- Não, é estranho, quando estou perto de você as vozes se calão por completo, a paz e calmaria são imediatos - Respondeu e acenti, absorvendo a revelação.

- O que tem de errado com você? - Mordi o lábio e o encarei com curiosidade.

- Desculpe? - Murmurou deslizando para mais perto e, discretamente ou nem tanto, ele segurou em minha mão.

- Você consegue ler os pensamentos de todo mundo, menos os meus. Porquê? Está se concentrando o suficiente, Edward? - Insisti e ele me olhou de forma estranha.

- Não está assustada? - Indagou e roçou o polegar sobre o meu pulso.

- É claro que estou, não sou imprudente e estúpida, sei que poderia me matar e eu não conseguiria me defender - Respondi e Edward olhou para o chão, constrangido.

- Megan, eu não estou entendendo a sua linha de raciocínio - Grunhiu e sorri ao vê-lo tão afetado e nervoso pela situação.

- Eu andei pensando e refletindo sobre o que tem acontecido entre nós dois, e cheguei a conclusão de que quero descobrir onde isso vai dar - Anunciei e instantâneamente Edward sorriu, aquele sorriso torto convencido.

- Obrigado, Megan, não irá se arrepender - Prometeu e levou a minha mão aos labios.

- Espero, porque se pisar na bola, será uma única vez, Cullen - Pisquei o olho - Agora, que tal falar da sua insistência em ficar do meu lado? - Indaguei.

- Você é minha companheira - Informou e esperei por mais informações.

- Isso é bom ou ruim? - Insisti, sentindo os batimentos cardíacos aumentarem.

- Significa que estamos interligados pra sempre, companheiros é o mesmo que almas gêmeas, porém mais profundo e significativo - Murmurou e arregalei os olhos.

- Por isso fica me seguindo por todos os lugares? - Sorri e o ouvi bufar dramático.

- Eu não fico seguindo você por aí, Megan - Ele tentou se defender.

- São palavras de minha tia, não minhas, Eddie - Zombei e o garoto apenas revirou os olhos.

Alem do Tempo - Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora