KATE

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Subo as escadas apressada e sento-me na minha cadeira apoiando os cotovelos na mesa. Essa Bianca é insuportável. Céus. Eu estava tão bem até ser obrigada a encontrá-la. Mulherzinha mais nojenta. Ela nem me conhece, mas pelo jeito prefere me tratar como inimiga. Azar o dela. Levanto e dou umas batidinhas na porta do senhor Joseph para avisa-lo que cheguei.

— Gente eu não tinha reparado.. — Colin fala assim que fecho a porta. — Isso no seu pé é um Christian Louboutin? — ele arregalados olhos olhando para o meu sapato com admiração.

— Legítimo. — ergo o pé e dou uma balançadinha no ar antes de voltar para a minha mesa.

— Hoje você se superou... Kat. Amei o look secretária sexy e elegante. — ele fala sentando a minha frente. — Deixou os boys agitados lá embaixo.

— Colin, posso te perguntar uma coisa? —mordo meu lábio inferior meio sem jeito — Mas não quero que se ofenda e assim.. caso você não queria responder eu vou super entender e...

— Eu sou gay. — ele me interrompe.

— Eu sabia! — praticamente grito e Colin indica minhas costas pedindo silêncio. Viro-me na direção do seu olhar e percebo que tem uma pequena plateia no andar de baixo olhando para nós através da parede de vidro. — Desculpe.  — volto a me endireitar na cadeira.

— Como você descobriu? — ele questiona.

— Nós passamos a manhã toda juntos e em nenhum momento peguei você olhando para minha bunda ou meu decote. — dou de ombros — E sinceramente, você foi o único mecânico aqui a notar que eu estou calçando um Louboutin. 

— O que que rola entre você e o neto gato do senhor Joseph? — ele pergunta mudando de assunto e pegando uma das minhas canetas coloridas em cima da mesa.

— Nada. — dou de ombros quando ele me encara erguendo uma sobrancelha — Ainda.. — completo e pisco um olho fazendo-o dar uma gargalhada.

— Entendi sua pimentinha. — completa me encarando.

— Sabe eu estou tão feliz por ter um novo amigo gay, que até deixo você me chamar assim.. — sorrio.

— Se você não deixasse eu chamaria do mesmo jeito, querida. — ele bufa e a sensação que tenho é que nos conhecemos há anos.

— Eu não acredito que você é gay, isso é tão legal. — bato palmas animada e novamente ele me pede silêncio. — Qual o problema? — questiono abaixando o tom da minha voz.

— O problema é que estamos no meu local de trabalho, mulher. Ser mecânico não era bem meu objetivo de vida Kate, meu pai meio que me obrigou. Ele acreditava que me fazer estudar mecânica e trabalhar em um ambiente totalmente masculino fosse me tornar menos delicado e esses tipos de coisas... — ele revira os olhos — Eu só não quero correr o risco dos meus colegas de trabalho descobrirem. Sei lá, não quero que eles se sintam constrangidos perto de mim e me tratem diferente.

— Isso é bobagem. Você mesmo está sendo preconceituoso com sua opção sexual, mas Colin você não precisa passar por isso, sabe... Você é jovem, ainda tem tempo de trabalhar com o que você ama. — aconselho.

— Depois de um tempo acho que acabei aceitando e eu não sai do armário para minha família ainda, Kate. É... complicado. Tenho medo da reação do meu pai, então prefiro concertar motores e automaticamente gastar mais com manicure já que odeio ficar com as unhas cheia de graxa. — faz uma careta e dou risada.

— Você nunca vai descobrir a reação dele se não contar. — falo. — Eu acho que é melhor se arrepender de ter feito, que se arrepender de nem ter tentado. Se der algum problema você pode me ligar e vamos juntos a manicure fofocar e distrair a mente. — pisco um olho.

Tentação InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora