Capítulo 20

10.7K 923 111
                                    

Edward Cullen

A viagem de carro durou pouco mais de vinte minutos, o silêncio entre nós era tenso e preocupante, Megan continuou quieta, aquele brilho intenso e único sumiu de seus olhos. O cansaço e exaustão eram visíveis no rosto e fisionomia, consequências parecidas com as minhas. As semanas que ficamos afastados foram um verdadeiro caos e sofrimento.

Inúmeras dúvidas foram se acumulando em minha mente, e se ela quisesse continuar longe de mim? E quem eram os vampiros que pareciam nutrir emoções de afeição e amor por ela? Sou egoísta por querer a eternidade e imortalidade ao seu lado? Apertei o volante e ouvi o metal ranger e retorcer devido a força e pressão aplicados no objeto.

Minha garganta queimou e ardeu devido ao longo período que fiquei sem caçar, mas o pior foi a ausência de minha companheira, ela se tornou o centro de tudo envolvendo minha existência. Megan é a luz na escuridão, foi ela quem ensinou a aproveitar coisas simples e a enxergar o mundo de outra perspectiva, sem a máscara de desinteresse.

Entretanto, a besteira havia sido feita no momento em que a jovem saiu de minha casa e entrou no carro, foi impossível não sentir o aroma salgado de lágrimas, além do som dos soluços audíveis. O arrependimento bateu na mesma hora, mas eu precisava de tempo, o suficiente para assimilar a situação e colocar os pensamentos em ordem.

Eu passei décadas observando os meus irmãos e suas esposas, sem mencionar Esme e Carlisle, seus pensamentos eram cheios de amor, sofri em silêncio, sem esperança de encontrar e vivenciar algo parecido. E quando encontro, ela afirma que quer morrer ao invés de passar pela transformação.

É castigo divino, é a única explicação plausível, o que mais poderia ser? Entretanto, a voz da razão veio de Rosalie, minha irmã me mostrou que devo aproveitar a oportunidade. E aos poucos poderíamos convencer Megan do contrário, mostrar que a morte não deveria ser a solução dos problemas, sou egoísta pra influencia-la.

Eu quero mostrar o mundo a ela e ter as experiências que casais normais tem, quero o prazer de observar o crepúsculo e amanhecer ao seu lado, além de amar e respeitar intensa e apaixonadamente. Adoro quando trocamos mensagens de madrugada, ou quando temos momentos de puro silêncio, até mesmo a sua respiração é o suficiente para acalmar meus demônios interiores.

- Eu sinto muito por machucar você - Ela comentou quebrando o silêncio.

- Eu peço desculpas por não ter tentado ver e enxergar o seu lado - Respondi de imediato, aliviado por ouvir sua voz pela primeira vez em muito tempo.

Outra vez, ficamos quietos e senti o meu coração inquieto e perturbado, temos muito o que esclarecer, não posso cometer o enorme e gigantesco erro de perde-la. Respirei fundo e senti o nervosismo aumentar, a humanidade perdida retornou, mesmo que de madeira tão insignificante. Megan continuou olhando pela janela do carro, atenta a paisagem.

O seu perfume tomou conta do interior do automóvel e nublou os meus sentidos, seu corpo tenso e encolhido, como se temesse o rumo que a nossa situação seguiria, e não é a única. Escolhi o local mais bonito e calmo de Forks, a clareira fica no centro da floresta, é cheio de flores e grama verde, além de ser rodeado por árvores centenárias.

- Como você está, Megan? - Indaguei incomodado com o silêncio, a necessidade de ouvir sua voz é imensa.

- Sobrevivendo - Respondeu, soltando o ar preso nos pulmões - E você? - Indagou, tão doce e gentil, como sempre.

- Também - Afirmei, olhando de soslaio para a humana ao lado - E Sophie? - Insisti.

- Está ótima - Ela sorriu minimamente, o oposto de seus sorrisos capazes de iluminar o ambiente.

Alem do Tempo - Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora