KATE

3K 304 34
                                    

— Ethan! — grito da nossa sala e ele vem correndo, mas ao se aproximar de mim com presa ele bate o dedo mindinho na beirada do sofá e praticamente uiva um palavrão. Um não. Uma centena. Comprimo os lábios quando ele me encara com bico. — O que você acha de verde esmeralda?

Viro o notebook que está no meu colo para o seu campo de visão.

— Porra! — ele resmunga de novo e se senta — Amor, vou pedir de novo. Não grita como se estivesse prestes a parir, quando for me mostrar pela milésima vez decoração do casamento dos outros. — Ethan bufa com uma carranca.

— Ethan, eu estou de quatro meses, pode ter certeza que parir não é algo que eu vá fazer nesse momento. — eu luto para manter meu olhar de indignação. — Estou escolhendo a cor para o nosso casamento. O que você acha?

— Verde ótimo. — ele resmunga mal olhando para a tela.

— Você disse isso do azul serenity, do marsala, do dourado, do rose, e até quando eu sugeri coral. — eu acuso e ele respira fundo. — Custa me dar uma sugestão pensada? Você nem olhou direito.

— Tudo bem. Deixa eu pensar... já sei! Porque você não faz todas as cores misturadas. Assim vai ter um pouco de tudo. — ele sugere sorrindo.

— Você está falando sério? — eu murmuro descrente.

— Sim. — ele diz e pela expressão que faz é realmente sério — Escuta, pensa só? Você estava preocupada com a cor do vestidos das damas ou sei lá... — não, isso não é sério. Eu gemo de frustração e ele continua — Desse jeito cada uma vai com uma cor.

Ele completa sério e eu realmente quero levá-lo a sério, mas ele começa falar sem parar enquanto eu sofro para sufocar o riso que ameaça borbulhar.

— Amor, eu não posso misturar todas essas cores. — eu me esforço para manter a cara séria.

— Porque não? — ele enruga as sobrancelhas — Faz um tema arco-íris. — acrescenta e eu deixo escapar uma gargalhada — Caramba, Kate! Eu não respondo mais nada. — ele me repreende e levanta.

— Desse jeito não dá, Ethan. Você vai ser demitido do cargo de meu assistente. — eu digo em meio aos risos.

— Eu nem queria para início de conversa. — ele bufa. — Você me obrigou.

Eu e Ethan já estamos morando juntos e nossa casa graças a Deus está toda mobiliada e do jeitinho que imaginamos. Para comemorar fizemos um jantar de noivado e toda a família veio. Até mesmo Nathan e Alícia, tia Dak e tio Dylan. Foi um bagunça completa e não faltou apostas quanto aos bebês da Sarah e da Alícia.  Estamos ansiosos e na contagem regressiva para ver quem vai nascer primeiro. Com tudo isso e a viagem dos avós do Ethan e as festas de final de ano se aproximando nosso casamento foi adiado para janeiro.

— Ethan vamos nos casar no final de janeiro eu estou atrasada, sabia? — eu volto a pesquisar.

— Se você quiser a gente casa amanhã no jardim... seu irmão fez isso e foi muito legal. Nós transamos todas as noites e você está grávida, qual a necessidade de uma cerimônia grande?

— Sai daqui. — eu jogo nele uma almofada e me levanto. Sim, pelo meu digníssimo noivo nós já estaríamos casados, mas eu me recuso a casar sem fazer uma cerimônia digna. Foda-se se eu estou grávida e nós moramos juntos. Se eu quiser uma festa eu vou fazer e pronto. — Quer saber, a partir de hoje até estarmos casados você não vai transar mais comigo.

— Vou poder com outra pessoa? — ele murmura e eu viro na sua direção vagarosamente. — Nem pensa em jogar o notebook em mim! É brincadeira! — ele da risada e eu mostro o dedo do meio subindo para o quarto.

Se Ethan pensa que eu estou brincando ele vai se dar muito mal. Eu não vou mais dormir com ele. Bom, tecnicamente eu vou, mas apenas dormir se é que dá para entender. Eu realmente queria me casar esse ano, mas como eu e Ethan nos ocupamos muito em mobiliar a casa inteira e ainda planejar o quarto do nosso bebê já chegamos em dezembro e o casamento foi sucessivamente deixado para depois. E mesmo com praticamente quatro meses e alguns dias eu ainda não sei se o bebê é menina ou menino. Em nossas consultas ele está sempre com as pernas fechadas e eu decidi esperar pelo tempo dele. Ethan ainda insistiu que eu fizesse um exame mais detalhado, mas depois simplesmente desistiu dizendo já saber que é uma menina. O que nos rendeu uma aposta. Eu não tenho preferência, sim sempre que eu imagino eu penso em um menino. Não sei se isso se enquadra como preferência, mas veremos se é menina ou menino.

Ethan entra no quarto quando eu coloco o notebook no criado mudo ao meu lado. Ele olha na minha direção e eu vejo os traços de um sorriso atravessar seus lábios.

— Oi. — ele diz, com a voz suave.

— Oi... — eu sussurro, lutando para manter minha vontade de sorrir sob controle. Me arrependo de estar apenas com uma camiseta e calcinha. Eu devia ter colocado umas duas calças de moletom e se possível um cadeado.

Ethan tira a camisa expondo seu físico perfeitamente esculpido e chamativo para meus meros olhos mortais me eu respiro fundo quando ele faz o mesmo com a calça de moletom e se enfia embaixo do edredom ao meu lado apenas com a boxer. Finjo um bocejo. E ele da risada. Filho da puta!

— Tudo bem? — ele murmura, e estende o braço tocando a ponta dos dedos na minha bochecha.

— Tudo muito bem. — eu deito e antes que eu perceba ele está deitado com os braços em volta de mim e o nariz enfiado no meu cabelo.

Merda. Pele com pele é muito para minha sanidade mental.

— Estou ficando excitado. — ele respira e eu reprimo a vontade de gemer e me mexer contra a sua ereção que começa ganhar vida em contato com meu traseiro.

— Eu estou com sono, então se puder me deixar dormir. — peço em um fio de voz e ainda assim ele não se afasta.

— Me da um beijo e eu prometo que vou dormir. — sugere enfiando a mão embaixo da minha camisa e encontrando um dos meus seios que já estão túrgidos em pura expectativa.

— Eu não vou transar com você. — resmungo em uma lamúria e viro-me na sua direção e ele sorri. Um sorriso deslumbrante e  cheios de dentes e eu me recuso a sorri com ele. Eu não vou transar. Não vou. E não vou. Pelo menos eu conto com isso.

— Se eu te comer essa noite, você vai desistir do casamento e vamos fazer uma cerimônia simples. — ele completa me encarando, os olhos brilhando com humor.

— Essa noite? — eu repito — Você não vai nem essa, nem nas próximas. — digo me sentindo corajosa demais. É uma promessa da qual eu não tenho certeza se vou conseguir cumprir ou não tinha pelo menos até ele falar a única coisa que não deveria.

— Veremos.

— Pode sair. — pulo da cama quando ele tenta me tocar.

— Kate para de besteira. — ele pede dando risada.

— Eu vou dormir no quarto de hóspedes. — pego meu travesseiro — Tenha uma boa noite.

Saio do quarto apressada e sob seus protestos. Nem que eu precise passar cola nas minhas pernas eu não vou dormir com meu noivo até estarmos devidamente casados.

Tentação InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora