2. A festa

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Quando cheguei na minha casa novamente, minhas bochechas estavam rosadas de rubor. Matheus já tinha ido pra casa dele.
_Filha quem chegou lá?_ Pede minha mãe.
_Ah o Lucas, mãe. Enfim conheci o rapaz. Ele pediu pra avisar que segunda ele aparece pra cuidar do pedido do seu Jaime. _ Digo olhando pra minha irmã.
_Enfim conheceu? _ Diz minha mãe. _ Acho que o seu cérebro não anda muito bem. Ele vinha muito aqui brincar com você e sua irmã quando eram crianças.
_Agora sei o motivo de eles falarem desse tal de Lucas._ Digo. _ E eles têm razão, ele é lindo mãe!
_Tome jeito Ayla! Ele é um rapaz muito bom. _ E sai pra varanda.
_Helena ele é um Deus. _ Digo.
_ Um Deus que te viu vestida de pijama de ursinho e sem sutiã, pelo visto. _ Diz minha irmã.
_ Nem me fale. Queria cavar um buraco._ Começo a rir, pensando na cena. _ Mas ele foi gentil, me ajudou com todas as caixas. E depois ficou sem camisa na minha frente, e chegou bem perto de mim quando foi colocar o copo no balcão da cozinha. Eu senti um calorão, e não conseguia disfarçar ao olhar pra ele. Ele deve ter percebido, óbvio e fez aquilo de propósito. Você acha que eu to cismada com isso?
_Pode ter feito. Pode ser o jeito dele. _ Retrata minha irmã._ Mas nunca ouvi dizer que ele é o tipo de conquistador barato que vemos por aí, era galinhão na escola, mas depois só ouvi mamãe se gabar dele.
_ O quê? Você já ouviu falar dele? e porquê não me contou quando te perguntei._ Arrisco incrédula.
_Ah.. sei lá achei que isso não fosse tão importante pra você, eu estudava com ele, o via todo dia, então pra mim ele era normal, sei lá.
Minha irmã estava certa. Por qual motivo, esse interesse repentino nesse menino? Ele nem do bem é, detonou com metade dos meus brinquedos quando éramos pequenos. Me peguei rindo, lembrando da cena. E me veio a frase dele na memória _" talvez você não lembre de mim, mas eu me lembro de você".
Bom acordei do devaneio com o gostoso, e fui ajudar meu pai com a grama. O resto da tarde passou voando. Entrei em casa e fui direto pro banho, coloquei minha roupa de mendiga e me joguei no sofá pra ver um filme. Resolvi pesquisar sobre o gostoso nas redes sociais. Em cada foto que eu abria ele parecia mais gato, fotos sem camisa, fotos na praia, fotos em festas, ele parecia ser reservado, mas baladeiro. Se é que pode existir alguém com esse tipo de qualidade, mas era o que ele passava nas fotos. Pelo menos não tinha nenhuma foto com garota, salvo apenas em grupos. Isso já me animou um pouco. Curti uma foto sem querer, e descurti novamente. Inferno, eu sou um desastre. Ele vai perceber.
Matheus já estava de volta, vi seu carro parando ao lado da casa. Helena desce a escada magnificamente linda, como sempre.
_ Ayla, francamente! O que você ainda está fazendo vestida assim? _ Pergunta Helena.
_O que tem? _Pergunto.
_Vamos a uma festa! Não te falei? Anda depressa senão vamos nos atrasar._ Conclui Helena naquela forma autoritária de falar.
_Ah não, eu não quero sair. _ Respondo de mau gosto fechando a cara.
_Ahhhh eu passo dois anos longe, quando chego, quero sair com você e você quer só ficar enfiada dentro de casa?
_ Você sabe o motivo._ Respondo. _ Eu não quero correr o risco de esbarrar com Yan numa festa.
_Mas você estará comigo e com o Matheus. _Quase implora. _Anda logo, vamos!
_ Ok, ok. Vou me arrumar. _ Cedo aos seus caprichos.
Yan era o cara mais babaca do mundo.
Estive com ele por uns meses, perdi minha virgindade, num sexo ruim. E por falar nisso, era péssimo, sem carinho, só vontades dele e pronto. Só ele ficava satisfeito.
Ele nunca vinha na minha casa. Das vezes que veio, me deixava no portão, não entrava uma vez sequer. E só vinha pois eu implorava muito pra ele me trazer em casa, depois da faculdade e de algumas idas ao Motel. Eu sabia que merecia mais, pois cá entre nós, mulheres sabem disso, só não admitem. E demorou até eu admitir.
Só admiti depois de receber um vídeo dele trepando com uma loira que trabalhava na lanchonete do shopping no primeiro piso e mais duas meninas nuas, numa lancha. Uma trepada horrível, que qualquer ator pornô de quinta faria melhor. Ele era ruim em tudo, e principalmente na cama.
Ficava imaginando aquele menino de máscaras do casamento e fantasiando que Yan ia ser o meu príncipe. Mas não.
Ai eu desencantei de vez. E pra piorar, quando desencantei o cara endoidou. Não saia do meu pé veio durante semanas ininterruptas, no nosso portão e ficava restante da madrugada buzinando lá. Até que meu pai chamou a polícia, pois não dava mais de agüentar.
Até aí tudo certo. Mas ele começou agir estranho, violento. Me perseguia nos bares, festas, e até no final da minha aula ficava na penumbra esperando momento em que eu ficava sozinha esperando ônibus pra tentar me convencer a entrar no carro dele.
Umas colegas achavam aquilo " fofinho". Mas eu confesso que estava começando a me preocupar. Até o dia em que literalmente ele me apontou uma arma. Desisti do penúltimo semestre da faculdade por conta disso. E quando ele me visse com alguém? Por que raios os homens têm que dificultar tudo, Porque tem que agir assim como se fosse dono de alguém?
Eu fico incrédula me perguntando isso. Na época, uns três meses antes, quando descobri a traição por vídeo, sofri. Mas em menos de uma semana estava bem, e jurei que só me envolveria de fato com caras que tivessem mais a me oferecer. Do contrário permaneceria sozinha.
Acordei do meu passado, para escolher uma roupa. Sequei meu cabelo, fiz uma maquiagem bonita, coloquei um vestido midi preto, com uma fenda e alguns locais de transparência pela cintura, fechado na frente e uma imensa abertura nas costas, e pra acompanhar um salto também preto.
_ Nossa vai de urubu na balada? _Pergunta minha mãe. _ Brincadeira, você fica bonita neste vestido. Ele era meu né?
_Sim Mãe, é nosso rsrsrs. _ Respondo.
_Robert, sua filha lembra a mim quando tinha 20 anos.
_ Lembra. _ responde meu pai. _ Mas com mais juízo.
Rimos. Meus pais nem pareciam ser um casal, eram discretos e muito amigos. Não havia segredo entre os dois, as brigas deles eram por negócios e nunca relacionamento. Nunca dormiram emburrados um com outro. Eu achava aquilo fantástico. Cada um tinha a sua vida, e colocava tempero naquilo que faltava ao outro.
_Podemos ir Helena!_ convido.
No caminho lembro que esqueci minha bolsa, com celular e dinheiro.
_Ahh nem esquenta, Matheus locou um Backstage para nós com open bar.
_ É hoje Santo Deus_ Começo a rir.

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