Capítulo 19

9.6K 958 35
                                    

Passaram duas semanas do ocorrido na mansão Cullen e a minha proximidade com Edward sumiu, ele tem vindo trabalhar, mas o silêncio é a única companhia. As risadas e os diálogos simplesmente acabaram, é nítido em seu corpo que ele está sofrendo, mas ele não parece se importar com as consequências de sua abstinência.

Rosalie e Alice vieram até minha casa e o tópico da conversa foi o estado emocional e psicológico de seu irmão, porém o vampiro é a personificação de angustia e sofrimento. Eu tentei conversar e concertar as coisas, mas nada surtiu efeito, suas respostas grosserias fizeram o meu coração sangrar, parece que a situação é permanente.

James tem sido um verdadeiro irmão e um ombro para chorar, o vampiro tem ouvido os meus lamentos e desabafos, por mais que a sua vontade fosse caça-lo até os confins do mundo. Victoria tem ficado mais próxima, ela afirmou que eu lembro de sua irmã mais nova, a garota morreu a muitas décadas, e ela não pode se despedir, infelizmente.

E Laurent tem passado a maior parte do dia cuidando da segurança de sua parceira de eternidade, mesmo que Bella não tenha sido informada desse detalhe. Rosalie afirmou que a garota deixou de perseguir Edward, algo ou alguém, parece ter capturado a sua atenção, e espero que tenha sido o vampiro com dreads e olhos vermelhos.

Tia Sophie notou que tenho estado mais quieta e distraída que o comum, mas ela não perguntou e respeitou o momento, Khal Drogo é o meu conforto de todas as noites. O filhote cresceu e temos realizado passeios por Forks e aproveitado os poucos segundos de paz e a calmaria da floresta. Lá Push é o destino mais frequentado por nós dois.

- Megan, poderia informar o Dr. Carlisle que a reunião terá início em 15 minutos? - Pediu Sophie de forma calma e serena.

- Claro - Respondi de imediato, tentando ignorar a tensão existente entre Edward e eu, o que não tem sido fácil.

Respirei fundo e levantei do acento, falta poucos minutos para o final do meu período de trabalho, logo poderei ir embora e assistir a filmes e comer chocolate. Andei pelo corredor e busquei por Carlisle, ele não tinha pacientes e poderia ser chamado em caso de ocasiões especiais. Bati na porta de seu consultório e a voz rouca e grave autorizou a minha entrada, o vampiro lia alguns documentos.

- Olá, Megan - Comprimentou educado e cavalheiro como sempre.

- Dr. Cullen, sua presença é solicitada na reunião, ela começa em 20 minutos - Afirmei e o homem acentiu.

- Obrigado - Ele agradeceu e começou a guardar a pilha de papéis espalhados sobre a mesa.

- Com licença - Respondi e me virei para sair do cômodo e deixá-lo sozinho.

- Sinto muito pelo que está acontecendo entre meu filho e você - Comentou e o bolo no fundo da garganta se formou.

- Há males que vem para o bem - Sorri e o vampiro acentiu - Talvez seja melhor assim - Respondi, tentando acreditar nas minhas palavras.

Sai do consultório e respirei fundo, a dor estava sendo mais intensa do que imaginei, a sensação de angustia e ausência é constante, é como se algo estivesse faltando e sei onde encontrá-lo, mas não posso. Retornei usando o mesmo percurso e ocupei o acento vago ao lado de Edward, seu perfume invadiu o olfato e fiquei levemente inebriada.

Sinto saudades de cada conversa e as piadas horríveis que ele contava, mas preciso aceitar as consequências de minhas decisões e atitudes. Meu celular vibrou sobre o balcão e o nome de Laurent ficou visível, enxerguei o olhar atento do vampiro ao lado, mas ele não transpareceu outra reação. Ignorei a ligação e continuei trabalhando.

O celular vibrou mais uma vez e o Cullen se mexeu desconfortável, pude enxerga toda a frustração e irritação no rosto de Laurent, o vampiro odeia ser ignorado. Porém o som de mensagem conquistou a atenção, arregalei os olhos diante do conteúdo, levantei apressada e peguei o casaco, meu coração batia rápido e acelerado.

Estamos aqui.

                       L.

Era isso que dizia a mensagem, simples e direto, e se eles sentirem cheiro de sangue e não conseguirem controlar os instintos? Seria o prelúdio de cenário apocalíptico. Caminhei e segui para a área de trás do prédio, empurrei a porta e fui atingida por rajadas de vento, o frio aumentou e trouxe temperaturas baixas e congelantes. Três figuras distintas surgiram e praguejei baixinho.

- Qual o problema de vocês? Aqui é um lugar perigoso - Afirmei olhando para cada um deles.

- Era só ter atendido o telefone - Afirmou James e aquele sorriso torto característico.

- Eu sou contra a violência, mas adoraria socar o seu rosto agora - Admiti.

James simplesmente ignorou e veio ao meu encontro, seus braços envolveram o meu corpo e puxaram contra ele, retribuí o gesto e o abracei apertado. Victoria sorriu e acenou, o cabelo vermelho se destacando no cenário de neve e pinheiros, ela usando um vestido preto e estava descalço, combinação impactante e surreal para o frio extremo.

- Adorei o vestido - Elogiei e seu sorriso aumentou.

- Obrigada - Respondeu exibindo dentes brancos, alinhados e afiados.

Laurent cruzou os braços e evitou olhar diretamente nos meus olhos, sua expressão e a postura intimidante indicaram que o nível de irritação eram muito altos. Suspirei e andei ao seu encontro, ele é o meu melhor amigo e não gosto da ideia de vê-lo irritado comigo, ele é o homem mais nobre e sábio que conheço, sua dieta é baseada em assassinos, estupradores e pedófilos, mas ainda sim, as suas presas são humanos.

- Desculpe, eu não quis irritar você, mas o momento não era dos melhores - Comentei e o vampiro revirou os olhos.

- Ficamos preocupados - Respondeu e a culpa pesou sobre os meus ombros.

- Sinto muito - Murmurei e Laurent veio e me abraçou - O que vieram fazer aqui? - Sorri e indaguei curiosa.

- James trouxe um presente - Victoria contou e apontou para o campanheiro.

- Presente? - Repeti diante do cuidado e o almejo do imortal.

- É simples, mas espero que goste - Ele Murmurou e mordi os lábios.

James tirou algo pequeno e delicado do bolso da calça, o brilho reluzente indicou que o material era feito de metal, o vampiro sorriu e segurou a minha mão. Observei com atenção enquanto algo deslizou sobre o dedo, era um anel lindíssimo e de aparência antiga, a pedra esverdeada e o metal combinaram perfeitamente, aquela é a peça mais bonita e deslumbrante que já vi.

- Obrigada, é lindo - Suspirei admirando o anel com admiração.

Entretanto, a conversa foi interrompida com a chegada repentina e abrupta de Edward, ele olhou para os nômades e rosnou, a cor de seus olhos ficaram densas e escuras. Ele tentou avançar e me tirar do alcance de James, mas Victoria e Laurent foram rápidos e se colocaram a minha frente, formando uma espécie de proteção. Os rosnados e ameaças ficaram altos e animalescos.

- Parem, agora mesmo, parem - Ordenei e o local ficou silencioso e tenso.

- Quem são eles? - Questionou Edward e havia urgência na sua voz.

- Meus amigos - Informei saindo de trás de Laurent e Victoria.

- Amigos? Eles são vampiros que bebem sangue de pessoas - Rosnou Edward.

- Não vejo como isso seja sua conta, ou esqueceu que tem me ignorado? O que faço da minha vida não tem nada haver com você - Desdenhei, engolindo o sabor amargo e nada sútil de arrependimento.

- Megan... Eu... - Gaguejou, se enrolando na ausência de palavras - Podemos conversar? - Implorou.

- Não sei - Neguei, embora meu coração não concordasse, olhei para os nômades que acentiram, me encorajando - Tudo bem - Concordei após avaliar a situação, embora o medo seja alto, eu senti a ausência de Edward e quero concertar as coisas.

Alem do Tempo - Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora