Capítulo 17

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Sair do hospital foi de longe, uma das melhores coisas que aconteceram comigo nos últimos dias. Carlisle me deu alta com a condição de ficar atenta a qualquer sinal de recaída, algo que estou torcendo para que não aconteça, o tempo que passei naquele lugar foi tedioso e degradante. Senti falta da cama macia e o aconchego do lar, e principalmente, das visitas dos nômades.

James, tem se mostrado como o irmão mais velho super protetor, é incrível a maneira como o vampiro se preocupa com o meu bem estar e saúde. Ele arranjou um celular e agora podemos trocar mensagens constantemente, mas não faço idéia de como ele conseguiu, o mais provável é que seja de algumas de suas vítimas. A ideia de trocar mensagem com um assassino é controvérsia.

Laurent é o ouvinte e conselheiro ideal, ele ouve cada palavra com extrema atenção, sempre atento aos detalhes, ele é paciente e um amigo e tanto. Diante da minha situação com Edward, afirmou que devo ser sincera e verdadeira com os sentimentos envolvidos, afirmando que a base de um relacionamento é o mais importante de tudo.

Victoria, ao contrário de seus companheiros de clã, assegurou que a transformação é a solução dos problemas, a vida eterna é o sonho de inúmeros humanos, e que estou sendo estúpida ao desperdiçar a possibilidade de juventude e beleza eterna. O que a vampira não entende, é que não tenho interesse em matar para sobreviver, eu estou satisfeita com o fator humano.

- Tia Sophie, estou indo dar um passeio - Gritei segurando as chaves do carro.

- Tome cuidado, querida, você está bem agasalha? - Indagou ao notar o clima chuvoso de Forks.

- Estou, tenha uma boa tarde - Desejei e saí de casa, correndo até o carro.

Liguei o aquecedor e agradeci ao sentir a temperatura aumentar, retirei o casaco de lã molhado e o joguei no banco de trás, preciso ir até o colégio e convencer Edward de termos a conversa definitiva. Manobrei o automóvel e dirigi pelas estradas vazias, pluguei o celular no sistema de som e a melodia de AC/DC preencheu o lugar. Cantei a plenos pulmões e agradeci por estar sozinha, logo a imagem do colégio se tornou visível.

A maioria dos alunos estavam reunidos no estacionamento da escola, respirei fundo e pisei fundo no acelerador, os olhares curiosos e cheios de interesse vieram direto para mim. Parei em uma das vagas e abri a porta, andei e sentei no capô, não havia indícios da família em lugar nenhum. Fiquei desconfortável com a atenção e os cochichos nada discretos, mas a intensidade do olhar de Isabella era o mais assustador e intimidante.

Entretanto, tudo ao meu redor sumiu ao perceber que as portas se abriram e Edward e seus irmãos surgiram, tão lindos e graciosos quanto consigo lembrar, eles são a imagem de perfeição e beleza absoluta. Rosalie foi a primeira a perceber e se soltou de seu marido, ela praticamente correu ao meu encontro e me abraçou apertado. Seus braços gelados e rígidos me puxaram para si e retribuí o gesto com carinho e gratidão.

- Megan, como você está? - Questionou e notei a preocupação explícita em seu olhar - Você nos deu um susto enorme - Acusou ao se afastar.

- Estou melhor, Rose, seu pai cuidou de mim - Sorri acanhada, logo o restante do clã também se aproximou.

- Nunca mais faça algo assim - Implorou Alice, que me abraçou apertado, igual a irmã - Esse é Jasper, o meu companheiro - Apontou para o jovem ao seu lado.

- É um prazer vê-lo, Jasper, obrigada por concordar em ajudar Edward no encontro, eu nunca tive a oportunidade de agradecer como deveria - Sorri e sua postura relaxou.

- Disponha, senhorita - Afirmou e levou a minha mão os lábios. 

- Você é o Emmett, certo? Eu agradeço e peço desculpas pelo comportamento de seu irmão, ele não deveria ter colocado a família para trabalhar - Ri ao lembrar da naturalidade com que ele explicou a situação.

- Somos quase irmãos, baixinha - Ele riu e colocou o braço por cima de meus ombros.

- Eu não ganho abraços? - Questionou o imortal que vem povoando cada pensamento e molécula de meu corpo.

- Sempre tão carente, Eddie - Provoquei e sorri ao vê-lo revirar os olhos.

- Odeio esse apelido, Megan - Murmurou e veio para mais perto de mim.

Emmett permitiu que fosse para longe de seu aperto monstruoso, abracei Edward com saudades e o vampiro tomou cuidado para não exagerar na força aplicada. O cheiro de mel, hortelã e pinho inundou o meu olfato, a essa altura os murmúrios eram altos e mais incômodos, mas não me importei, senti amor e segurança nos braços desse homem e nada poderia impedir que o sentimento aumente e floresça, afinal nascemos e fomos destinados a pertencer ao outro.

- Eu não estou reclamando, mas qual o motivo da visita surpresa? - Indagou Edward e ele se afastou minimamente.

- Precisamos conversar - Respondi e o tom sério de minha voz tornou o clima tenso e cheio de emoção.

- Está começando a parecer assustador e preocupante - Murmurou e mordi os lábios.

- Podemos conversar em outro lugar? O que tenho para falar é sério - Pedi e todos eles acentiram.

- Podemos ir para casa, Carlisle e Esme estão ansiosos para vê-la de novo - Rosalie riu e tentei negar, mas não obtive sucesso.

- Sem desculpas, você odiou o jantar por muito tempo, um almoço é tudo que pedimos - Alice anunciou e acenti, totalmente rendida, lutar e inútil.

- E como faremos? Não pretendo deixar o meu carro aqui - Argumentei.

- Edward vai com você, assim ele mostra o caminho - Jasper se manisfestou - Eu dirijo o volvo e o levo em segurança - Respondeu e a lógica foi incontestável.

- Cuidado com o meu carro, Jasper - Sibilou o leitor de mentes.

- Tão possessivo - Zombei e acenei, logo entrando no automóvel vermelho - Podemos ir, Eddie? - Indaguei nervosa e apreensiva.

O vampiro entrou e de sentou no banco do passageiro, a chuva havia parado e deixou o clima úmido e com cheiro de terra molhada, pude sentir o olhar atento de Edward. Liguei o rádio e segui atrás do Volvo prateado, Rosalie e Jasper dirigiam a uma velocidade surreal e impressionante, praticamente voando sobre o asfalto. Chegamos a um local mais afastado e recluso de Forks, árvores grandes rodeavam a estrada feita de terra e cascalho.

- É um lugar interessante para morar, na sua casa tem caixões? Talvez masmorra e um fosso? - Perguntei e Edward riu alto.

- Essa é sua visão sobre mim? - Indagou e dei os ombros.

- Eu não sei as regras sobre como ser um vampiro centenário - Sorri ironicamente.

Observei mais adiante uma belíssima e imensa mansão de dois andares, estacionei o carro e desci, sentindo os batimentos do meu coração batendo em ritmo acelerado. Engoli o nervosismo e me preparei para a conversa e o diálogo que teremos, o ideal seria privacidade, mas talvez seja melhor explicar as ideias que vem povoando minha mente. Imortalidade? A simples menção da ideia causa calafrios na espinha e o embrulho no estômago.

- Tudo bem? - Questionou Edward com preocupação, ele colocou a mão nas minhas costas.

- Tenho medo de que as coisas mudem e você me odeie depois de hoje - Respondi com sinceridade.

- Odiar você é impossível, Megan - Afirmou e acenti, ainda sem acreditar.

- Eu tenho algumas dúvidas - Murmurei e andei até a pequena e ingrime escadaria de entrada.

Alem do Tempo - Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora