BIANCA

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Encaro a mensagem da minha mãe na tela do meu celular e faço uma careta. Assim que bloqueio o celular ela liga. Sei que provavelmente se eu não atender ela vai ligar de novo.

— O que? — resmungo colocando o celular no ouvido.

Já passou um mês Bianca! Você ficou seis meses na Itália e não voltou para casa! O que pretende? — minha mãe grita do outro lado da linha me fazendo afastar o celular do ouvido. — Acha que eu estou brincando?

— Mãe... eu não quero voltar para casa.

Não temos mais como bancar seus luxos, minha filha. Volta para casa Bianca. Você pode nos ajudar na loja...

— Eu me recuso trabalhar nessa loja.

Foi essa loja que bancou você sua vida inteira. E saiba que eu vou te mandar mais nenhum centavo. Quero ver se seus avós vão te dar dinheiro para ir a baladas ou melhor, quero ver como vai fazer quando enjoar de ficar com eles e quiser viajar...

Mãe, por favor... não faz isso. — peço apertando o celular no ouvido.

Você está por sua conta, agora. — ela desliga e eu sinto a raiva borbulhar nas minhas veias.

Não acredito que minha mãe realmente decidiu não bancar mais nenhuma das minhas viagens e pior, me quer em casa para arrumar um serviço na Flórida ou trabalhar em algum departamento na loja da família. Eu consegui me afastar por praticamente seis meses, mas agora meu dinheiro acabou. Inferno. Eu nunca vou me tornar uma vendedora ou sei lá, uma secretária como aquela Katherine imbecil. Totalmente fora de cogitação eu passar um minuto sequer da minha vida atrás de um balcão ou de uma mesa furreca de escritório.

Minha única opção foi voltar para Coney Island. Era isso ou voltar para casa. Ethan é meu passaporte. Minha mãe sempre citou a vinheta dos Cooper e pelo tempo que passei na Itália eu mesma consegui ver qual a proporção do patrimônio da família. E talvez tudo já estivesse certo se não fosse a intromissão daquela vagabunda. Eu preciso dar um jeito de conseguir a atenção do Ethan. Talvez uma gravidez imaginária me ajude a ganhar tempo. Afinal, nós não chegamos realmente a transar. Mesmo eu chupando-o naquele dia com a maestria de uma profissional do sexo Ethan estava bêbado demais para manter-se acordado e principalmente com uma ereção. E claro, fui muito esperta ao ficar nua e fingir que tivemos uma noite juntos o que de certa forma já me valeu pois ele acreditou

Fingir ter engravidado do Ethan será a minha salvação, já que quando eu consegui finalmente que ele abrisse a maldita porta do apartamento há algumas semanas ele estava com aquela mulherzinha mais uma vez e agora só anda atrás dela. Eu achei mesmo que depois de tudo que eu falei ou depois das fotos que eu fiz questão de enviar ela iria desistir, mas não foi o que aconteceu aparentemente.

•••

Seguro o teste de gravidez mesmo ciente de que não estou grávida e coloco a embalagem em cima da bancada do banheiro sabendo que minha avó irá encontrá-la.

Hoje já completou quatro semanas que transamos, eu já posso dizer que engravidei. Ethan será obrigado a me manter em sua vida ou quem sabe até mesmo casar comigo. Depois eu posso fingir um aborto ou sei lá. O importante é tirar aquela mulher do meu caminho.

Desço para o andar de baixo e entro na cozinha minha avó está de costas mexendo em uma panela. Como todo domingo ela costuma acordar cedo para cuidar das plantas.

— Você chegou cedo ontem, onde estava? — ela questiona.

— Eu fui até o apartamento do Ethan. — sento no balcão e apoio os braços na bancada. — Ele não estava lá.

Tentação InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora