Tudo o que Amy tinha na bagagem era esperança, depois de ser rejeitada por todos que conheceu ao longo dos seus vinte anos, ainda sofreria quando conhecesse Oliver Green, um viúvo que tinha como companhia a solidão, tristeza e a falta de esperança.
...
Abrimos a porta e vimos como se fosse altar montado, um arsenal na verdade. Tinha roupas dela, quadros, fotos dos dois junto emoldurados, e várias cartas, ele guardou tudo dela, a sensação que eu tive foi que ele guardou tudo esperando a volta dela, meu coração nesse momento chorou, ele ainda a amava e isso estava nítido em cada canto do quarto. Eu pensei que tivesse qualquer coisa escondida, mas nunca imaginei que ele a escondia nesse lugar, então olho para Kira e ela está tão chocada quanto eu estou.
— Esperei encontrar armas nesse lugar, mas nunca imaginei isso. Eu me entristeço com essa constatação.
— E agora? O que vai fazer depois de saber sobre isso? Me pergunta Kira.
— Eu quero saber tudo sobre ela e esse lugar, depois vou confrontá-lo, mas quero saber quem era Stephanie, que tipo de mulher era.
— O que sabe sobre ela Kira?
— Sei muito pouco, ele nunca gostou que falassem o nome dela, nem sobre ela, sei que Goethe a amava com se fosse uma filha, e a defendia em tudo. Mas sobre sua família, e exatamente o que aconteceu que provocou a sua morte, nunca ninguém falou sobre isso, quando aconteceu eu não estava na casa, sei que foi em uma madrugada, o filho tinha dias de nascido, e não houve velório, seu corpo foi enterrado na sua cidade natal, pelo menos foi o que Goethe falou. Mas eu também não entendo uma coisa, Oliver e Jamie tem um irmão mais velho, eu na verdade nunca o conheci, mas sei que ele foi embora e também não sei o motivo, mas nunca mais voltou, e também é tabu para essa família, ninguém fala sobre ele. Foi mais ou menos na mesma época, um pouco antes.
— Nossa! Tanto mistério! Porque a mãe, pai e irmãos, não falam sobre o filho? Eu não sei o que houve com essa família, mas para mim está tudo interligado.
— É possível Amy, eu trabalhei alguns dias na casa da mãe de Oliver, e lá tinha fotos de todos os filhos, mas depois disso, essas fotos do irmão de Oliver não se vê em canto nenhum da casa.
— É verdade, tem de só fotos de Jamie e Oliver e das crianças, mas porque a mãe ia ignorar a existência do filho assim?
— É um mistério, somente eles para responder ou Goethe, porque ela sabe de tudo, pode apostar.
Então comecei ver as fotos dela, muito linda e nas fotos Oliver parecia muito apaixonado.
Tinha muitas cartas ainda sem abrir, outras abertas, eu sei que não devemos ler correspondência alheia, mas a curiosidade me deixa inquieta e sou repreendida por Kira.
— Não vai ler essas cartas Amy, não te pertence, isso é crime.
— Está bem, algumas estão fechadas e parece bem recente.
— Será? Hoje em dia é tudo digital, não pode ser recente, e outra ela está morta.
— Tem razão Kira, mas parece recente.
— Vamos sair daqui, antes que alguém apareça e nos frague aqui, aí estaremos encrencadas.
— Está bem, vou colocar as chaves no lugar, mas eu vou voltar aqui com certeza.
Antes de sair pego uma foto dos dois junto e viro e está escrito a seguinte frase:
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" Eu jamais esquecerei você, minha decisão não tem relação com amor, é paixão, amor sempre será com você." Me perdoe, toda a vez que olhar esse foto, lembre-se eu sempre te amei. Stephanie.
— Que declaração é essa? Resmungo e Kira me pergunta e eu leio para ela.
— Estranho alguém escrever isso em uma foto!
— Sim, mas vamos sair e deixar tudo como está. Depois eu vejo por onde começar a investigar isso tudo.
Depois de deixar a chave no cofre, eu vou até a cozinha conversar com Kira, as crianças não estão em casa, e não tenho muito o que fazer.
Oliver chega da suposta viagem, não sei até onde ele está falando a verdade, antes de casarmos ele quase nunca viajava e quando acontecia era no máximo dois dias.
— Você ficou mais dias fora dessa vez. Digo o ajudando tirar o seu casaco.
— Vai começar Amy. Acabei de chegar em casa e você não cansa de me encher? Estou cheio de você, não deveria ter me casado, assim não teria tanto aborrecimento quando chegasse em casa.
— Eu só fiz uma observação, o que deu em você? Não precisa continuar casado se isso o aborrece tanto, o que está acontecendo Oliver, porque está me tratando como uma inimiga, fale comigo, eu estou te aborrecendo por conversar com você, não estou te acusando, eu quero simplesmente que me conte o seu dia. Quero saber o que mudou, pensava que estava apaixonado apesar de nunca me falar de amor. Eu estou farta de suas grosserias, estou farta de não saber o que meu marido faz nessas supostas viagens...
— Supostas viagens? E isso não é uma acusação? Você desde que nos casamos só reclama de tudo, eu tenho negócios fora do país, preciso viajar, o que pretende com tudo isso?
Eu começo a chorar, porque não sei o que pensar, será que estou sendo evasiva dessa forma? Eu tenho que ficar quieta? Isso é casamento?
— Para de chorar... vem cá, me dá um beijo, eu não queria ser grosso, mas tem que parar de me fazer perguntas, se eu achar que deve saber de alguma coisa eu vou dizer, são apenas negócios e você não entende nada sobre isso. Assim que acaba de falar, eu me viro e saio do quarto, e não dou o beijo que ele pediu. Ouvir ele dizer que está arrependido de estar casado me deixou arrasada.
As crianças chegam quase na hora do jantar e quando eles veem o pai, correm para o abraçar, mas ele friamente se esquiva dando uma desculpa qualquer deixando eles com os olhinhos suplicantes para mim, o que me corta o coração, não pode ser tão impiedoso com os filhos dessa forma, então os levo para o banho e depois descemos para o jantar, Oliver janta em silêncio e as crianças também, eu tento saber como foi o dia deles, eles respondem mas sem interação, eu penso que Oliver tem razão não devíamos ter nos casados.
Depois de por as crianças na cama, procuro Oliver ele ainda está no escritório então vou para o quarto me deitar, mas não consigo dormir, quando olho no relógio são exatamente duas horas da manhã, e ouço passos no corredor, imagino ser Oliver, mas ele não entra no quarto, então me levanto e abro a porta do quarto bem devagar e o vejo indo em direção ao quarto, então ele entra e a tranca, eu volto a me deitar. E depois de algum tempo o cansaço me vence e acabo pegando no sono. Acordo de manhã e Oliver está deitado do meu lado, então me levanto tomo um banho e ele ainda dorme, então saio do quarto preparo as crianças para escola e vou até a casa de Colin, para pode entender o que está acontecendo com ela, já que eu não consigo entender minha situação.
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