Entro na casa dos meus avós paternos e respiro fundo. O cheiro de lavanda misturado a tabaco e o barulho longe das ondas é familiar. Caminho apressado pela sala que agora percebo ter conjunto de sofás vermelhos e sigo direto para a estufa. Tirando os sofás essa casa não mudou absolutamente nada. Eu morei praticamente a vida toda aqui, apenas depois de concluir o colegial que sai de Nova Iorque para passar uma temporada na Itália com meus pais e meus avós maternos. Eu sempre achei besteira manter uma casa desse tamanho para apenas duas pessoas idosas, mas agora percebo porque meus avós nunca quiseram vender ou sair de Coney Island. Eles amam essa casa, assim como amam Nova Iorque. Ela faz parte da história deles. Apesar da praia trazer vários turistas por ano e Nova Iorque ser literalmente a cidade que nunca dorme. É aqui que eles construíram um lar.
— Vó? — chamo e logo um par de olhos verdes rodeados por rugas me encaram. Minha avó sorri e rapidamente tira a luva e larga a tesoura de jardinagem próximo ao vaso de rosas em tons azuis.
— Filho. Você veio. — seus braços rodeiam minha cintura. Apoio a cabeça em sua cabeça coberta pelo costumeiro chapéu de pano amarelo com rosas desenhadas e sorrio. Faz uma semana que voltei da viagem de verão e já passou da hora de fazer alguma coisa. Além das baladas e das mulheres, claro. — Eu avisei o Joseph. Eu tinha certeza que você voltaria. Está tão magrinho, você comeu hoje?
— Sim, eu comi. — respondo simplesmente e me afasto.
— Sua mãe me ligou. Aonde você estava? Achei que viria passar o verão aqui. — sua testa enruga.
— A intenção era essa, mas acabei encontrando alguns amigos da época do colégio e fui viajar com eles. — sorrio. — Casa do lago, sabe? Longe do miolo de Nova Iorque e seus inúmeros turistas.
— Você por acaso prefere a Itália? — seu rosto se contorce em uma careta engraçada e acabo rindo. Minha avó sabe que eu detesto a Itália, por isso sempre preferi morar aqui. Bom técnica eu não detesto a Itália em si, só meus pais que são impossíveis de conviver. Mas o que ela não sabe é que na época eu precisava dar um tempo dessa cidade e de uma certa pessoa em particular — Nem cara de italiano você tem, não sei como passou tanto tempo lá sem ser expulso.
— As italianas gostaram de mim. — digo e pisco um olho.
— E que tal as nova-iorquinas, hum? Como foi a viagem, qual o nome dela? — questiona curiosa.
— Dela quem, dona Amélia? Não tem nova-iorquina nenhuma. — bufo e sua expressão murcha. Minha avó nem faz ideia.
Eu até poderia falar da minha pequena aventura com a demônia da Kate, mas isso alimentaria suas ideias de que eu preciso de uma namorada. Eu nunca precisei e não preciso agora. Ainda mais uma nova-iorquina que tem o poder de me enlouquecer. Eu passei praticamente quatro anos tentando esquecer a Katherine e descobri que isso não resolveu porra nenhuma. Foi só olhar para ela e me peguei de novo nesse meu maldito dilema fodido.
Katherine quer romance isso é óbvio, por mais que ela própria não admita. Ela sempre quis. E eu, porra, eu não sei ser o cara romântico. Eu não me importo eu só fodo. Meu lance é boceta, não coração. E dessa vez eu não posso e não vou fugir. Eu vou resistir a tentação. Não posso nem por um minuto pensar que ela se manteve esse tempo todo virgem e ninguém nunca a tocou. Isso não tem nenhuma importância. Eu me sinto um alcoólatra que está sendo obrigado a trabalhar em um bar. É exatamente essa a sensação. Eu achei mesmo que tinha conseguido esquecê-la e olha para mim agora. Pensando nela.
— Ethan? Está me escutando? — minha avó me tira dos meus devaneios.
— Eu... humm, desculpa não entendi.
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Tentação Inesperada
RomanceTodos os direitos reservados. O LIVRO CONTÉM CENAS ERÓTICAS!!! Volume 5 da série - Inesperado. Depois de: "Gravidez Inesperada" "Atração Inesperada" "Verão Inesperado" e "Proteção Inesperada" Vamos ler o terceiro livro GERAÇÃO das nossas personage...