Capítulo 16

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David avaliou o garoto de cima a baixo, não escondendo a expressão de desgosto, ao que parece a primeira impressão deixada pelo vampiro não foi boa. Candice, por outro lado, era apenas sorrisos e olhares constantes, admito que Edward é um homem muito bonito, mas ver a reação causada em minha mãe foi muito estranho e constrangedor.

Suas bochechas ficaram rosadas e os olhos brilharam ao vê-lo, pigarriei chamando a atenção e ela piscou algumas vezes, voltando a realidade e ajeitando a postura. Meu quase namorado respirou fundo e caminhou ao meu encontro, era nítido o quanto ele está nervoso e inseguro, agora éramos alvos fáceis, fugir não era uma opção, Edward seria questionado e investigado.

- Quantos anos você tem, garoto? - Meu pai foi o primeiro a se manifestar.

- 17, senhor - Respondeu e sorri ao vê-lo respirar fundo e reunir coragem o suficiente para prosseguir.

- É mais novo que minha filha, como vou confiar em você e saber que suas intenções são boas? - Exigiu cruzando os braços.

- Megan é muito importante para mim e eu jamais permitirei que ela sofra, mesmo que isso signifique sentir as suas próprias dores e me colocar a sua frente contra qualquer ameaça - Afirmou e franzi o cenho, seus pensamentos são intensos e protetores.

- Isso é tão romântico - Elogiou Candice e o garoto se mexeu de forma nem um pouco confortável.

- O que pretende fazer no futuro? Espero que não seja um desses jovens que vivem as custas do dinheiro dos pais - Questionou e fiquei curiosa, Edward não pode envelhecer e evoluir.

- Irei entrar na faculdade de música do Alasca, senhor Jones - Respondeu e admito ter ficado impressionada com a firmeza de sua voz.

- Você é um amante de música? Megan é a musicista de nossa família, um verdadeiro talento no piano - Comentou a minha mãe com um sorriso orgulhoso - Meu pai ensinou os segredos da música clássica, mas desde a sua morte, Megan não toca - Lamentou.

- Ela tocou piano a algum tempo, foi muito bonito e emocionante - Afirmou Edward e corei ao ser encarada por meus pais.

- É verdade? - Questionou Candice, seu olhar estava cheio de interesse e curiosidade.

- Sim, um senhor estava tentando tocar música e não conseguiu, achei que seria uma boa ideia interferir e ajudar - Dei os ombros e foquei no alívio explícito em seus rostos.

Esse momento de conversa agradável e suave foi interrompido quando as perguntas e questionamentos para Edward retornaram, eu fiquei surpresa com a firmeza e convicção em suas respostas. O vampiro tinha a postura e a áurea mais leve e descontraída, chegou a rir e brincar com David, algo que nunca aconteceu antes, nem mesmo com antigos pretendes, é um verdadeiro milagre.

O seu charme sobrenatural serviu como uma espécie de alavanca para conquistar os seus maiores objetivos, adquirir a confiança de meus progenitores e demonstrar que pode see o melhor para mim. Ao contrário de tudo que imaginei e planejei para o futuro, eu quero aproveitar ao máximo, por mais que isso seja impossível e uma ideia muito distante, porém sonhar é de graça.

Eu sempre pensei que estaria preparada para o instante em que a morte chegar, mas a realidade é outra, vivenciar aquela experiência em Lá Push foi um baque e tanto. O medo foi inesperadamente maior e muito mais intenso, eu quis chorar de alegria e entusiasmo por ter continuado viva, é egoísmo desejar que o câncer nunca tivesse acontecido? E que fosse apenas um pesadelo?

Gostaria de ter conhecido Edward em uma época completamente diferente, sem o seu vampirismo e a minha maldita doença, poderiamos ter namorado e curtido a nossa juventude. Teríamos trabalhado e comprado a casa dos sonhos, depois de um tempo viriam os filhos, talvez um casal de crianças lindas e enérgicas correndo pelo quintal. Envelhecer é o meu maior desejo e ambição.

Posso imaginar nós dois sentados na varanda, observando os netos que jamais irão existir brincando no jardim, enquanto Edward e eu tomamos chá e comemos biscoitos. Não gosto de admitir, mas estou começando a me apaixonar por esse vampiro centenário, e uma parte de mim sente medo das consequências disso, qual a chance do relacionamento entre imortal e humana funcionar?

Inúmeras questão surgem na mente ao pensar na situação que estamos submetidos. Ele pretende me transformar em vampira? E o pior, eu estou disposta a abrir mão de minha humanidade e de tudo aquilo que amo? E os meus pais? Infelizmente, a cada reflexão, noto que não quero passar os séculos bebendo o sangue de outras criaturas, sendo humano ou animal, a eternidade é muito tempo e não é o que quero para mim.

James, Laurent e Victoria disseram que o poder é instigante e inimaginável, mas nem tudo são maravilhosas, eles não podem sair em um dia de sol e aproveitar o dia. O cheiro de sangue é o suficiente para criar situações caóticas e violentas, e o mais mórbido, eu não consigo me imaginar matando animais. É um absurdo, além de nojento e cruel, entendo que eles precisam sobreviver de algum modo, mas é mórbido e desumano.

O meu medo de morrer é enorme, mas a possibilidade de matar alguém é imperdoável, eu jamais conseguiria viver com o peso nos ombros e culpa no peito. Preciso conversar e explicar tudo a Edward, honestidade é o mais Importante, ele sempre foi verdadeiro sobre os seus sentimentos, tenho que ser honesta e fiel ao que acredito, mesmo que signifique dar fim a algo que nem começamos.

- Querida, está passando mal? Eu posso chamar o médico - Candice Indagou nervosa e apreensiva.

- Eu estou bem, apenas pensando - Sorri e pude ver a preocupação de todos - Então, o que acharam de Edward? - Perguntei.

- É um bom garoto, Megan, romântico e cuidadoso, o homem que sempre sonhei para você - Respondeu minha mãe, eufórica e um pouco animada demais.

- E você, pai? - Questionei e ele respirou fundo e passou a mão pelo cabelo.

- Eu não esperava conhecer o namorado da minha filha quando decidimos vir a Forks, mas estou satisfeito com as respostas que o garoto nos deu, então abençoo a relação de vocês - Afirmou e franzi o cenho, ele aceitou tão fácil?

- Pai, por enquanto, ainda não somos namorados - Afirmei, porém fui ignorada por todos eles.

- Obrigado, senhor Jones - Agradeceu e estendeu a mão, uma atitude educada e gentil de Edward.

- Obrigada? Cuidado, se souber que fez a minha princesinha chorar e eu vou atrás de você, ela é o meu tesouro, então é melhor cuidar muito bem dela, ouviu? - Exigiu usando tom de ameaça - Traição? Ah, garoto, eu mato você e seus pais nunca encontrarão o corpo, e nem pense em levantar a mão para bater na minha filha - Ordenou friamente.

- Eu prometo cuidar de Megan com tudo que tenho, senhor - Assegurou o vampiro, ele parecia falar sério.

- Estamos conversados - David recuou e ajeitou o casaco jeans sobre o corpo - Eu vou indo, preciso me hospedar no hotel - Informou e acenti.

- Eu também vou indo, cuide bem do meu bebê, Edward - Pediu Candice.

- Sim, senhora - Respondeu de prontidão.

- Vocês irão voltar? - Questionei e ambos sorriram abertamente.

- Claro, meu amor - Respondeu David e acenou, se despedindo.

Candice saiu logo depois, o silêncio no quarto foi estranho e emocionante, havia divertimento e um pouco de frustração, emoções opostas e divergentes. Observei a expressão no rosto do vampiro e não segurei a risada, era hilário ver o nervosismo através de seu rosto absolutamente perfeito. Sentei no colchão fino e puxei o cobertor, cobrindo os braços e o restante do corpo, incomodada com a baixa temperatura do hospital, além do cheiro insistente de álcool e remédios.

- Porque você fez isso? - Questionou se jogando na poltrona perto da maca.

- Porque você é um linguarudo e contou a Esme e Carlisle que recusei o jantar na sua casa - Sorri inocentemente.

- É vingança? - Murmurou incrédulo e o sorriso em meu rosto aumentou.

- Prefiro o termo aprendizado, querido - Pisquei o olho.

- "Aprendizado"? - Edward riu e fez aspas com as mãos.

- Sim, você aprendeu que eu não brinco em serviço - Respondi e o garoto balançou a cabeça, rindo ainda mais.

Alem do Tempo - Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora