MATHEUS BECKHAM

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Encaro os olhos da minha irmã que refletem o mesmo desespero que imagino estar estampado nos meus próprios. Assim que ela aponta a direção eu nem escuto mais nada e corro. Os gritos da Lexi chegam até mim antes mesmo de eu entrar no galpão e isso me deixa em um novo estágio de raiva e apreensão. Tenho medo do que posso encontrar e essa é uma sensação horrível.

Abro a porta com um chute e entro.

— Tira as mãos dela, seu filho da puta! — corro na direção de ambos e em seguida jogo o maldito Patrick no chão já deferindo socos em sua cara. — Nunca mais toca nela...

Continuo batendo e descontando em seu rosto toda minha raiva que só aumenta a medida que ele resmunga xingando-a de vadia e da risada.

— Alexia! — escuto a voz do meu pai e acabo me distraindo o que dá a ele certa vantagem. Patrick soca meu supercílio me deixando zonzo e quando viro a cabeça encaro os olhos azuis aflitos da Alexia — Vai, anda Alexia. Sai daqui. — meu pai ordena e eu não consigo desviar os olhos dela. então apenas protejo-me dos socos.

— Mas... — ela pede como se quisesse vir na minha direção.

— Vai! — ele pede em tom mais duro e ela praticamente cambaleia para fora a medida que os policiais entram e correm na nossa direção para nos afastar.

Eu estou sujo com sangue escorrendo no rosto e sinto meus dedos arderem.

— Tudo bem? — meu pai questiona vindo na minha direção.

— Onde ela está? — limpo o resquício de sangue na manga da camisa social.

— Lá fora... — ele suspira avaliando meu rosto com o rosto contorcido de preocupação.

— Família maldita. — Patrick grita fazendo que o encaremos ao mesmo tempo que ele cospe sangue no ar — Bando de intrometidos de merda. Sarah era minha. Eu deveria ter matado aquela vadia... diz para a Alexia que eu vou sentir saudade do cheiro doce da pele dela...  — completa com uma gargalhada.

— Nem pense nisso. — meu pai segura meu braço quando ameaço ir novamente na sua direção. — Ele está sendo preso. Agora vai, vê se ela está bem.

Saio do galpão exasperado e procuro pela Lexi. Escuto seu choro baixinho, mas ao me aproximar percebo que ela está acompanhada. Interrompo meus passos antes de chegar até eles e nossos olhares novamente se cruzam. É  a mesma Lexi de anos atrás, e por uma fração mínima de segundo eu sinto tudo que eu tentei reprimir por anos. Estou ofegante e mesmo sabendo que tudo passou apesar do alívio eu estou com raiva. Minha vontade é colocar Alexia de bruços e lhe dar umas palmadas. Ela não devia se expor assim ao perigo.

— Alexia! — escuto tia Heloísa gritar e caminho apressado afastando-me deles. Mesmo se eu quisesse me aproximar dela eu não conseguiria e isso é uma merda.

Tio Rafael se aproxima e agradece a ajuda dizendo que Alexia está bem, mas mesmo assim tem algo que continua me deixar extremamente incomodado. Eu sair e encontrá-la abraçada a outro cara. Quem era aquele idiota cheio de dedos? Era nos meus abraços que ela deveria estar. Porra, o que eu estou pensando? Lexi com certeza está namorando, assim como eu estou.

Não me atrevo a entrar no carro com ela então recuso a carona oferecida pela tia Heloísa e ligo para minha mãe depois de chamar um táxi. Meu pai já foi para o hospital e eu preferi esperar para ver o Patrick saindo direto para a delegacia. Esse cara merece apodrecer na cadeia.

Tentação InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora